09/08/1970
NA TERRA
DOS GERASENOS - II
P - É impressionante como tantos obsessores (quase 2.000) podem atuar sobre um homem só! A propósito da odisséia do geraseno, poderia o Espírito da Verdade explicar a influência dos "imundos" sobre a criaturas?
R - Sobre o homem subjugado a influência do obsessor é, como sabeis, fluídica. Sobre os animais, não pode ser e não é senão moral, no sentido de que a ação consiste em produzir neles o espanto ou o terror.
O perispírito do espírito não pode atuar fluidicamente sobre os animais, POR SER IMPOSSÍVEL A COMBINAÇÃO DOS RESPECTIVOS FLUIDOS, UMA VEZ QUE OS PRINCÍPIOS NÃO SÃO IDÊNTICOS. Para poder compreender as causas daquele fenômeno, o homem tem de se entregar a estudos preparatórios sobre a natureza dos fluidos, seus efeitos, suas propriedades de ação, segundo as Leis Naturais que lhes regem o emprego, a aplicação e a disposição em cada reino da Natureza.
Ora, bem sabeis, SE DEUS QUER QUE VOS AJUDEMOS, QUER TAMBÉM QUE TRABALHEIS, ESTUDANDO SEMPRE. Não podeis estranhar que, dirigindo-se ao obsessor chamado "multidão", por serem muitos, Jesus tenha ordenado: "Sai desse homem!", nem que tenha permitido aos Espíritos impuros entrarem nos porcos. É que não chegara o momento, ainda distante, de serem explicados as causas e os efeitos da subjugação, quer corporal e espiritual, assim como da ação dominadora que os Espíritos podem exercer sobre os animais, e se fazia mister na ocasião usar, para com os homens, de uma linguagem adequada ao seu entendimento e às idéias em voga. Estava reservado ao Espiritismo dar aquelas explicações, em Espírito e Verdade.
Não vos
detenhais em apreciar a acusação, tão pueril quanto fútil, que dirigem a Jesus,
por ter - segundo dizem - causado um prejuízo ao dono da vara de porcos. TAL ACUSAÇÃO
SÓ PODE PROVIR DE HOMENS MATERIAIS, QUE NÃO COMPREENDEM O SENTIDO, O ALCANCE E
O FIM DO ENSINAMENTO, QUE, POR AQUELA FORMA, JESUS QUIS DAR E DEU, QUE VALE UM
INTERESSE MATERIAL, QUANDO SE TRATA DE SALVAR OS HOMENS? Mas ficais tranquilos
vós que, apesar das vossas boas intenções, não vos podeis libertar do jugo da
matéria. Os porcos pertenciam a ricos proprietários, para os quais o prejuízo
foi ligeiro, insignificante, tanto que os guardadores nem sequer foram
repreendidos, tão grande repercussão teve aquele fato como resultante da
vontade do Cristo.
Nunca o
Senhor comete uma injustiça: tudo passa pelo crivo da sua onisciência; tudo tem
um fim, que há de ser alcançado, para a felicidade dos homens. Não deis
atenção, também, à diferença, destituída de importância, sem nenhum valor, sem
influência alguma nos fatos e no ensinamento, na lição de que deles devia
decorrer, entre a narração de Mateus e as de Marcos e Lucas, consistindo dizer
o primeiro que dois eram os possessos e os outros que o possesso era um só.
Havia apenas um subjugado. FOI PARA QUE SE REALIZASSE A OBRA, QUE O MESTRE
DEVIA REALIZAR, QUE O "POSSESSO DO DEMÔNIO" VEIO AO SEU ENCONTRO SOB
A INFLUÊNCIA E PELA AÇÃO DOS OBSESSORES, QUE A SEU TURNO OBEDECIAM A VONTADE DE
JESUS.
