ASSASSÍNIO E SUICÍDIO
P – Ainda em relação ao
Quinto Mandamento, no que tange ao prolongamento da vida, como explica o CEU da
LBV, o assassínio e o suicídio?
R – Novamente com a palavra
os Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: - No caso de
assassínio, o assassino não é instrumento cego da Providência Divina quando, em
determinado tempo, põe termo à prova de alguém que se destinara a essa
expiação. Assim procedendo, usou do seu livre arbítrio. O assassínio é
conseqüência do livre arbítrio de um e da escolha das provas, das expiações,
feitas pelo outro que, aplicando a si mesmo a pena de talião, buscou morrer –
ou de morte violenta, mas sem determinar em que época nem em que gênero seria a
morte, ou, então, de uma forma precisa: perecer assassinado. No primeiro caso,
se o assassino usa do livre arbítrio para domar suas paixões e perdoa àquele
que ia ser sua vítima, outra circunstância a este se apresentará, pondo fim às
suas provas. Estas se cumprirão, assim, conforme as resoluções que seu Espírito
escolheu, antes de reencarnar. No segundo caso, se o assassino procede da mesma
forma, os acontecimentos da vida aproximarão o que devia sofrer a prova (de
morrer assassinado) do outro em que os maus pendores predominam, para que se dê
o que tem que se dar. O assassino e a vítima, uma vez reencarnados, não se
lembram da escolha que fizeram, um – da prova que terá de sair vencedor ou
vencido, e que constitui, para ele, a luta contra uma tendência sobre a qual
lhe cumpre triunfar; o outro – da expiação por que deve passar, como meio de
preparação e depuração. Assim, não é por impulso próprio que a vítima caminha
para o local do matador. Entretanto, algumas vezes, ela prepara,
inconscientemente, o caminho que a conduz até lá, ou para lá é guiada pelos
Espíritos prepostos, sempre a vigiar o cumprimento das provas. Compreendei bem
o sentido destas últimas palavras: os guias não dirigem os atos do assassino;
dirigem o Espírito daquele que deve sofrer a expiação, dirigem os
acontecimentos que o conduzirão ao caminho, seja da prova, seja da expiação.
Não deduzais daí que à vítima o guia ou protetor dê por inspiração no momento
em que ela desperta, a lembrança da resolução que seu Espírito haja tomado
enquanto esteve desprendido, durante o sono: a de se colocar no rumo das
circunstâncias que tenham de leva-la ao cumprimento da expiação escolhida. Não:
isso seria um suplício moral infligido ao reencarnado, e a Divina Providência é
sempre piedosa para com seus filhos. Mas o próprio reencarnado ao despertar,
conserva uma impressão vaga, que se torna a determinante da sua vontade, dos
seus atos. Se a hora fixada pelas resoluções na Espiritualidade, quanto à época
da morte, não chegou e permanece irrevogável – por estar aquele que se acha
submetida à expiação cumprindo as obrigações de que há de resultar a duração de
seu corpo até ao fim das suas provas – os Espíritos prepostos Avelar pelo
cumprimento destas, as expiações, preparam e põem ao alcance dele os meios
próprios a subtraí-lo ao assassínio. E ele se salvará, qualquer que seja o
perigo que o ameace. No caso em que, praticando – pelo uso que faz da sua
existência – atos que constituam infração das obrigações que lhe era necessário
cumprir, para que o corpo lhe durasse até ao fim de suas provas (infração,
portanto, das suas resoluções na Espiritualidade), o homem detém o curso dessas
mesmas provas, ele apressa o instante da sua morte! Soa-lhe, então, a
hora de partir, porque, usando e abusando do seu livre arbítrio, pôs fim a
duração de seu corpo precipitando os meios pelos quais chegue esse fim. E que,
procedendo daquela forma, ele atraiu fluídos cuja ação, de conformidade com as
imutáveis leis naturais que os regem, prepara e executa a destruição do corpo,
a ruptura do laço que a este liga o Espírito – o cordão fluídico, a mola, o
