16/08/1970
VELHAS E
NOVAS DOUTRINAS
P - Só
mesmo os Guias Espirituais da Humanidade nos podem orientar, porque estão acima
de todos os sectarismos em conflito. São neutros, imparciais, sereníssimos.
Como o Espírito da Verdade analisa as palavras de Jesus sobre o jejum, pano
novo, odres velhos, vinho novo e vinho velho?
R -
Vejamos estas passagens dos Evangelhos Sinóticos: Mateus, IX: 14-17, Marcos,
II: 18-22 e Lucas, V: 33-39.
Mateus: 14 -
Então, vieram ter com ele os discípulos de
João e lhe perguntaram: "Por que
os fariseus e nós jeju-
amos frequentemente, e os teus
discípulos não jejuam?"
15 - Jesus lhes respondeu: "Podem, acaso, chorar os fi-
lhos do esposo quando o esposo está
com eles? Dia, po-
rém, virá em que o esposo lhes será
tirado; então, sim,
eles hão de jejuar. 16 - Ninguém põe
remendo de pano
novo em roupa velha, porque o remendo tira parte da
roupa e o rasgão fica maior. 17 - E não se deita vinho
novo em odres velhos; ao contrário,
rompem-se os odres,
derrama-se o vinho e os odres se perdem.
Põe-se vinho
novo em odres novos, e uns e outros se
conservam.
Marcos: 18 -
Alguns discípulos de João e alguns fariseus,
que costumavam jejuar, vieram a Jesus e lhe pergunta-
ram: "Por que os discípulos de
João e os fariseus jejuam
e os teus discípulos não jejuam? 19 - Jesus lhes respon-
deu: "Os filhos das núpcias
podem, acaso, jejuar enquanto
o esposo está com eles? Enquanto têm consigo o esposo
não podem jejuar. 20 - Dias virão, contudo, em que o es-
poso lhes será tirado, e nesse tempo
jejuarão. 21 – Nin-
guém costura remendo de pano
novo em roupa
velha,
porquanto aquele arrancaria uma parte
desta e tornaria
maior o rasgão. 22 - Ninguém põe vinho novo em odres
velhos, pois o vinho rompe os odres, e tanto se perde o
vinho como os
odres: vinho novo
deve ser posto
em
odres novos.
Lucas: 33 - Então disseram
a Jesus: "Por que é que os dis-
cípulos de João, assim como os
fariseus, jejuam frequen-
temente e fazem orações, enquanto que
os teus comem e
bebem? 34 - Jesus lhes disse:
"Podereis obrigar os amigos
do esposo a jejuar, enquanto o esposo
está com eles? 35 –
Dias virão em que o esposo lhes será tirado; então, eles
haverão de jejuar." 36 - Também lhes fez esta compara-
ção: "Ninguém prega remendo de pano
novo em roupa ve-
lha, porque o novo rompe o velho e,
assim, não se ajusta à
roupa velha ao pano novo. 37 - Do mesmo
modo, ninguém
deita vinho novo em odres velhos porque,
se fizerem isso,
o vinho novo rebentará os odres, se
derramará e os odres
se perderão. 38
- O vinho novo deve ser posto em odres
novos, porque assim se conservam. 39 - E
não há quem, be-
bendo o vinho velho, prefira o novo,
pois diz: o velho é me-
lhor.
Todas as
explicações cabíveis, aqui, para a compreensão do fim a que Jesus visava, com o
ensinamento que ele deu de forma velada, se referem ao futuro espiritual da
Humanidade.
Os homens
eram a roupa velha que, impensadamente remendada, teria sido destruída. Eram os
odres velhos, impróprios para recipientes de um licor ativo que, fermentado, os
despedaçaria. Vós, CRISTÃOS DO NOVO MANDAMENTO, sois odres novos em que o vinho
novo é despejado abundantemente: guardai-o como preciosidade, e ele dará em vós
bom produto; envelhecerá nos odres, ficará cada vez melhor, restituindo a
força, a saúde e a vida aos que vierem bebê-lo.
O termo
"esposo", pelo qual o Mestre se designava a si próprio, era tomado às
idéias, às tradições e aos costumes hebraicos, pela consideração dispensada aos
judeus que se casavam. ORA, SENDO O CHEFE DESTA DOUTRINA, QUE VOS TEM AMPARADO
APESAR DE TODOS OS VOSSOS DESVIOS, Jesus era considerado como o jovem puro que
depõe a coroa nupcial, a fim de assumir o governo da família que constituiu
para si mesmo. OS FILHOS, OS
AMIGOS DO ESPOSO, SÃO EXPRESSÕES SINÔNIMAS, INDICANDO OS QUE ERAM MAIS CAROS E
MAIS LIGADOS AO ESPOSO.
Procurai
compreender bem, segundo o espírito que vivifica, não segundo a letra que mata,
estas palavras que o mestre dirigiu aos fariseus e aos discípulos do Batista:
"Podem os filhos, os amigos do esposo jejuar, enquanto este está com eles?
NÃO PODEM JEJUAR, ENQUANTO O ESPOSO ESTÁ COM ELES. Mas dias virão em que o
esposo lhes será tirado; então, sim, jejuarão".
A
presença de Jesus entre os discípulos os mantinha na senda que deviam trilhar:
não precisavam, portanto, submeter-se a privações expiatórias. Mas o FUTURO SE
DISTENDIA AOS OLHOS DO CRISTO E ELE ANTEVIA OS ABUSOS, OS TRANSVIAMENTOS QUE
NÃO TARDARIAM A PERVERTER A IGREJA E SEUS FILHOS, ISTO É, A HUMANIDADE, E
AQUELES QUE TOMARIAM A SI A CONTINUAÇÃO DA OBRA DOS APÓSTOLOS E DOS PRIMEIROS
CRISTÃOS.
Antevia,
portanto, necessária a expiação como meio de reparação. E o Jejum material era,
entre os judeus, o emblema da expiação. O jejum de que Jesus falava - e que os
homens teriam de praticar nos tempos que sucederiam o desempenho da sua missão
terrena - NÃO ERA O JEJUM MATERIAL QUE OS FARISEUS E OS DISCÍPULOS DE JOÃO
PRATICAVAM. JESUS ALUDIA ÀS EXPIAÇÕES A QUE OS HOMENS TERIAM DE SUBMETER-SE,
PARA REPARAR AS SUAS FALTAS: ALUDIA, SIM, AO JEJUM MORAL.
O jejum
material constituía, entre os hebreus, um ato expiatório, destinado a reparar
os erros leves da vida. Teve sua razão de ser, como explicaremos, numa época em
que só as leis materiais podiam dominar a matéria.
Já o
JEJUM MORAL consiste no remorso das faltas graves que os homens cometem, todos
os dias, para com Deus, transgredindo suas Leis, deixando de praticar o Amor e
a Caridade, entregando-se ao orgulho, ao egoísmo, à inveja - vícios que não
chegam a perceber no fundo de seus corações, tão grande é a sua cegueira, tanta
a confiança que depositam em si mesmos.
JEJUAI,
MORTIFICANDO VOSSAS ALMAS, PARA QUE ELAS SE PURIFIQUEM. BOM É O JEJUM - MAS O
JEJUM MORAL, PORQUE É SEMPRE ÚTIL À ALMA CULPADA, EXPURGANDO-A DE SUAS
IMPUREZAS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário