segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

20/06/1970
OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE

P - Os ensinos dos homens sempre nos deixam confusos, porque eles se contradizem de todos os modos imagináveis. Por isso mesmo, o CEU da LBV chegou na hora certa, para nos aclarar o entendimento espiritual. Como o Espírito da Verdade analisa o "olho por olho, dente por dente" face ao Novo Mandamento de Jesus?

R - Vejamos estas passagens do Evangelho: Mateus, V: 38-42 e Lucas, VI: 29-30.

         Mateus: 38 - Sabeis que foi dito aos antigos: "Olho por olho, dente 
         por dente".     39 - Eu, porém, vos digo: não resistais ao que é mau; 
         se alguém vos bater na face direita, apresentai-lhe a outra;       40 - 
         àquele que quiser tomar a vossa túnica entregai, também, a vossa 
         capa.      41 - Se alguém vos forçar a caminhar mil passos, marchai 
         com ele dois mil. 42 - Daí a quem vos pedir e não recuseis emprés-
         timo a quem o solicitar. 

         Lucas: 29 - Se alguém te bater numa face, apresenta-lhe a outra; 

         se alguém quiser tua capa, dá-lhe também a túnica. 30 - Dá a to-
         do aquele que te pedir, e não reclames contra o que levar os teus 
         bens.

O sentido destas palavras, encaradas segundo o espírito, jamais segundo a letra, se torna claro desde que, de um lado, nos reportemos à ÉPOCA EM QUE JESUS DESEMPENHAVA SUA MISSÃO E TENHAMOS EM CONTA OS HOMENS A QUEM FALAVA; e, de outro lado, consideremos o objetivo daquela missão, de amor e caridade - objetivo que consistia na implantação do Novo Mandamento. O Mestre teria de espalhar, como espalhou, doutrinando e exemplificando, as sementes que haviam de frutificar para o futuro. 

O preceitos da lei antiga ERAM DE MOLDE A ATEMORIZAR OS HOMENS QUE SÓ PODIAM SER GOVERNADOS PELO TEMOR; HOMENS CUJA NATUREZA, VIOLENTA E CRUEL, NÃO ENTENDIA UMA LEI DE AMOR E DOÇURA. O próprio Deus, através do Pentateuco,  falava de um povo "de dura cerviz". Para que Moisés fizesse respeitar os direitos individuais, preciso foi que os convencesse de que, COMO CASTIGO, SOFRERIA TANTO OU MAIS DO QUE FIZERA SOFRER.

Jesus teve, portanto, de combater o extremo com o extremo, o exagero do mal com  o exagero do Bem: daí resultaria, com o tempo, o necessário equilíbrio às relações humanas. Na realidade, a Lei do Cristo punha em relevo o amor, a paciência, a abnegação que todo homem devia confessar, não só para com seus parentes ou amigos, mas até mesmo para com os que lhe queriam mal e procuravam prejudicá-lo. Não podia o Mestre falar, com a clareza necessária, sobre a Lei de Causa e Efeito; a reencarnação, por sua vez, era apenas (para aqueles ignorantes) um privilégio dos grandes emissários de Deus. 

Os recursos eram aquelas palavras que - através dos séculos - deram motivo a tantas explorações dos ateus e livres-pensadores: para eles, Jesus pregava a covardia, o desfibramento, a insensibilidade moral; estimulava o crime e ainda recompensava o criminoso! Vós, entretanto, compreendeis por que o Cristo opôs o AMAI-VOS à truculência humana do "olho por olho, dente por dente".

Meditemos: "Sabeis que foi dito aos antigos: "olho por olho, dente por dente". Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal que vos queiram fazer", isto é, o homem deve, antes de se revoltar contra a injúria, lançar mão de todos os meios possíveis para atrair a si aquele que o injuria; deve, mesmo, por de parte todo o orgulho e humilhar-se, se preciso for, para salvar aquele que se transviou; não deve, NUNCA, fazer justiça pelas próprias mãos, PORQUE A DEUS PERTENCE JULGAR e a cada um será dado de acordo com suas obras. Ninguém transgride, impunimente, as Leis Divinas que regem o vosso mundo e todos os mundos do Universo. Mas, ainda hoje, muitos espiritualistas não aceitam a Doutrina do Mestre, porque o orgulho e o egoísmo se revoltam contra ela! 

Quanto as leis humanas, que controlam vossos passos, embora imperfeitas (espiritualmente falando), são necessárias à maturação da vossa segurança. Acatai todas essas leis, porque tudo é apropriado aos tempos e às inteligências. Deixai que tais leis sejam executadas, quando tiverdes inutilmente empregado os meios, que a caridade vos faculta, diante daqueles que vos caluniam, prejudicando os vossos justos interesses.

Meditamos um pouco mais: "Aquele que quiser tomar a vossa túnica entregai, também, a vossa capa; se alguém quiser tua capa, dai-lhe também a túnica".  Nestas palavras, Jesus mostra aos homens que A BOA VONTADE, DEMONSTRADA A UM IRMÃO CULPADO, PODE SERVIR PARA A SUA CORREÇÃO. Ninguém pensará, certamente, que Jesus tenha pretendido animar o roubo ou a violência, prescrevendo que o homem ceda a este ou aquele, perdoando todas as extorsões. Bem sabeis que, para atingir inteligências obtusas, foi preciso falar assim: Jesus teve de figurar tais exemplos de amor e de abnegação para que, procurando seguir-lhe os preceitos, ainda que de longe, os que o ouviam enveredassem pelo caminho do Bem.

Bastante compreensível, também, deve ser o sentido destas palavras: "Se alguém vos forçar a caminhar mil passos, marchai com ele dois mil". Significa: sendo-vos possível, não recuseis nunca atender a um apelo de vosso irmão. Ao contrário: adiantai-vos e ultrapassai, cativando-o, os limites por ele próprio traçados à vossa BOA VONTADE. Não vos contenteis com o serviço prestado: tratai de ver se por detrás do apelo, não há uma necessidade maior. Examinai a situação do vosso próximo e prestai-lhe OS FAVORES QUE GOSTARÍEIS DE RECEBER, SE ESTIVÉSSEIS NO SEU LUGAR. 

Não menos compreensível deve ser o sentido caridoso, moral e materialmente falando, destas outras palavras do Cristo: "Dai a quem vos pedir e não recuseis empréstimos a quem solicitar". Jamais negueis a esmola da vossa bolsa, da vossa inteligência ou do vosso coração, na medida de vossas possibilidades. Não penseis em despojar os que tenham obtido de vós alguma coisa, ainda que hajam usado de meios vergonhosos, mesmo da violência. Tratai, pelo contrário, de fazer com que redunde em proveito de quem o tirou aquilo que vos foi tirado: a Lei restitui a cada um, que age assim, O QUE LHE PERTENCE POR DIREITO DIVINO. Mas não alenteis o vício: trabalhai por desviar dele o vosso irmão, usando os remédios do Cristo Eterno.

No estado atual da sociedade humana, inegáveis são - a necessidade e o dever da resistência (pelos meios que as leis e a justiça prescrevem) à injustiça, ao ultraje, à espoliação, a fim de impedir que o próximo, por atos delituosos ou criminosos, pratique o mal, sucumbindo nas suas provas, ou para trazer um irmão, que deste modo transgride a Lei, à condição de não mais falir, futuramente,  DA PARTE DOS HOMENS, PORÉM, A PENA E O CASTIGO DEVEM TER POR FIM (COM O TÊM NA PARTE DE DEUS) A MELHORIA MORAL DO CULPADO E SEU PROGRESSO.

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