instrumento, o meio de que depende a vida. E ao mesmo tempo que atraía aqueles
fluidos, ele repelia os apropriados à conservação do seu corpo. Quanto ao homem
que se deixa arrastar ao suicídio, é certo que ele usa do seu livre arbítrio,
quer quando atenta, de qualquer modo, contra a vida, quer quando afasta a arma
que dirigia contra si mesmo, ou renuncia ao projeto de matar-se e ao gênero de
morte que escolhera. Se, porém, a hora que ele – ao tomar suas resoluções na
Espiritualidade – fixou para morrer é e se conserva irrevogável, por terem
sido, de sua parte, cumpridas todas as obrigações que lhe importava cumprir,
para que seu corpo durasse até ao término de suas provas, os Espíritos
prepostos (a velar pelo cumprimento destas) prepararão, e lhe porão ao alcance
os meios adequados a se subtrair à morte. O suicídio abortará, ele será
salvo! Não concluais daí que o homem possa seguir, impunemente, o seu
pendor para o suicídio e a ele ceder atentando contra a própria vida porque, de
um lado, O SUICÍDIO É CRIME PERANTE DEUS e, de outro, o homem não sabe se
chegou, ou não, a hora da sua partida. A duração da existência é limitada, mas
o livre arbítrio do homem pode fazê-lo sucumbir ao mau pensamento de
interromper ele mesmo o curso da sua vida, ou leva-lo a dominar este
arrastamento culposo. Aquele que se suicidou, como o que morreu assassinado ou
de qualquer outra forma, sempre morreria mas de maneira diversa, de modo
natural, desde que houvesse chegado para ele a hora de partir: quer por haver
atingido o limite natural marcado para o fim da vida humana que segue o seu curso
regular; quer por haverem suas provas atingido o termo que ele lhes fixou, ao
tomar suas resoluções espirituais; quer, finalmente, por ter, pelos seus atos,
infringido as obrigações que precisava cumprir a fim de fazer que seu corpo
durasse até o termo daquelas provas. Cedendo ao arrastamento que lhe cumpria
combater, o gênero de morte, a que sucumbiu, resultou da sua escolha, mas ele
partiu porque chegou a hora de partir. Se tivesse combatido os pendores que o
impeliam a se matar, sairia vencedor da prova, não se veria condenado a recomeçar
nas mesmas condições. O sentimento, que induz o homem a suicidar-se, não
lhe nasce no íntimo instantaneamente. É um germe que se desenvolve devido à
tendência constitutiva de uma prova em que ele precisa triunfar. Se, em vez de
combater essa tendência, o homem se lhe entrega, morre culpado: faliu. Se, em
vez de se lhe entregar, investe contra a idéia de destruir a vida que Deus lhe
confiou, a hora da libertação, quando soar, o encontrará isento da mancha de
uma ação má, como também dos maus pensamentos que a teriam causado. Combatendo
as tendências que o impelem à destruição de si mesmo, evitando as causas que
poderiam leva-lo a tal ato de desespero, o suicida não cometeria esse crime. É
evidente que o homem pode evita-lo porque lhe é possível, pela força da sua
vontade sustentada na fé, repelir todas as tentações. Por isso aquele que
escolheu, como prova, resistir a tentação do suicídio, pode sair vencedor na
luta. A bondade de Deus lhe faculta os meios; cabe-lhe alcançar a vitória
porquanto – nas provas em que o homem, para purificar o seu Espírito no cadinho
da reencarnação, é chamado a vencer suas tendências – Deus lhe deixa a
liberdade de escolher entre o Bem e o Mal. Assim, há sempre luta, com
possibilidades de derrota ou de triunfo. Na prova do suicídio, quer triunfe,
quer sucumba, morre sempre no tempo preciso. Mas Deus, por efeito da sua
presciência, vê se o homem vencerá ou sucumbirá. De qualquer forma sempre lhe
respeita a inviolabilidade do livre arbítrio. É o que vos temos a dizer sobre o
instante da morte, o qual, se fosse fatal, como falsamente muitos o consideram,
de modo absoluto e em todos os casos, seria um atentado ao livre arbítrio do
homem, arrastando-o, inevitavelmente, ao fatalismo irresponsável.