segunda-feira, 22 de junho de 2015


10/11/1970
OS DOGMAS E AS VERDADES ETERNAS

P - A Igreja baseia sua crença no inferno e suas penas eternas em palavras de Jesus, como as que constam do capítulo em estudo. Que diz a isto, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?

R - Jesus se dirigia a homens cuja imaginação precisava ser despertada. Vede que o mesmo ainda hoje se dá: não usamos de idêntica linguagem, para com todos vós. Muitas vezes nos adaptamos às vossas fraquezas, aos vossos preconceitos e até mesmo ao ranço de sectarismo latente em vós, A FIM DE VOS CONDUZIRMOS GRADUALMENTE AS VERDADES QUE, REVELADAS DE CHOQUE, PODERIAM DETERMINAR O VOSSO AFASTAMENTO.

Jamais chocamos inutilmente as crenças humanas, enquanto possam conciliar-se com o progresso da Humanidade. Mas, desde que um Espírito fraco se apegue fortemente a este ou aquele dogma, a tal ou qual cerimônia, nós lhe dizemos lealmente: "O CULTO QUE AGRADA AO SENHOR É UNICAMENTE O CULTO QUE VEM DO CORAÇÃO; A SEUS OLHOS NENHUM VALOR TÊM OS ATOS EXTERIORES". 

Inversamente, aos fracos que necessitem de apoio para a sua crença, de uma barreira que os impeça de transpor certos limites, dizemos: "SERVI EM PLENA CONSCIÊNCIA, AO SENHOR DEUS: PRATICAI COM REGULARIDADE E SINCERA ATENÇÃO O VOSSO CULTO, QUALQUER QUE ELE SEJA; MAS, NÃO VOS DESCUIDEIS DO CULTO DA ALMA, TÃO GRATO AO PAI CELESTIAL. SOIS FRACOS E TENDES NECESSIDADE DE AMPARO; BUSCAI-O ONDE COSTUMAIS ENCONTRÁ-LO; MAS BUSCAI, TAMBÉM, O DOS VOSSOS AMIGOS CERTOS, OS ESPÍRITOS DO SENHOR, QUE VOS CERCAM E AUXILIAM, QUE CONHECEM O ÚNICO OBJETIVO QUE DEVEIS ALCANÇAR: A PAZ NA VIDA PRESENTE E A FELICIDADE NA VIDA FUTURA".

Como vedes, conformamos nossos ensinos com os preconceitos e as fraquezas humanas. Todavia, para que não haja obscuridade em nossas palavras, declaramos: jamais os conformamos com erros e faltas das crenças humanas, subordinando a Verdade Eterna à transitoriedade dos dogmas. Falamos a uns com doçura a outros com severidade, apropriando nossa linguagem ao caráter e às disposições de cada um. 

Ora, Jesus - sábio por excelência - soube muito melhor do que todos nós, tornar a lição compreensível de modo oportuno e útil, aos Espíritos obstinados que o ouviam. Por isso vos dizemos: NÃO HÁ, NUNCA HOUVE, DA PARTE DO MESTRE, AMEAÇAS DE PENAS ETERNAS. Entendei bem, portanto, estas palavras: "Aquele que houver blasfemado contra o Espírito Santo não achará perdão na eternidade, será réu de um delito eterno; não terá perdão nem neste século nem no futuro". O Cristo adequava a palavra à inteligência: A FALTA ACARRETA UM CASTIGO QUE PODEIS CONSIDERAR ETERNO, TENDO EM VISTA A MEDIDA DE QUE USAIS PARA MEDIR O TEMPO. O Espírito rebelde, que blasfema contra Deus, tem de sofrer longas provações para voltar ao cumprimento do dever.

Esse ato inaudito denota, no Espírito, um sentimento de rebelião e de orgulho que o levará a muitas quedas. Não concebeis que as diversas categorias de delito impliquem a ideia de maior ou menor perversidade? Necessariamente, quem cometer certa falta que, comparada a outra, seja leve, estará mais perto de se arrepender: e menos radicalmente vicioso, ficando entendido que A DIFERENÇA DE CULPABILIDADE RESULTA DA INTENÇÃO E NÃO DA CARÊNCIA DE OPORTUNIDADE. 

Não há caso algum em que o Espírito fique absolutamente excluído de perdão. Apenas, relativamente semelhante exclusão existe para o culpado pelo temor, que este experimenta, de que ela seja real, à vista do castigo e da sua duração. ESTA NADA É EM FACE DA ETERNIDADE, MAIS SE AFIGURA SER A PRÓPRIA ETERNIDADE ÀQUELE QUE NADA VÊ PARA ALÉM DOS ACANHADOS LIMITES DA SUA INTELIGÊNCIA.

Não tendes ouvido Espíritos culpados dizerem, por entre gemidos, que se acham condenados a penas eterna? E não sabeis que a existência neles, desta crença constitui um dos meios de os levar ao arrependimento? Não vedes como? Eis aqui: o rigor e a duração do castigo consomem as más energias do culpado. Cansado de sofrer, aterrorizado com a perspectiva de dores sem fim, ele se volta para si mesmo, olha com desespero para o seu passado, conta todas as faltas, todos os crimes que o precipitaram no abismo e, finalmente, exclama: "Ah! se eu pudesse começar tudo de novo!"

Os Espíritos, que os cercam logo tratam de intervir, impelindo-o a pesquisar SE TERÁ, MESMO, DE RECOMEÇAR E A SABER, COMO ELE O FARIA SE TIVESSE A NOVA OPORTUNIDADE. Pouco a pouco, o arrependimento lhe vai penetrando no íntimo, fazendo nascer a esperança do perdão, no influxo dessa esperança, o arrependimento que desenvolve; a expiação passa a ser suportada com paciência e resignação. Depois, à medida, que aquele se torna mais sincero e profundo, vem surgindo o desejo de reparar, de expiar e progredir, com o auxílio de novas provações. 

E DEUS PERDOA E CONCEDE AO CULPADO QUE SE ARREPENDEU E SUBMETEU A GRAÇA DA REENCARNAÇÃO.

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