22/08/1970
MORTE E
CATALEPSIA
P - Aqui,
todos já compreendem por que não há segurança para ninguém, neste mundo, fora
da Verdade, o que vale dizer, FORA DE DEUS. Só haverá Boa Vontade entre os
homens quando todos se libertarem da ignorância espiritual e, portanto, dos
sectarismos anticristãos. Como o Espírito da Verdade interpreta o caso da filha
de Jairo?
R - O
Espírito não abandonara o seu corpo: apenas se ausentara, até que JESUS O
CHAMOU, ordenando-lhe a volta imediata ao organismo da menina. Ele tivera
permissão de prolongar sua ausência a fim de que o corpo tornando-se
completamente inerte, apresentar-se TODAS AS APARÊNCIAS DA MORTE.
Para os
homens, a filha de Jairo estava morta: esta era a aparência. Aos olhos de
todos, a morte ali era positiva e indubitável. Na realidade, porém, NÃO HAVIA
MAIS DO QUE UM ESTADO DE CATALEPSIA COMPLETA, um estado, portanto, de morte
aparente, de modo a iludir os mais hábeis peritos. Havia, dissemos, inércia
completa, assim a suspensão de todas as sensações, de todos os movimentos da
vida, em suma, com ausência de pulso, de respiração, de calor, aspecto
cadavérico, insensibilidade física, material, tão profunda que as pancadas mais
ferimentos, NENHUMA IMPRESSÃO PROVOCARIAM, NENHUMA CONTRAÇÃO, NENHUM SINAL DE
VIDA.
Vindo ao
encontro de Jairo, seus servos lhe disseram: "Tua filha morreu". Mas
aos que choravam e faziam grande alarido, Jesus disse: "Por que chorais e
vos afligis? A menina não está morta, apenas dorme". Aos tocadores de
flauta e às pessoas que faziam grande algazarra, falou: "Retirai-vos, pois
a menina apenas dorme, não está morta." E todos, diz o Evangelho, zombavam
de Jesus, POR SABEREM QUE ELA ESTAVA MORTA. Ora, afastada a multidão, ele
ordenou à menina: "Levanta-te!" E o seu Espírito (ou Alma) - tendo
voltado ao corpo, uma vez que ela não estava morta, pois apenas dormia - a
menina se levantou imediatamente. "A menina não está morta - disse Jesus -
apenas dorme" - esta é a realidade.
Não havia
ali, com efeito, mais do que o sono, sono natural ordinário o que não deveis
ter dificuldade em compreender, pois sabeis que A AUSÊNCIA DO ESPÍRITO MERGULHA
O CORPO NUM SONO PROFUNDO, PELO DESPRENDIMENTO COMPLETO DO ESPÍRITO SE PRODUZ O
ESTADO DE CATALEPSIA. Ao Espírito da filha de Jairo fora permitido ausentar-se,
já o dissemos. Ele tivera uma permissão, não recebera uma ordem, porquanto: O
ESPÍRITO NÃO PRECISA DE ORDEM PARA SE DESPRENDER DO CORPO; PRECISA, SIM, PARA
ENTRAR NELE. O pássaro que se evade da gaiola apertada, onde definhava não
deseja voltar para a prisão.
Procurai
compreender, aqui, a posição do Espírito, considerando os atos da vida humana:
o soldado que obtém uma licença qualquer sabe a que horas ela termina. Com mais
forte razão, o mesmo se dá com o Espírito em condições semelhantes. se o
Espírito da filha de Jairo tivesse esquecido a volta, ou resistindo ao
progresso, os Espíritos Superiores que o cercavam (vigilantes para que a
ausência prolongasse pelo tempo necessário à realização, exata, integral, da
obra que Jesus tencionava realizar), certamente o teriam impedido de frustrar
por essa forma, à execução do intento do Mestre. Aliás, semelhante
resistência seria uma rebelião que de modo algum se verificaria contra a
vontade do Cristo, acrescentando que aquele Espírito não podia pensar em tal,
UMA VEZ QUE ACEITARA A MISSÃO QUE DESEMPENHOU.
O estado
de catalepsia em que a menina caiu é que deu causa à crença na morte real,
e portanto numa "ressurreição", no sentido que entre os homens
esta palavra tem, se produziu porque estava nos desígnios do Senhor que assim
acontecesse PARA CUMPRIMENTO DA MISSÃO DE JESUS e para que desse os frutos que
devia dar, naquele momento e no futuro. Tudo o que, assinalou a passagem do
Cristo pela Terra fora previsto e preparado, mediante as encarnações dos
Espíritos que haviam de concorrer para a execução da sua obra de emissário do
Senhor.
Supondes
que Deus possa esperar alguma coisa do que chamais EFEITOS DO ACASO?
Repetimos,
portanto: o Espírito da filha de Jairo não abandonara o corpo completamente
desprendido deste, que estava imerso em profundo sono e estava ele preso pelo
cordão fluídico do perispírito, invisível aos olhos humanos. Graças a essa
ligação do Espírito com o corpo, a vida neste continuava a ser mantida, mas
estava suspensa pelo estado de CATALEPSIA COMPLETA, QUE DAVA AOS HOMENS A
IMPRESSÃO DA MORTE REAL. Mas Jesus disse aos que o cercavam: "A menina
dorme, não morreu". Por ato da sua vontade poderosa, ele fez voltar o
Espírito à sua prisão e, pela ação magnética, restituiu a saúde ao corpo da
menina: assim é que houve o despertar e a mocinha foi curada. Para prender
mais a atenção dos homens, mandou o Mestre que lhe dessem de comer.
Quanto à
presença dos tocadores de flautas, isso indica a observância de um costume
hebraico, em situações como aquela. O rumor da "ressurreição" e do
restabelecimento da filha de Jairo se espalhou por todo o país. Entretanto,
Jesus ordenara aos pais da menina que a ninguém falassem do acontecido. A
multidão, como sabeis, não entrara, pois o Mestre a deixara de fora, qual o
motivo da proibição? É que Jesus conhecia o que o futuro reservava: não queria
que naquele momento, sua fama se estendesse até aos sacerdotes e levitas.
O
desprezo que uns e outros votavam à credulidade e a ignorância do povo os
mantinha em guarda (no sentido de que NENHUM CRÉDITO LHES DAVAM) contra os
fatos "milagrosos", isto é, impossível para eles, de se produzirem e
que a voz pública espalhava. Aspecto diverso, porém, tomaria o caso SE A
"RESSURREIÇÃO" DA FILHA DE JAIRO FOSSE ATESTADA PELO PRÓPRIO JAIRO,
CHEFE DA SINAGOGA. Homem justo e estimado. Se a propósito da notícia emanada do
povo, Jairo fosse interpelado, um pretexto qualquer lhe teria bastado para
tapar a boca dos inquisidores. Entretanto, nada disso aconteceu: os sacerdotes
e os levitas pouco se preocupavam com o que pessoalmente não lhes dizia a
respeito e, sobretudo, com os falatórios do povo.
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