17/03/1970
CÂNTICO DE SIMEÃO
P - A restauração da Verdade, nos Quatro Evangelhos de Jesus, é a obra mais importante do mundo, para a unificação de todos os cristãos. Qual a explicação do CEU da LBV, para os versículos 25 a 35, capítulo segundo, do Evangelho de Jesus segundo São Lucas?
R - Eis a passagem evangélica:
25 - Havia em Jerusalém um homem justo e temente a Deus, cha-
mado Simeão que vivia à espera da consolação de Israel, e o Es-
pírito Santo estava nele. 26 - Pelo Espírito Santo lhe fora revela-
do que não morreria antes de ter visto o Ungido do Senhor. 27 -
Impelido pelo Espírito, foi ao templo e, como os pais do menino
Jesus o tivessem levado lá, a fim de o submeterem ao que a lei
ordenava. 28 - Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, di-
zendo: 29 - "Agora, Senhor, deixas partir o teu servo em paz, se-
gundo a tua palavra, 30 - pois meus olhos viram o Salvador que
nos dás, 31 - e que fizeste surgir à vista de todos os povos, 32 -
como luz a ser mostrada às nações e para glória de Israel, teu po-
vo". 33 - O pai e a mãe de Jesus se admiravam das coisas que e-
ram ditas de seu filho. 34 - Simeão os abençoou e disse à Virgem
Maria: - "Este menino vem para ruína e ressurreição de muitos
em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens".
35 - E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim
de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam
descobertos.
Simeão, homem justo e temente a Deus, vivia a espera do Cristo predito e prometido. Estas expressões: "O Espírito Santo estava nele" - "pelo Espírito Santo lhe fora revelado" - "impelido pelo Espírito", eram, como sabeis, típicas do linguajar hebraico. Já o explicamos: para os judeus, tudo o que resultava de uma inspiração e que eles não compreendiam, era feito pelo Espírito Santo. Quer dizer: o ponto de vista em se achavam era o Espírito do próprio Deus a animar e inspirar os homens. Simeão recebeu do seu Anjo da Guarda a inspiração (é o que, a vossa linguagem humana, chamais de pressentimento) de que não morreria antes de ver o Cristo de Deus. Por efeito dessa inspiração houve, de sua parte, intuição e convicção.
Daí ser impelido a ir ao templo, onde - esclarecido pela mesma inspiração - tomou nos braços o "menino Jesus" e logo o proclamou o Salvador esperado, pronunciando as palavras do cântico. E, porventura, não se cumpriram as palavras proféticas do inspirado Simeão? Jesus não foi exposto no Gólgata para aquele tempo e para o futuro, até ao fim dos séculos à contemplação de todos os povos, como a luz que havia de iluminar e ilumina todas as nações? Não foi exposto pelos Apóstolos e discípulos à contemplação de todas as gentes até aos vossos dias? Não vai ser ainda, e cada vez mais, pelo Espírito da Verdade, até que o Cristo reine sobre todos?
Estas outras palavras de Simeão, falando a Jesus: "Como luz a ser mostrada às nações e para a glória de Israel" - se referem, no seu sentido oculto, em espírito e verdade, à satisfação imensa que experimentará o povo de Moisés por ter sido escolhido pelo seu monoteísmo - para receber esse penhor de redenção. Porque, desde então, Israel significa toda Humanidade. O cântico se aplica aos séculos vindouros, não só à época em que Simeão falava: aplica-se, também, à vossa época, ao ciclo apocalíptico final. Quando a luz do Cristo se houver espalhado por toda a terra, os judeus se lembrarão de Moisés e das palavras de Simeão, felizes por terem sido o primeiro facho de onde ela se espargiu. Embora, a princípio, tenham colocado a luz de baixo do alqueire, nem por isso será neles menos vivo o SENTIMENTO DA GRATIDÃO. Essa hora está próxima, basta apenas aguardá-la.
As últimas palavras do cântico: "Este menino vem para a ruína e ressurreição de muitos em Israel, e também para ser alvo da contradição dos homens", representam no seu sentido oculto, também em espírito e verdade, previsão das querelas religiosas quanto a Jesus, sua origem e sua natureza; quanto ao seu aparecimento e à sua passagem pela Terra; quanto à sua posição com referência a Deus, ao vosso planeta e à Humanidade terrestre; quanto aos seus poderes e à sua autoridade espiritual. Aludem, sobretudo, à oposição feroz que as "figuras notáveis" de Israel moveram contra a Doutrina do Mestre. Na verdade, tais querelas continuaram pelos tempos adiante, e ainda se fazem sentir nos vossos dias. Ora, para aqueles "notáveis" de então, Jesus foi, realmente CAUSA DE RUÍNA porque eles tiveram de expiar, em dolorosas reencarnações o orgulho, a cupidez, a ambição desenfreada, todas as paixões más que os dominavam. E não só para os romanos, mas também para os israelitas, Jesus foi, é e será, POR ALGUM TEMPO AINDA, causa de ruína.
Todos OS QUE REPELIRAM, e hoje teimam em repelir, sua Doutrina de Verdade encerrada em seu Novo Mandamento, tanto na ordem material, quanto na ordem moral e intelectual, encontrarão nele a causa de sua ruína. Em tal caso, Jesus é o obstáculo imprevisto, de encontro ao qual todos eles terão de esbarrar. Mas a culpa daquele que repele a Lei do Cristo, por não a ter compreendido bem (muitas vezes por não lhe ter sido bem ensinada), não pode ser considerada tão grave quanto a daquele que CONHECEDOR DO SENTIDO PROFUNDO DESSA LEI a desnatura ou obscurece, a fim de manter as almas subjugadas!
Para os que caminhavam nas trevas e que, com alegria, se dirigiram para a luz, Jesus foi, e será sempre, uma CAUSA DE RESSURREIÇÃO. Esses ressuscitaram. Ressuscitaram no sentido de que, deixando de permanecer no estado de degradação, que os distanciava do céu a que aspirais, entraram no caminho da Verdade e do Progresso, que rapidamente conduz à felicidade espiritual. Estavam mortos, visto que a existência para eles só tinha uma saída - o sepulcro. Ressuscitaram transpondo as portas do túmulo, voando para o seu Criador ao impulso da Fé, da Esperança e da Caridade.
Finalmente as palavras de Simeão à Virgem Maria: "E a tua alma será transpassada como por uma espada, a fim de que os pensamentos ocultos nos corações de muitos sejam descobertos", fazem alusão à morte de Jesus, o que foi, humanamente uma grande dor para ela, e - por outro lado - motivo para profissão de fé e deserção vergonhosa de muitos. Sim, a morte de Jesus foi, humanamente, uma grande dor para Maria. Ela estava convencida do futuro brilhante do Filho de Deus, Salvador do Mundo; mas em virtude das crenças que devia ter (e tinha), sofreu humanamente pela morte do filho, que acalentara nos braços, com tanto amor, e cujos progressos acompanhara, admirando-o e adorando-o pelas suas obras.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2014
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