31/03/1970
A VIDA DE JESUS - V
P
- Somos gratos ao Centro Espiritual Universalista (CEU) da LBV pelos
esclarecimentos preciosos sobre a vida do "menino" Jesus. Que aconteceu
com ele em Jerusalém? E na volta?
R
- Os que lhe ignoram a origem espiritual e a natureza do corpo - não
"fantástico e absurdo", conforme a expressão dos doutores presunçosos -
mas perispirítico, dizem: - "Que fez Jesus durante os três dias? Se
aquele menino de doze anos não andou vagando sozinho na escuridão da
noite, quem o recolheu?" Perguntas naturais, partindo dos que consideram
Jesus um homem como vós outros. Entretanto, os que estudam as línguas
e, por consequência, os costumes orientais, poderiam dar testemunho de
que era frequente ver, sob àqueles céus, homens, mulheres e crianças
passando a noite ao relento, envoltos nas suas capas.
Em
face do conhecimento que vos demos da origem do Cristo, do seu corpo
fluídico inacessível a todas as contingências da matéria, podeis
compreender que o "menino" não se atormentou por uma pousada, não teve
de se afadigar em busca de um albergue. Os que propõe tais questões
deviam propô-las com humildade, com o sentimento da sua ignorância, com o
desejo sincero de se esclarecerem, jamais com a incredulidade
insolente, negando as manifestações espirituais e as REVELAÇÕES
PROGRESSIVAS, que trazem aos homens os segredos do além, a ciência das
relações do mundo visível com o mundo invisível, a Luz e a Verdade, as
vias e meios da evolução moral e intelectual - pelo saber, pela caridade
e pelo amor.
Eis
o que aconteceu com o "menino" nos seus três dias em Jerusalém: ao
abrir-se o templo, ele entrava com a multidão e com a multidão saía,
quando o templo se fechava. Um a vez fora, e longe dos olhares humanos,
desaparecia, despojando-se do seu invólucro fluídico e das vestes que o
cobriam, as quais, confiadas à guarda dos Espíritos prepostos a essa
missão, eram transportadas para longe da vista e do alcance dos homens.
Voltava para as regiões superiores, onde pairava e ainda paira, nas
alturas dos esplendores celestes, COMO ESPÍRITO PROTETOR E GOVERNADOR DA
TERRA. Ao reabrir-se o templo, reaparecia entre os homens, retomando o
perispírito tangível e suas vestes, que o faziam passar por criatura
humana, como outra qualquer.
Quanto
à resposta que deu à Virgem Maria, nem ela nem José a compreenderam,
porque ambos, no momento, supuseram que ele se referia ao segundo como
pai, e não ao Pai Celestial, cujo reinado viera preparar no vosso mundo.
Os que acham perfeitamente claro o sentido destas palavras, tais como
se encontram no Evangelho: "Não sabeis ser preciso que me ocupe com o
que respeita ao serviço de meu Pai?", e entenderam que devia ser claro,
também, para Maria e José, uma vez que o Anjo lhes anunciara ser Jesus
"Filho de Deus" - esses esquecem que em José e Maria, revestidos da
carne, imperava a imperfeição das faculdades humanas. Desde o
"nascimento" - já o dissemos - Jesus vivia, aos olhos de seus "pais",
uma vida ordinária, no sentido de que seus atos exteriores não
apresentavam nenhum cunho de singularidade, relativamente aos homens,
nada havendo neles que lhe caracterizasse a origem extra-humana.
A
impressão produzida pela revelação e pelos fatos que se lhe seguiram
até o regresso do Egito, que havia apagado, pouco a pouco. A palavra
pai, referida a José, foi o único ponto que, no momento, os
impressionou, sem que, entretanto, o houvessem compreendido. TUDO O QUE É
DE CARNE É OBTUSO. Se a existência de Jesus não causava espanto à
Virgem Maria (nem a José), é que, quando ela pensava na origem do
"filho", a inteligência se lhe toldava, com tanto mais razão quanto era
necessário que a natureza do "menino", tal como a revelação anunciara,
não fosse ainda conhecida. Não vos admireis que Maria e José tenham
referido ao último, como o pai, a resposta de Jesus, nem de que Maria,
dirigindo-se a este, se exprimisse desta forma: - "Meu filho, aqui
estamos eu e teu pai, que aflitos te procurávamos". Não só a Virgem se
acreditava mãe de Jesus, por encarnação humana, e ao mesmo tempo divina e
milagrosa, como também Jesus lhe chamava mãe. E, devendo José passar,
perante os homens, por ser o pai de Jesus, este até então lhe chamava
pai.
Não
viste que - quando José pretendeu repudiar Maria - o Anjo lhe disse que
a tomasse por esposa, sem lhe denunciar a gravidez? Ele, portanto,
estava ciente de que devia passar por ser o pai do menino. E, com
efeito, do momento em que - apesar do estado de gravidez, embora esta
fosse aparente - a mulher foi aceita, José se reconheceu o pai do
nascituro. Ele ignorava quanto tempo esse "erro" devia durar.
Repetimos: no trato com José, Jesus lhe dava o titulo de pai, o que
dirigiu para ele o pensamento de Maria, ao ouvir a resposta do "filho": -
"Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita ao serviço de
meu pai?"
Esta resposta do Cristo foi a primeira referencia feita à missão que vinha desempenhar na Terra.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2014
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