sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

13/05/1970
JESUS E SATANÁS - II

P - A ação libertadora da LBV, pela Pregação da Verdade,  brevemente será proclamada e aceita por todos os brasileiros e estrangeiros de BOA VONTADE. Como o Espírito da Verdade explica a origem de um "diálogo" entre Jesus e Satanás?

R - Como homem, Jesus, para os Apóstolos e discípulos, estava sujeito às necessidades da existência terrena e, portanto, às tentações do "demônio". Mas era, ao mesmo tempo, por efeito das impressões que lhes produzia a sua missão, UM GRANDE PROFETA. 

Em conseqüência das novas impressões que receberam, depois de terminada essa missão na Terra, passaram a considerá-lo MAIOR QUE TODOS OS PROFETAS que a Humanidade até então conhecera, incontestavelmente O FILHO DE DEUS, partilhando, portanto, da DIVINDADE DO PAI. Suscetível de ser tentado por Satanás, pensavam, ele o fôra e triunfara. De considerarem o que não passara de um ensinamento como sendo o resumo do que acontecera, durante a ausência de Jesus, entre ele e o "diabo", como sendo a súmula de fatos reais e materiais de que o Mestre participara, veio a IDÉIA DE UM DIÁLOGO que devera ter travado entre os dois. Se é certo que as palavras, de que usou Jesus, se apagara a lembrança na memória dos homens, certo é, também, que o pensamento, a substância e a realidade do ensino se conservaram

Para reconstituírem o diálogo, de acordo com o objetivo da lição, os Apóstolos e discípulos recorreram às Escrituras. De fato, confrontai as palavras que já vos revelamos, pronunciadas pelo Cristo, com a versão que se criou - sob a influência das tradições e dos comentários - e vereis que o sentido, o fundo e o pensamento são idênticos; que a alegoria, tomada ao pé da letra, pela maneira porque foi apresentada, a que no futuro seria compreendida espiritualmente pela inteligência, encerra o ensino de Jesus, mas transformado num fato material - o da tentação real feita por Satanás ao Cristo que, tendo sofrido essa prova, dela triunfou como homem e FILHO DE DEUS.

A transportação do Redentor para o cimo de uma alta montanha, depois para o pináculo do templo de Jerusalém, e ainda a fome que atribuíram - foram a conseqüência dos comentários. Do desaparecimento do Mestre pelo tempo, durante o qual, conforme às tradições, devia ele, como os profetas, permanecer em jejum no deserto, antes de iniciar sua missão, concluíram os Apóstolos e discípulos que, findo os quarenta dias e quarenta noites, NECESSARIAMENTE SENTIRA FOME, tanto mais quando coincidiram com a sua ausência as palavras que dirigiu ao povo, no momento mesmo em que reapareceu.

Ora, aplicando materialmente a Jesus essas palavras calcularam os Apóstolos e discípulos que, forçosamente, Satanás o transportara a dois lugares elevados, a um para lhe mostrar todos os reinos da Terra, a outro para - colocando-o no fastígio das grandezas humanas - lhe dizer que se precipitasse no espaço, atirando-se "dali a baixo". Não percais de vista a ignorância e a ingenuidade dos homens daquela época, dos Espíritos encarnados que se entregavam a tais comentários, relativamente às coisas terrenas. O cimo de alto monte e o pináculo do templo de Jerusalém foram os lugares mais próximos que acudiram à idéia dos Apóstolos e discípulos, que não compreendiam pudesse haver outros. Para eles o cimo de um monte elevado era o único lugar aonde o "diabo" poderia ter transportado Jesus, para lhe mostrar todos os reinos da Terra.

Quando atribuíam sentido material às palavras do Mestre relativas ao fastígio das grandezas humanas, ao qual o "demônio" o elevara para lhe dizer "LANÇA-TE DAQUI A BAIXO, POIS SERÁS AMPARADO", o único lugar que lhes parecia materialmente o ponto culminante das grandezas humanas, como elevação no espaço, era o pináculo do templo de Jerusalém. Os crentes aceitavam os fatos (do mesmo modo que hoje) como suas faculdades lhes permitiam. Os incrédulos os rejeitavam, como ainda os rejeitam, sem mais investigações. 

Afinal, A CRENÇA NUMA TENTAÇÃO MATERIAL TEVE SUA RAZÃO DE SER. O que se deu foi o que se devia dar, na marcha dos acontecimentos.

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