26/07/1970
LÁZARO E
A FILHA DE JAIRO
P -
Recebemos com prazer a promessa de que também serão fartamente analisados,
quando chegar a hora, os fatos relativo à morte e ressurreição de Lázaro e da
filha de Jairo. Mas não pode o Espírito da Verdade falar deles, por alto,
completando a explicação referente ao filho da viúva de Naim?
R - Seja.
A título de nota, vos dizemos o seguinte: primeiro, quanto à filha de Jairo.
Os
servos, que levavam ao chefe da sinagoga a notícia da morte da menina, lhe
disseram, na presença de Jesus, dos discípulos e da multidão: "Tua filha morreu, não dês ao
Mestre o incômodo de ir vê-la". Jesus,
porém, foi. E, chegando à casa de Jairo, disse aos que choravam e se
lamentavam: "Não
choreis, porque a menina dorme, apenas; não está morta". Aos tocadores de flauta e
ao grande número de pessoas que lá se encontravam, fazendo alarido, igualmente
declarou: "Retirai-vos,
porque a menina não morreu, apenas dorme". Como
sabeis pelo Evangelho, estas palavras foram acolhidas por todos com zombeteira
incredulidade, por saberem QUE ELA ESTAVA MORTA.
E essa
opinião, da massa ignorante, prevaleceu sobre as declarações expressas e
contrárias do Mestre. OS DISCÍPULOS NÃO VIRAM SENÃO UM MILAGRE NO FATO QUE
JESUS PRODUZIRA, E QUE ELES NÃO PODIAM NEM EXPLICAR NEM COMPREENDER. Tal
opinião tinha de durar séculos, como realmente durou. Até aos vossos dias, em
que a incredulidade por sua vez a atacou e recusou admitir o fato, POR NÃO O
SABER EXPLICAR NEM CRER EM MILAGRE, o que os homens daquele tempo acreditaram é
o que a Igreja ainda ensina: a morte real da filha de Jairo e a sua
ressurreição, NO SENTIDO DA VOLTA DO ESPÍRITO (OU ALMA) A UM CADÁVER.
Mas não
censureis: tudo tem sua razão de ser. Essas crenças constituíam condição e meio
de progresso para a Humanidade. Jesus conhecia o estado das inteligências, as
necessidades e aspirações da época, e SABIA QUE AQUELA OPINIÃO HUMANA IA
PREVALECER. Por isso mesmo, salvaguardou o futuro, ao dizer: "A menina não está
morta; apenas dorme". Deixou à Revelação atual o
encargo de, ante a narração evangélica, explicar EM ESPÍRITO E VERDADE o
suposto milagre.
Agora,
quanto ao fato relativo à morte e ressurreição de Lázaro, Jesus apropriou sua
linguagem à situação, ao que devia ser, e dispôs tudo de maneira a servir ao
presente e preparar o futuro, reservando aos tempos (então vindouros) da atual
Revelação, os elementos e os meios de explicar aquele fato EM ESPÍRITO E
VERDADE.
Como no
caso da filha de Jairo, disse o Mestre: "Esta
enfermidade não é mortal, não chega a causar morte; vosso amigo Lázaro dorme.
Vou despertá-lo". É verdade
que também disse: "Lázaro
está morto", mas só o
disse respondendo à pergunta dos discípulos: "Mas,
se Lázaro está dormindo, poderá ser curado?" LÁZARO ESTAVA MORTO AOS
OLHOS DOS HOMENS, PARA TODOS ESTAVA MORTO, MENOS PARA JESUS, que o sabia apenas
adormecido e que, assim, o ia despertar, não ressuscitar no sentido em que os
homens empregam esta palavra.
A
enfermidade de Lázaro não era mortal, não chegava a lhe causar a morte. Ele,
portanto, não morrera, NÃO ESTAVA REALMENTE MORTO, (no momento oportuno,
explicaremos quais são, em Espírito e Verdade, o sentido e o "por
que" das palavras "LÁZARO ESTÁ MORTO", ditas por Jesus como
resposta àquela pergunta dos seus discípulos. Nos comentários à própria narração
evangélica, não só explicaremos o fato ocorrido com Lázaro como, também, a
origem da opinião humana de Marta que, como as demais pessoas, acreditava na
morte real do seu irmão chegando a dizer: "Ele
cheira mal, pois está aí há quatro dias").
No
desempenho da sua missão terrena, Jesus tudo dispunha TENDO EM VISTA A ÉPOCA EM
QUE FALAVA PESSOALMENTE AOS HOMENS E OS SÉCULOS AINDA MUITO DISTANTES. Tinha,
por isso, o cuidado de estabelecer as bases, de preparar os elementos e os
meios para a explicação futura, em Espírito e Verdade, dos seus atos e
palavras, de modo que recebesse cada um o que sua inteligência pudesse
suportar.
NÃO
CONFUNDAIS, NUNCA, NOS EVANGELHOS, AS PALAVRAS E OS ATOS DE JESUS COM O QUE
REFLETE E REPRODUZ AS OPINIÕES, APRECIAÇÕES E INTERPRETAÇÕES HUMANAS, QUE
TRAZEM O CUNHO DA ÉPOCA E DO MEIO EM QUE ELE CUMPRIU SUA MISSÃO. E, QUANTO ÀS
SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS, NÃO LHES DEIS, JAMAIS - QUERENDO APRENDER-LHES O
VERDADEIRO SENTIDO, QUERENDO PENETRAR O PENSAMENTO A QUE SERVEM DE ROUPAGEM,
QUERENDO APRECIAR E DETERMINAR A NATUREZA E O CARÁTER DE SEUS ATOS - UM SENTIDO
LITERAL QUE AS PONHA EM CONTRADIÇÃO CONSIGO MESMAS.
Interpretai-as
conforme ao espírito e compreendei-as, como é necessário, sem as isolar umas
das outras, de modo que, consideradas na íntegra, em vez de se contradizerem,
formem um TODO HARMONIOSO E VERDADEIRO.
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