08/10/1970
A
VIOLÊNCIA E O REINO DOS CÉUS
P -
Anotamos, no ponto em exame, estas palavras do Mestre: "Desde os dias de
João até ao presente, o Reino de Deus sofre violência, e os violentos o
arrebatam". Que sentido dá o Espírito da Verdade a essas palavras
profundas?
R - Esta
afirmação do Mestre encerrava uma figura, destinada a fazer sentir os judeus
que OS QUE PRETENDIAM SER OS ÚNICOS A ALCANÇAR O REINO DE DEUS ERAM INCAPAZES
DE ENTRAR NELE.
Tais
palavras, repetimos, foram empregadas figuradamente, porquanto o Espírito
culpado jamais gozou, nem gozará jamais, da felicidade celeste, ENQUANTO
NÃO SE HOUVER TRANSFORMADO, VENCENDO O MAL COM O BEM.
E
"os violentos o arrebatam", acrescentava Jesus, porque os escribas e
os fariseus entendiam que só eles alcançavam a Paz do Senhor, PRATICANDO OSTENSIVAMENTE
A LEI QUE VIOLAVAM COM O CORAÇÃO. Alardeando a posse de todas as graças de
Deus, com requintes de hipocrisia, não arrebatavam eles, AOS OLHOS DA MULTIDÃO
IGNORANTE, a morada eterna?
Na
verdade, AOS OLHOS DE DEUS, não havia da parte deles nenhum esforço, nenhuma
tentativa, nenhum merecimento para tamanha pretensão, eram o que são os
inquisidores de todos os tempos supostos herdeiros do Cristo e do Cristianismo.
Eram o que são os vossos "filósofos", os vossos "espíritos
fortes", os vossos "crentes" que interiormente em nada creem.
CEGAVAM A MASSA POPULAR, CHAMAVAM A SI AS HORAS E OS PROVEITOS, E AINDA
USURPAVAM, À VISTA DAQUELES POBRES CEGOS, A FELICIDADE E A PAZ DO CÉU.
Mas
continua Jesus: "Pois, até João, todos os profetas e a lei profetizaram".
E ninguém escutou as profecias; ninguém procurou, verdadeiramente, conquistar a
morada celeste, MAS TODOS (PELO PENSAMENTO) A USURPARAM. O "Elias tem de
vir" realmente veio: João, o Batista.
Os
publicanos constituíam a classe dos empregados subalternos que, obedecendo aos
chefes da Sinagoga, arrecadavam os impostos; desempenhavam, portanto, funções
que sempre despertavam a animosidade popular. Eram como os mais humildes:
receberam com o povo a palavra de João e, por consequência, o batismo da penitência. MAS
OS FARISEUS ERAM OS SECTÁRIOS ORGULHOSOS, QUE CUMPRIAM AS MAIS DIFÍCEIS
PRESCRIÇÕES DE MOISÉS COM O FIM EXCLUSIVO DE DEMONSTRAR A SUA PERMANÊNCIA, E,
NA SUA "SUPERIORIDADE", IGNORAVAM QUE JOÃO ERA O PRÓPRIO MOISÉS
REENCARNADO, PARA CONTINUAR SUA MISSÃO.
Os
doutores da lei eram os que preparavam e punham sobre os ombros de seus irmãos
- como advertiu Jesus - os fardos que eles mesmos não ousariam tocar com o
dedo. Os escribas e os fariseus, acastelados no seu orgulho, rejeitaram a
palavra e o batismo de João, repelindo os desígnios de Deus para com eles
próprios, desprezando a ocasião de entrarem no Reino do Céu: o batismo era um
emblema ou um símbolo, mas a palavra de João era o meio. Daí a sentença do
Redentor: "A lei e os profetas duraram até João; a partir de então, o
Reino de Deus é pregado aos homens e cada um lhe faz violência".
Violência
inútil já o sabeis; cada um lhe faz violência (linguagem figurada) no sentido
de que NINGUÉM SE APLICA A FAZER O QUE DEVE PARA ALCANÇÁ-LO, COMO AQUELES DE
QUEM QUEM JESUS FALAVA, AINDA EM VOSSOS DIAS CADA UM DELES TRABALHA POR CRIAR
PARA SI MESMO O REINO DA TERRA E FORÇAR O REINO DO CÉU, ISTO É, FAZ DA
HIPOCRISIA OU DO ANÁTEMA UM MEIO DE CONQUISTÁ-LO, MAS NENHUM PROCURA PENETRAR
NELE PARA LÁ SE MANTER, DENTRO DA LEI DIVINA.
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