03/12/1970
A PARÁBOLA DO TRIGO E DO JOIO
P - Uma passagem que desejamos ver explicada é a do joio semeado entre o
trigo. Como a interpreta, pelo CEU da LBV o Espírito da Verdade?
R - Evangelho segundo Mateus, XIII: 24-30.
24 - E Jesus lhes propôs outra parábola, dizendo:
"O reino dos céus é semelhante a um homem que
semeou bom grão no seu campo. 25 - Enquanto
os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou
joio no meio do trigo e se foi embora. 26 - A plan-
tação do homem germinou, cresceu e deu espigas,
mas com ela cresceu também o joio. 27 - Os ser-
vos do pai de família vieram dizer-lhe: - Senhor,
não semeastes bom grão no vosso campo? Como
é que nele há joio? 28 - Respondeu: - Foi o inimi-
go quem o semeou. Os servos lhe perguntaram: -
Quereis que vamos arrancá-lo? 29 - Ele replicou:
- Não, pois receio que, arrancando o joio, arran-
queis ao mesmo tempo o trigo. 30 - Deixai que
ambos cresçam juntos, até à ceifa. Quando che-
gar a hora de ceifar, direi aos ceifeiros: - Arran-
cai primeiro o joio e atai-o em feixes, para
ser
queimado; mas o trigo recolhei-o no meu celeiro."
Os Espíritos não se acham todos no mesmo grau de desenvolvimento. Entre
vós, uns são elevados, enquanto outros se encontram no início das suas
provações morais. Diante disso, seria cabível que - para se operar a renovação
da vossa geração espiritual - se condenasse toda a geração material a perecer
num novo dilúvio, semelhante ao de que falam os antigos? Não. O joio cresce ao
lado do bom grão DEPOIS EM CADA COLHEITA, O JOIO, PARA SE PURIFICAR, É LANÇADO
AO FOGO DA EXPIAÇÃO, AO MESMO TEMPO, QUE O BOM GRÃO É GUARDADO NOS CELEIROS DO
SENHOR.
Não vos equivoqueis quanto ao sentido das nossas palavras, ao falarmos
do dilúvio tal como é figurado. Quisemos, tão somente, apresentar-vos à
inteligência a ideia de uma calamidade geral. Se o dilúvio se houvesse
produzido nas condições em que o narram as tradições humanas, não teríamos dito
"semelhante ao de que falam os antigos". Não, não houve dilúvio no
sentido de cataclismo completo: Houve renovamentos parciais. As transformações
sucessivas, porque a Terra tem passado, desde que saiu do estado de fluidez
incandescente até aos vossos dias, são A OBRA DE REPARAÇÃO E DE PROGRESSO
GRADUAIS DOS REINOS MINERAL, VEGETAL, ANIMAL E HOMINAL, À QUAL SE SEGUIRÁ,
NATURALMENTE, A OBRA DE DEPURAÇÃO E TRANSFORMAÇÃO DOS FLUIDOS PLANETÁRIOS -
MINERAIS, VEGETAIS, ANIMAIS E HUMANOS.
Os elementos têm que mudar de natureza em cada nova fase que a
Humanidade atravessa. As matérias se depuram e progridem sob a ação espiritual,
e o solo tem de satisfazer às necessidades das gerações humanas que o
habitam.
As expressões "o inimigo" e "o inimigo do pai de
família", indicando aquele que semeou o joio, eram as que estavam ao
alcance dos homens a quem Jesus se dirigia. Não se fazia mister compreenderem o
que o Mestre lhes dizia? O Cristo, servindo-se delas, aludia às inteligências
do mal, encarnadas ou não, que trabalham por destruir no coração do homem as
sementes que os Bons Espíritos aí lançaram.
MAS O JOIO PODE CRESCER AO LADO DO BOM GRÃO, PORQUE ESTE, OU SEJA - O
CORAÇÃO PURO, REPELE A SEMENTE MÁ. O CONTATO COM ESTA, PORTANTO, NENHUM PREJUÍZO
LHE ACARRETA.
À pergunta dos servos: "Quereis que vamos arrancar o joio?"
Respondeu o pai de família: "Não, pois receio que, arrancando o joio,
arranqueis ao mesmo tempo o trigo". Ao compor este ponto da parábola, teve
Jesus em mira refrear o zelo dos Apóstolos que, levados pelo desejo de fazer
progredir a Humanidade, poderiam ir longe demais. À força de quererem reprimir
os abusos, poderiam chegar ao extremo de constranger os homens retos e, até, de
os afastar.
Nesse particular, dava ele, ainda, um ensinamento para o futuro. No
ensinar as Verdades Eternas, toda a ciência está em apropriá-las às
inteligências que as tenham de receber. Não sendo assim, um, por exemplo,
que teria aceitado a Moral Cristã, se não lhe fosse apresentada sob
aspecto condizente com o seu ponto de vista, dela se afasta e a rejeita, quer
ofuscado pela intensidade da luz que a envolve, quer atemorizado com as grandes
dificuldades que ela lhe deixa antever.
A ceifa, de que fala a parábola se dá na ocasião em que os Espíritos
voltam à sua condição de origem, isto é, AO ESTADO DE ESPÍRITOS, DESPOJADOS DE
SEUS CORPOS MATERIAIS REGRESSANDO AO MUNDO ESPIRITUAL. ELES O FAZEM - OU NO
ESTADO DE JOIO QUE TEM DE SER QUEIMADO, OU NO ESTADO DE BOM GRÃO, QUE SERÁ
RECOLHIDO AO CELEIRO DO PAI DE FAMÍLIA.
Verifica-se a primeira hipótese quando vão sofrer, na erraticidade, a
expiação, a depuração pelo fogo das torturas morais e, depois, a reencarnação
em mundos inferiores ao vosso, ou mesmo no vosso, conforme as tendências e à
culpabilidade para o fim de resgatarem as faltas e de progredirem mediante
novas provações. A segunda hipótese se verifica, evidentemente, quando
merecem ir para outros mundos superiores à Terra, onde continuarão a se
aperfeiçoar e a progredir.
Encarada por este duplo aspecto, a ceifa já foi, está sendo e será feita
ainda durante longo tempo. Por outro lado, considerada destes dois pontos de
vista, A ÉPOCA DA CEIFA DEFINITIVA SERÁ COM RELAÇÃO AO VOSSO PLANETA. AQUELA EM
QUE AO JOIO, NÃO MAIS SE PERMITA CRESCER AÍ AO LADO DO TRIGO, EM QUE O PRIMEIRO
SERÁ ARRANCADO E LANÇADO FORA PELA EXPULSÃO DE TODOS OS ESPÍRITOS QUE SE TENHAM
CONSERVADOS CULPOSOS E REBELDES.
Este se verão compelidos a afastar-se para mundos inferiores, desde que
na Terra só deva crescer o trigo, isto é, desde que ela tenha passado à fazer
parte do Reino de Deus, o que vale dizer: desde que se haja tornado
exclusivamente, morada de Bons Espíritos. Os ceifeiros, no caso são os
Espíritos Superiores, aos quais incumbe velar pelas expiações dos culpados na
erraticidade, e classificar os que, por terem cumprido suas provas, merecem
ascender aos orbes mais elevados que o vosso.
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