10/11/1970
OS DOGMAS
E AS VERDADES ETERNAS
P - A Igreja baseia sua crença no inferno e suas penas eternas em palavras de Jesus, como as que constam do capítulo em estudo. Que diz a isto, pelo CEU da LBV, o Espírito da Verdade?
R - Jesus se dirigia a homens cuja imaginação precisava ser despertada. Vede que o mesmo ainda hoje se dá: não usamos de idêntica linguagem, para com todos vós. Muitas vezes nos adaptamos às vossas fraquezas, aos vossos preconceitos e até mesmo ao ranço de sectarismo latente em vós, A FIM DE VOS CONDUZIRMOS GRADUALMENTE AS VERDADES QUE, REVELADAS DE CHOQUE, PODERIAM DETERMINAR O VOSSO AFASTAMENTO.
Jamais chocamos inutilmente as crenças humanas, enquanto possam conciliar-se com o progresso da Humanidade. Mas, desde que um Espírito fraco se apegue fortemente a este ou aquele dogma, a tal ou qual cerimônia, nós lhe dizemos lealmente: "O CULTO QUE AGRADA AO SENHOR É UNICAMENTE O CULTO QUE VEM DO CORAÇÃO; A SEUS OLHOS NENHUM VALOR TÊM OS ATOS EXTERIORES".
Inversamente, aos fracos que necessitem de apoio para a sua crença, de uma barreira que os impeça de transpor certos limites, dizemos: "SERVI EM PLENA CONSCIÊNCIA, AO SENHOR DEUS: PRATICAI COM REGULARIDADE E SINCERA ATENÇÃO O VOSSO CULTO, QUALQUER QUE ELE SEJA; MAS, NÃO VOS DESCUIDEIS DO CULTO DA ALMA, TÃO GRATO AO PAI CELESTIAL. SOIS FRACOS E TENDES NECESSIDADE DE AMPARO; BUSCAI-O ONDE COSTUMAIS ENCONTRÁ-LO; MAS BUSCAI, TAMBÉM, O DOS VOSSOS AMIGOS CERTOS, OS ESPÍRITOS DO SENHOR, QUE VOS CERCAM E AUXILIAM, QUE CONHECEM O ÚNICO OBJETIVO QUE DEVEIS ALCANÇAR: A PAZ NA VIDA PRESENTE E A FELICIDADE NA VIDA FUTURA".
Como
vedes, conformamos nossos ensinos com os preconceitos e as fraquezas humanas.
Todavia, para que não haja obscuridade em nossas palavras, declaramos: jamais
os conformamos com erros e faltas das crenças humanas, subordinando a Verdade
Eterna à transitoriedade dos dogmas. Falamos a uns com doçura a outros com
severidade, apropriando nossa linguagem ao caráter e às disposições de cada
um.
Ora,
Jesus - sábio por excelência - soube muito melhor do que todos nós, tornar a
lição compreensível de modo oportuno e útil, aos Espíritos obstinados que o
ouviam. Por isso vos dizemos: NÃO HÁ, NUNCA HOUVE, DA PARTE DO MESTRE, AMEAÇAS
DE PENAS ETERNAS. Entendei bem, portanto, estas palavras: "Aquele que
houver blasfemado contra o Espírito Santo não achará perdão na eternidade, será
réu de um delito eterno; não terá perdão nem neste século nem no futuro".
O Cristo adequava a palavra à inteligência: A FALTA ACARRETA UM CASTIGO QUE
PODEIS CONSIDERAR ETERNO, TENDO EM VISTA A MEDIDA DE QUE USAIS PARA MEDIR O
TEMPO. O Espírito rebelde, que blasfema contra Deus, tem de sofrer longas
provações para voltar ao cumprimento do dever.
Esse ato
inaudito denota, no Espírito, um sentimento de rebelião e de orgulho que o
levará a muitas quedas. Não concebeis que as diversas categorias de delito
impliquem a ideia de maior ou menor perversidade? Necessariamente, quem cometer
certa falta que, comparada a outra, seja leve, estará mais perto de se
arrepender: e menos radicalmente vicioso, ficando entendido que A DIFERENÇA DE
CULPABILIDADE RESULTA DA INTENÇÃO E NÃO DA CARÊNCIA DE OPORTUNIDADE.
Não há
caso algum em que o Espírito fique absolutamente excluído de perdão. Apenas,
relativamente semelhante exclusão existe para o culpado pelo temor, que este
experimenta, de que ela seja real, à vista do castigo e da sua duração. ESTA
NADA É EM FACE DA ETERNIDADE, MAIS SE AFIGURA SER A PRÓPRIA ETERNIDADE ÀQUELE
QUE NADA VÊ PARA ALÉM DOS ACANHADOS LIMITES DA SUA INTELIGÊNCIA.
Não
tendes ouvido Espíritos culpados dizerem, por entre gemidos, que se acham
condenados a penas eterna? E não sabeis que a existência neles, desta crença
constitui um dos meios de os levar ao arrependimento? Não vedes como? Eis aqui:
o rigor e a duração do castigo consomem as más energias do culpado. Cansado de
sofrer, aterrorizado com a perspectiva de dores sem fim, ele se volta para si
mesmo, olha com desespero para o seu passado, conta todas as faltas, todos os
crimes que o precipitaram no abismo e, finalmente, exclama: "Ah! se eu
pudesse começar tudo de novo!"
Os
Espíritos, que os cercam logo tratam de intervir, impelindo-o a pesquisar SE
TERÁ, MESMO, DE RECOMEÇAR E A SABER, COMO ELE O FARIA SE TIVESSE A NOVA
OPORTUNIDADE. Pouco a pouco, o arrependimento lhe vai penetrando no íntimo,
fazendo nascer a esperança do perdão, no influxo dessa esperança, o
arrependimento que desenvolve; a expiação passa a ser suportada com paciência e
resignação. Depois, à medida, que aquele se torna mais sincero e profundo,
vem surgindo o desejo de reparar, de expiar e progredir, com o auxílio de novas
provações.
E DEUS
PERDOA E CONCEDE AO CULPADO QUE SE ARREPENDEU E SUBMETEU A GRAÇA DA
REENCARNAÇÃO.
Nenhum comentário:
Postar um comentário