quinta-feira, 26 de março de 2015

26/07/1970
LÁZARO E A FILHA DE JAIRO

P - Recebemos com prazer a promessa de que também serão fartamente analisados, quando chegar a hora, os fatos relativo à morte e ressurreição de Lázaro e da filha de Jairo. Mas não pode o Espírito da Verdade falar deles, por alto, completando a explicação referente ao filho da viúva de Naim?

R - Seja. A título de nota, vos dizemos o seguinte: primeiro, quanto à filha de Jairo.

Os servos, que levavam ao chefe da sinagoga a notícia da morte da menina, lhe disseram, na presença de Jesus, dos discípulos e da multidão: "Tua filha morreu, não dês ao Mestre o incômodo de ir vê-la". Jesus, porém, foi. E, chegando à casa de Jairo, disse aos que choravam e se lamentavam: "Não choreis, porque a menina dorme, apenas; não está morta". Aos tocadores de flauta e ao grande número de pessoas que lá se encontravam, fazendo alarido, igualmente declarou: "Retirai-vos, porque a menina não morreu, apenas dorme". Como sabeis pelo Evangelho, estas palavras foram acolhidas por todos com zombeteira incredulidade, por saberem QUE ELA ESTAVA MORTA.

E essa opinião, da massa ignorante, prevaleceu sobre as declarações expressas e contrárias do Mestre. OS DISCÍPULOS NÃO VIRAM SENÃO UM MILAGRE NO FATO QUE JESUS PRODUZIRA, E QUE ELES NÃO PODIAM NEM EXPLICAR NEM COMPREENDER. Tal opinião tinha de durar séculos, como realmente durou. Até aos vossos dias, em que a incredulidade por sua vez a atacou e recusou admitir o fato, POR NÃO O SABER EXPLICAR NEM CRER EM MILAGRE, o que os homens daquele tempo acreditaram é o que a Igreja ainda ensina: a morte real da filha de Jairo e a sua ressurreição, NO SENTIDO DA VOLTA DO ESPÍRITO (OU ALMA) A UM CADÁVER. 

Mas não censureis: tudo tem sua razão de ser. Essas crenças constituíam condição e meio de progresso para a Humanidade. Jesus conhecia o estado das inteligências, as necessidades e aspirações da época, e SABIA QUE AQUELA OPINIÃO HUMANA IA PREVALECER. Por isso mesmo, salvaguardou o futuro, ao dizer: "A menina não está morta; apenas dorme". Deixou à Revelação atual o encargo de, ante a narração evangélica, explicar EM ESPÍRITO E VERDADE o suposto milagre.

Agora, quanto ao fato relativo à morte e ressurreição de Lázaro, Jesus apropriou sua linguagem à situação, ao que devia ser, e dispôs tudo de maneira a servir ao presente e preparar o futuro, reservando aos tempos (então vindouros) da atual Revelação, os elementos e os meios de explicar aquele fato EM ESPÍRITO E VERDADE. 

Como no caso da filha de Jairo, disse o Mestre: "Esta enfermidade não é mortal, não chega a causar morte; vosso amigo Lázaro dorme. Vou despertá-lo". É verdade que também disse: "Lázaro está morto", mas só o disse respondendo à pergunta dos discípulos: "Mas, se Lázaro está dormindo, poderá ser curado?" LÁZARO ESTAVA MORTO AOS OLHOS DOS HOMENS, PARA TODOS ESTAVA MORTO, MENOS PARA JESUS, que o sabia apenas adormecido e que, assim, o ia despertar, não ressuscitar no sentido em que os homens empregam esta palavra.

A enfermidade de Lázaro não era mortal, não chegava a lhe causar a morte. Ele, portanto, não morrera, NÃO ESTAVA REALMENTE MORTO, (no momento oportuno, explicaremos quais são, em Espírito e Verdade, o sentido e o "por que" das palavras "LÁZARO ESTÁ MORTO", ditas por Jesus como resposta àquela pergunta dos seus discípulos. Nos comentários à própria narração evangélica, não só explicaremos o fato ocorrido com Lázaro como, também, a origem da opinião humana de Marta que, como as demais pessoas, acreditava na morte real do seu irmão chegando a dizer: "Ele cheira mal, pois está aí há quatro dias").

No desempenho da sua missão terrena, Jesus tudo dispunha TENDO EM VISTA A ÉPOCA EM QUE FALAVA PESSOALMENTE AOS HOMENS E OS SÉCULOS AINDA MUITO DISTANTES. Tinha, por isso, o cuidado de estabelecer as bases, de preparar os elementos e os meios para a explicação futura, em Espírito e Verdade, dos seus atos e palavras, de modo que recebesse cada um o que sua inteligência pudesse suportar.

NÃO CONFUNDAIS, NUNCA, NOS EVANGELHOS, AS PALAVRAS E OS ATOS DE JESUS COM O QUE REFLETE E REPRODUZ AS OPINIÕES, APRECIAÇÕES E INTERPRETAÇÕES HUMANAS, QUE TRAZEM O CUNHO DA ÉPOCA E DO MEIO EM QUE ELE CUMPRIU SUA MISSÃO. E, QUANTO ÀS SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS, NÃO LHES DEIS, JAMAIS - QUERENDO APRENDER-LHES O VERDADEIRO SENTIDO, QUERENDO PENETRAR O PENSAMENTO A QUE SERVEM DE ROUPAGEM, QUERENDO APRECIAR E DETERMINAR A NATUREZA E O CARÁTER DE SEUS ATOS - UM SENTIDO LITERAL QUE AS PONHA EM CONTRADIÇÃO CONSIGO MESMAS. 

Interpretai-as conforme ao espírito e compreendei-as, como é necessário, sem as isolar umas das outras, de modo que, consideradas na íntegra, em vez de se contradizerem, formem um TODO HARMONIOSO E VERDADEIRO.


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