Tudo o
que, segundo se vos diz, esse homem fazia, subjugado corporal e espiritualmente
pela multidão dos maus Espíritos, era efeito da mesma subjugação. Ele se achava
à mercê dos caprichos de seus obsessores, e a subjugação lhe servia, ao mesmo
tempo, de provação e expiação: aquele que necessita de provações, na Terra, tem
sempre o que expiar. AS PROVAÇÕES E AS EXPIAÇÕES SE COMPLETAM, À LUZ DA JUSTIÇA
DIVINA. O obsidiado era, inconscientemente, médium de efeitos físicos, e os
obsessores procediam de acordo, pela subjugação corporal e espirital e pelos
meios que já explicamos, servindo-se dos fluidos animalizados da vítima,
INDEPENDENTEMENTE DA VONTADE DESTA.
Quando se
apresentou a Jesus não trazia roupa alguma: despira-se completamente. Não é que
os obsessores lhe houvessem, com violência, tirado as vestes: apenas lhe haviam
inspirado horror a todo e qualquer constrangimento. Assim ele não podia nem
queria suportar vestuário algum, sujeito como estava aos caprichos dos
"demônios". Referem os Evangelhos Sinóticos: "Não habitava
em casas; passava os dias e as noites nas montanhas e nos sepulcros, gritando e
ferindo-se nas pedras; estivera muitas vezes com ferro aos pés e preso pelas
correntes; rebentava as correntes e os ferros". Tudo isso era efeito da
maldade dos obsessores, quase dois mil.
Como
médium de efeitos físicos, mas inconsciente, O SUBJUGADO PRATICAVA POR SI
MESMO, NA OPINIÃO DOS HOMENS, AQUELES ATOS. A VERDADE, PORÉM, É QUE OS MAUS
ESPÍRITOS, COM FORÇA BASTANTE PARA ISSO, ATUAVAM DE COMUM ACORDO SOBRE ELE PARA
OBRIGÁ-LO A PRATICAR TAIS ATOS, GRAÇAS A SUA MEDIUNIDADE, EXERCENDO COM SEUS
ESPÍRITOS UMA AÇÃO FLUÍDICA, SOBRE A VÍTIMA, DOMINANDO-LHE A VONTADE, QUE
ARBITRARIAMENTE GOVERNAVAM.
"Quebrava
as cadeias e os ferros, por mais que o vigiassem; ninguém podia mais prendê-lo;
nenhum homem conseguia dominá-lo". Com bem podeis compreender, os
obsessores se divertiam em impedir que os guardas lhe pusessem peias, ou - se
deixavam que o fizessem - era com o intuito de quebrarem os ferros e as
correntes. Para conseguir tal resultado, o homem fazia os movimentos, MAS OS
"DEMÔNIOS" É QUE LHE EMPRESTAVAM A FORÇA NECESSÁRIA, EXERCENDO SOBRE
ELE VIOLENTA AÇÃO FLUÍDICA, COMBINANDO OS FLUIDOS DE SEUS PERISPÍRITOS COM OS
DO POBRE GERASENO.
"Era
impelido pelo demônio para o deserto". Em algumas traduções, oriundas de
uma falsa interpretação da letra e do espírito do texto original, se diz que o
homem era "arrebatado pelo demônio". Colocando-vos no ponto de vista
dessas traduções, tomai a palavra "arrebatado" em sentido figurado e
a tereis significando "impelido violentamente, contra a vontade". Também
usais, muitas vezes, referindo a carreira desabalada de uma pessoa, que ela é
"arrebatada pelo vento". Tendo em vista esse fato, podeis recordar o
episódio conhecido como "O Duende de Baiona" um Espírito a
transportar a irmã pelos ares. No caso do geraseno, entretanto, nada se deu de
semelhante. Havia apenas uma corrida desordenada, que apavorava os que a
presenciavam.
Por tudo
isso é que, subjugado corporal e espiritualmente pelos obsessores, os quais por
sua vez eram, no momento, dominados e dirigidos pelos Espíritos Superiores,
aquele homem (tão furioso que ninguém ousava passar perto dele, saindo dos
sepulcros) correu ao encontro de Jesus, o adorou e, como médium falante,
proclamou em altas vozes, diante do povo, ser Jesus "O Filho de
Deus". EXPRIMINDO-SE DESSE MODO, PELO ÓRGÃO DO SUBJUGADO, OS MAUS
ESPÍRITOS PROVAVAM A IDENTIDADE DO CRISTO.
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