08/11/1970
BLASFÊMIA
CONTRA O ESPÍRITO SANTO
P -
Estamos estudando, no ponto em exame, os versículos 31 e 32 do Evangelho
segundo Mateus, 28 e 29 segundo Marcos, 10 segundo Lucas. O que mais nos prende
a atenção é esta afirmativa de Jesus: "TODOS OS PECADOS E BLASFÊMIAS SERÃO
PERDOADOS AOS HOMENS, MENOS A BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO, QUE NÃO O
SERÁ. O QUE ALGUÉM DISSER CONTRA O FILHO DO HOMEM SER-LHE-Á PERDOADO, MAS NÃO
TERÁ PERDÃO, NEM NESTE SÉCULO NEM NO FUTURO, O QUE ALGUÉM DISSER CONTRA O
ESPÍRITO SANTO". Como interpreta estas palavras o Espírito da Verdade?
R - Por
essa forma, Jesus patenteava, em primeiro lugar, a diferença que há entre ele
(não obstante a sua essência superior, na sua origem e na sua posição
espiritual) e o Senhor Onipotente, Criador do Universo.
Já sabeis
que, no entender dos judeus, O ESPÍRITO SANTO ERA A INTELIGÊNCIA MESMA DE DEUS.
FALANDO, POIS, ÀQUELES HOMENS DA BLASFÊMIA CONTRA O ESPÍRITO SANTO, JESUS SE
REFERIA À BLASFÊMIA CONTRA O PAI CELESTIAL, SENHOR DE TODOS OS MUNDOS. Consiste
a blasfêmia em negar a Deus, em acusar de injustiça ou erro Aquele que é TODO
AMOR, TODA A CIÊNCIA E TODA A JUSTIÇA, EM SUMA - A VERDADE ABSOLUTA.
Qual o
crime que se pode comparar a esse? A blasfêmia contra Deus não constitui a
maior ofensa que se lhe possa fazer? Se numa família, os filhos se revoltam
contra o irmão mais velho, ainda que este represente o Pai, cometerão falta
menor do que se insultarem e injuriarem o próprio pai. Ora, a mesma relação, no
que diz respeito ao Cristo, podeis estabelecer, lembrando-vos de que ele
personifica a Moral Divina que PREGOU MAIS POR EXEMPLOS DO QUE POR PALAVRAS.
Quanto
àquela "Ameaça de penas eternas", feita pelo Mestre, não existe. Para
os hebreus, de acordo com os seus preconceitos, escrituras e tradições, os
termos eternidade, na eternidade, eterno ou eternamente tinham dois sentidos,
podiam ser tomados em duas acepções diversas. No sentido absoluto quando
empregados relativamente a Deus, designavam a ETERNIDADE PROPRIAMENTE DITA. No
sentido relativo, quando empregados com relação aos homens, designavam uma duração
imensa, MAS POR MAIOR QUE FÔSSE, LIMITADA, CONDICIONADA A TER FIM.
Basta
verificar estas passagens do Velho Testamento: Êxodo, XV: 18 - "O Senhor
reinará para todo o sempre"; Miquéias, IV: 5 - "Porque todos os povos
andam cada um em nome do seu deus; mas, quanto a nós, andaremos em nome do
Senhor nosso Deus para todo o sempre"; Esdras, X: 3 - "Segundo o
conselho do Senhor e dos que tremem ao mandado do nosso Deus, tudo seja feito
segundo a Lei"; Josué, XIV: 9 - "Então Moisés naquele dia jurou,
dizendo: Certamente a terra será tua e de seus filhos, em herança perpétua,
pois perseveraste em seguir o Senhor meu Deus"; Isaías, LVII: 15-16 -
"Porque assim diz o Altíssimo, o sublime que habita a eternidade, o qual
tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas também moro com o
contrito e abatido de espírito. Pois não contenderei para sempre, nem me
indignarei continuamente; porque, do contrário, o espírito definharia diante de
mim e se extinguiria o fôlego da vida que Eu criei".
Proferindo
aquelas palavras dos versículos 31 e 32 de Mateus, 28 e 29 de Marcos, 10 de
Lucas (que só a Nova Revelação poderia explicar umas pelas outras, tornando-as
- perfeitamente reunidas todas - COMPREENSÍVEIS EM ESPÍRITO E VERDADE, À LUZ DO
NOVO MANDAMENTO), o Cristo entregava às interpretações humanas o conjunto
delas. E os homens as interpretaram falsamente, dando ao vocábulo ETERNIDADE
sentido absoluto, quando Jesus o empregara em sentido relativo. Não
compreenderam que, no pensamento do Mestre, se tratava de uma eternidade
relativa, de "mais de um século" de "mais do que o século
vindouro", modo pelo qual objetivava ele dar uma ideia da extensão do
castigo, da sua "duração imensa", qualquer que fosse a palavra dita
contra Deus, na intenção de negá-lo, de o acusar de erro ou de injustiça.
Entretanto,
não censureis os que erroneamente interpretaram as palavras de Jesus: REALMENTE,
TUDO TEM SUA RAZÃO DE SER, AS FALSAS INTERPRETAÇÕES HUMANAS, CAUSADAS PELO
ESTADO DAS INTELIGÊNCIAS, PELAS NECESSIDADES DA ÉPOCA E DOS TEMPOS QUE SE
SEGUIRAM, SERVIRAM ÀQUELE TEMPO E PREPARARAM O CAMINHO DA NOVA REVELAÇÃO.
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