quarta-feira, 4 de março de 2015

01/07/1970
NÃO SERVIR A DOIS SENHORES

P - Disse Jesus: "não podeis servir a Deus e a Mamon". Como o Espírito da Verdade explica isso?

R - Mamon era uma "divindade" que os povos antigos adoravam, feita de prata ou de ouro, representando, mais ou menos, o que representava Júpiter, dos romanos, isto é, os vícios da humanidade com todo o seu cortejo, o que explica o pensamento do Mestre: NÃO PODEIS SERVIR A DOIS SENHORES AO MESMO TEMPO! Não PODEIS VIVER A VIDA QUE AGRADA AO VOSSO DEUS, praticando os desregramentos a que vos arrasta a vida mundana. Isto é: não podeis ter, ao mesmo tempo, em vossa alma - o amor e o egoísmo; a caridade e a avareza; o desprendimento e a  hipocrisia; a humildade e o orgulho; o trabalho e a preguiça; o estudo e a ignorância; a Boa Vontade e a violência; o Novo Mandamento e o sectarismo farisaico. "Ou amareis a um e odiareis a outro, ou servireis a este e enganareis aquele."

Quem se consagra (ou escraviza) aos bens terrenos NÃO PODE PRATICAR O DESPRENDIMENTO QUE O PROGRESSO ESPIRITUAL EXIGE. Aos fariseus dos vossos dias - abastados, orgulhosos, avarentos - que zombam das vossas palavras, dizemos o que disse Jesus aos fariseus de outrora: "PONDES MUITO CUIDADO EM PARECER JUSTOS DIANTE DOS HOMENS, MAS DEUS CONHECE OS VOSSOS CORAÇÕES; O QUE É GRANDE AOS OLHOS DOS HOMENS É ABOMINÁVEL AOS OLHOS DE DEUS". Quer dizer: geralmente, a riqueza, a glória, o orgulho, por eles endeusados, são o que os homens consideram elevado, mas vós sabeis que Deus ama os de espírito humilde, os de coração simples e bom. 

As palavras do Cristo, constantes dos versículos 25-26 e 28-34 de Mateus e dos versículos 22-24 e 28-30 de Lucas, na linguagem oriental apropriada às inteligências da época, eram particularmente dirigidas aos que, totalmente preocupados com as riquezas materiais, nada vêem além delas e nada fazem senão o que lhes possa melhorar o comodismo e aumentar a fortuna; aos que cultivam o corpo como planta preciosa e descuram da alma, o bem eterno que deveriam vigiar atentamente. 

Jesus falava a homens cúpidos, materialíssimos, que nada entendiam da VIDA ETERNA. Precisava ser enérgico para que, em suas consciências, alguma coisa ficasse do que ensinava. SEUS ENSINAMENTOS ATINGIAM, SEMPRE, A CHAGA QUE ELE QUERIA CAUTERIZAR. Por aquelas palavras, o Mestre reconduz o homem ao seu ponto de partida - Deus, o Criador de todos os seres e de todas as coisas, que vela, com igual solicitude, por tudo o que lhe saiu das mãos, dando a cada um o que lhe é necessário. Assim é que dá à matéria, o alimento material, ao Espírito o alimento espiritual.

Convém, entretanto, acentuar bem aqui (tal a disposição constante no homem para ultrapassar a meta que lhe é indicada), que JESUS NÃO ACONSELHA AOS SERES DOTADOS DE RAZÃO QUE ESPEREM, INATIVOS, QUE DEUS VENHA ALIMENTÁ-LOS, COMO ALIMENTA OS PÁSSAROS, E VESTI-LOS COMO VESTE OS LÍRIOS DO CAMPO.

É dever do homem confiar no Senhor, certo de que Ele proverá o que lhe for preciso, o que for para seu bem; mas cumpre, ao mesmo passo, que empregue suas faculdades, sua atividade, sua energia, em ALCANÇAR, PELO TRABALHO, A PROTEÇÃO DE DEUS. O lírio aguarda no seio da terra que o Senhor, desenvolvendo-o, lhe prepare a roupagem que o fará brilhar aos olhos humanos; o homem deve esperar que a vontade de Deus, nele, desenvolva as virtudes que o farão brilhar aos olhos de seus irmãos. Mas deve fazê-lo em plena atividade, porque DEUS AJUDA A QUEM TRABALHA.  Ninguém procure nas palavras de Jesus um pretexto para a imprevidência, para a incúria ou para o fatalismo irracional. 

Aprendei bem, igualmente, o sentido destas outras palavras do Cristo: "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo; a cada dia basta a sua própria aflição". O que se deve concluir delas - conforme ao espírito que vivifica, não conforme à letra que mata - é que JESUS CONDENA O EXCESSO DE CUIDADO COM A VIDA E NÃO A NECESSIDADE. Importa que o homem cuide de manter sua existência. Ele não pode, nem deve, ser menos previdente do que certos animais no tocante ao futuro, mas também não deve concentrar todos os seus pensamentos e desejos na acumulação dos bens mundanos. Cumpre-lhe ser previdente, mas nunca ambicioso.

Se, apesar da sua previdência, o futuro lhe falha, confie sempre em Deus, fazendo sua parte: o Senhor sabe O QUE CONVÉM A CADA UM e permite que a provação purifique a criatura, tornando-a digna do Criador.

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