16/12/1970
NINGUÉM É
PROFETA EM SUA TERRA
P - Diz a
sabedoria popular que santo de casa não faz milagre. Lembramo-nos, então, das
palavras de Jesus: "Ninguém é profeta sem honra, senão em sua própria
terra e dentro de sua própria casa". Como o Espírito da Verdade analisa
essas palavras do Mestre?
R -
Harmonizemos Mateus, XIII: 53-58 e Marcos, VI: 1-6.
Mateus: 53 -
Tendo acabado de dizer essas parábolas,
Jesus partiu dali; 54 - e, voltando ao seu país os ins-
truía nas sinagogas de tal modo que, tomados de ad-
miração, eles diziam: "De onde lhe vêm esta sabedo-
ria e estes milagres? 55 - Não é ele o filho do carpin-
teiro? Sua mãe não é Maria? Tiago, José, Simão e Ju-
das não são seus irmãos? 56 - E suas
irmãs não vivem
todas entre nós? De onde, então, lhe vêm
todas essas
coisas?" 57 - Assim era que dele se escandalizavam.
Jesus, porém, lhes disse:
"Ninguém é profeta sem hon-
ra, senão em sua terra e dentro de sua
própria casa".
58 - E lá não fez muitos milagres por causa da incre-
dulidade deles.
Marcos: 1 - Saindo dali, voltou
Jesus a sua cidade, a-
companhado pelos discípulos. 2 - E,
chegando o dia de
sábado, começou a ensinar na Sinagoga. Muitos dos
que o ouviam, admirando-se da sua doutrina, diziam:
"De onde lhe vieram todas essas coisas? Que sabedo-
ria é essa que lhe foi dada? Como é
que suas mãos ope-
ram tais maravilhas? 3 -
Não é ele o carpinteiro filho
de
Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas,
e de Si-
mão? E, suas irmãs não estão aqui
entre nós?" E se es-
candalizavam dele. 4 -
Entretanto, Jesus lhes disse:
"Nenhum profeta é humilhado senão em
seu país, na
sua casa e entre os seus
parentes". 5 - E lá não pode fa-
zer nenhum milagre; apenas curou
alguns poucos do-
entes, impondo-lhes as mãos. 6 - E
se admirava da in-
credulidade deles. E continuava
percorrendo as aldei-
as dos arredores, a ensinar.
Relativamente
aos que eram tidos por irmãos ou irmãs de Jesus; à maternidade humana da Virgem
Maria, à paternidade humana de José - segundo o modo de ver dos homens - já
dissemos tudo o que precisáveis saber. Já sabeis de quem é o Filho, pela
revelação que vos fizemos, da origem espiritual de Jesus, do modo e das
condições em que se deu o seu aparecimento na Terra; do que foram a gravidez e
o parto de Maria; da genealogia do Mestre. Não temos, pois, de voltar a esses
pontos.
Versículos
57 de Mateus e 4 de Marcos - dizendo que ninguém é profeta sem honra senão em
sua terra e dentro da sua própria casa, tinha Jesus o intento de lembrar aos
que o ouviam O CARÁTER E A MISSÃO DE PROFETA QUE OS OUTROS HOMENS LHE DAVAM,
pois aqueles - supondo-o um homem como os demais, nas mesmas condições de
faculdades e de poderes que eles - se surpreendiam profundamente com a
sabedoria da sua doutrina, com as suas palavras, com os seus ensinamentos e COM
OS FATOS QUE PRODUZIA E QUE ERAM CONSIDERADOS MILAGRES. Do ponto de vista
espiritual, essas palavras de Jesus encerram profunda reflexão filosófica, da
mais alta categoria, e tendes verificado pessoalmente o seu valor.
Mateus,
58 - "E lá não fez muitos milagres por causa da
incredulidade deles". Não sabeis que a oposição dos
Espíritos, encarnados ou não, prejudica a boa influência que se possa exercer?
Jesus se o quisesse teria dominado prontamente aquela influência contrária.
Mas, que ele conseguiria? Que aqueles Espíritos, voluntariamente cegos, FOSSEM
FORÇADOS A VER? ELES, PORÉM, SE OBSTINARIAM EM FECHAR OS OLHOS E, DESDE ENTÃO,
PASSARIAM A MERECER CASTIGO MAIS SEVERO. Ora, o Mestre, com a infinita caridade
do seu coração, jamais provocou a revolta de qualquer Espírito, a fim de lhe
poupar o remorso da falta!
Marcos, 5
- "E lá não pode fazer nenhum milagre; apenas curou alguns
poucos doentes, impondo-lhes as mãos". Já dissemos que Jesus
"não pode fazer milagres" PORQUE NÃO QUIS EXERCER SUA AUTORIDADE
SOBRE OS ESPÍRITOS REBELDES. Portanto, não houve impotência, mas ausência de
vontade, o que, aos olhos dos homens, era tido por impossibilidade. NÃO SUCEDE,
MUITAS VEZES, EVITARDES FAZER UMA COISA OU FICARDES SEM PODER EXECUTÁ-LA, POR
SE APRESENTAR UM OBSTÁCULO QUE NÃO QUEREIS DESTRUIR?
A versão
de Marcos é equivalente à de Mateus. Ambos, em termos que pouco difere,
exprimem a mesma coisa: Marcos 6 - "E Jesus se admirava da incredulidade
deles". É este o modo humano de exprimir a opinião de homens que não viam
no Cristo mais que um homem igual aos outros. JESUS NÃO TINHA DE QUE SE
ADMIRAR. NEM PODIA ADMIRAR-SE DA INCREDULIDADE DOS QUE O OUVIAM, PORQUE LIA O
PENSAMENTO DE TODOS, OBSERVAVA OS INSTINTOS E AS TENDÊNCIAS DOS QUE COMPUNHAM A
MULTIDÃO.
ALÉM
DISSO, VIA OS ESPÍRITOS QUE ATUAVAM NELES, GRAÇAS AO LIVRE ARBÍTRIO DE CADA UM,
ATRAÍDOS POR AQUELES MAUS INSTINTOS E PAIXÕES INFERIORES: DO CONTRÁRIO, NÃO
SERIA O CRISTO DE DEUS.
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