quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

10/05/1970
A TENTAÇÃO E O JEJUM

P - Como o Espírito da Verdade explica, através do CEU da LBV, o jejum e a tentação de Jesus, narrados pelos Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas?

R - O jejum e a tentação do Mestre são, igualmente, uma figura.
      Como vos explicaremos daqui a pouco, só foram consideradas reais pelos homens em consequência dos comentários que, finda a missão terrestre do Cristo, os Apóstolos e os discípulos teceram em torno do discurso que ele, doutrinando, proferiu sobre as tentações a que está sujeita a humanidade, as ciladas que lhe armam os ESPÍRITOS DO MAL, da perseverança e da fé com que lhes deve resistir.

Esses comentários, sob a influência dos preconceitos do tempo e das tradições hebraicas, criaram a opinião de que aquele discurso, dadas as circunstâncias em que foi pronunciado, resumia O QUE SE PASSOU COM O PRÓPRIO JESUS. Daí o tratarem os Evangelistas de um jejum e de uma tentação a que Satanás teria submetido o Mestre, como se falassem de fatos materiais, fatos reais ocorridos pessoalmente com o Salvador. Tais "fatos", porém, tidos como reais, materialmente produzidos DO PONTO DE VISTA DAS AUTORIDADES RELIGIOSAS, são um emblema. 

Como poderia ter acudido à mente do homem a idéia de rebaixar, dessa forma, Aquele que o próprio homem considera uma fração de Deus, uma parte do GRANDE TODO QUE GOVERNA O UNIVERSO? Tal opinião, aliás, se enquadrava sofrivelmente nas idéias panteístas. 

Como puderam rebaixar essa fração da Divindade ao ponto de pô-la em contato com o demônio, o maldito expulso do céu por Deus, sem se lembrarem de que, assim, era o próprio Deus quem, por uma fração de si mesmo, descia à condição de dialogar com Anjo do Mal e até ficar na sua dependência?

Como admitir que Jesus, sendo homem e, portanto, sujeito a enfermidades e necessidades da existência terrena, tenha podido viver quarenta dias e quarenta noites no deserto, sem tomar alimento algum?

Como admitir que, sendo Deus, tenha Jesus sentido o tormento da fome, ao cabo dos quarenta dias e quarenta noites, que o haja sentido ao ponto de animar tentativas audaciosas do "Anjo caído" que, entretanto, seria dentro em pouco forçado a abandonar as suas presas (os demoníacos), EXATAMENTE PELA POTENTE VONTADE DO MESMO JESUS?

Como se vê, foi o homem, de um lado, bastante orgulhoso e, de outro, bastante contraditório: deu a si mesmo por libertador um Deus, submetendo esse Deus ao império de Satanás, pondo-o em contato com este, de maneira a lhe sofrer a influência pela tentação! Pobre humanidade, que busca o maravilhoso nas coisas mais simples, que repele por impossíveis as mais evidentes, e que avilta - sem ter disso consciência - Aquele a quem, levada pelas suas superstições, ela mesma faz partícipe da Divindade e a quem, ao mesmo tempo, coloca, quanto ao presente e ao futuro (Satanás o deixou por algum tempo), à mercê desse outro que, maldito por toda a eternidade, sem esperança de perdão, emprega a sua força, a sua vontade, o seu "poder" em lutar contra o Criador!

Todavia, não a condenamos por isso, porque essa crença numa tentação material teve a sua razão de ser, como vos explicaremos: o que ocorreu tinha de ocorrer na marcha dos acontecimentos. Tudo tinha o seu cabimento, como condição e meio de progresso, na via gradual dos sucessos, sempre acordes, do mesmo modo que as interpretações humanas com o estado das inteligências, com as necessidades da época da História, cada uma das quais representa um dos estágios que cumpre à Humanidade percorrer, para progredir constantemente, abrindo pouco a pouco os olhos à Luz e à Verdade. A PROPORÇÃO QUE VAI SENDO PREPARADA PARA RECEBER ESSA LUZ E ESSA VERDADE, que lhes são dadas na medida do que ela pode suportar e de maneira a esclarecê-la sem jamais a deslumbrar. 

O Espírito da Verdade, que abre uma era nova à Humanidade, e que vos ensina a origem espiritual de Jesus, mostrando, com esse ensino, que o jejum e a tentação de Jesus são apenas simbólicos, vem igualmente fazer-vos conhecer, a este respeito, a realidade das coisas, isto é, as próprias palavras do Cristo ao povo, das quais nasceu a crença naquele jejum e naquela tentação.

O Espírito da Verdade vem, ainda, explicar como e quando os Apóstolos e os discípulos foram introduzidos a pensar que O QUE JESUS ENSINARA, DE MODO GERAL, CONSTITUÍA O RESULTADO DO QUE SE PASSARA ENQUANTO O MESTRE ESTEVE AUSENTE, O RESUMO DO QUE ELE PESSOALMENTE EXPERIMENTARA. Acompanhai a aparente vida humana de Jesus, pregando constantemente, pelo exemplo, a Caridade e o Amor; acompanhai-lhe as palavras, os atos, os ensinamentos, e o vereis sempre submisso (na medida do que o exigia a sua missão terrena) aos usos, costumes e tradições dos hebreus, assim como à inteligência daqueles a quem se dirigia, a fim de que todos o compreendessem e, sobretudo, escutassem.

Tudo isso para assegurar o bom desempenho de sua missão e conseguir que ela desse frutos no momento e no futuro: QUE FRUTIFICASSE PRIMEIRO PELA LETRA, DEPOIS PELO ESPÍRITO.
  

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