quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 

 

OS MAGOS – III

 

P – Disse o Espírito da Verdade: “Os magos tinham mais curiosidade de verificar um fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo”. Quais o sentido e o alcance dessa afirmativa?

 

R – Os magos acreditavam na existência e na comunicação dos Espíritos e com estes se comunicavam, pelos processos mediúnicos; os ensinos dos Espíritos, porém, eram proporcionados ao desenvolvimento das inteligências e necessidades da época. Claro que, então, como agora, existiam as mediunidades. A cada um elas eram deferidas, ou de acordo com a sua organização, ou de acordo com o grau alcançado de adiantamento, de estudo e experimentação. Tinham conhecimento do magnetismo e do sonambulismo; do desprendimento da alma no estado sonambúlico e durante o sono; da faculdade que a alma possui, de – nesse estado de desprendimento – comunicar-se com os Espíritos, quer sob a influência magnética, quer em sonho, durante o sono. Tendo sido, enquanto dormiam, avisados do “nascimento” de Jesus, a lembrança que, ao despertarem, guardavam do aviso, os deixou em dúvida: fora um sonho, isto é, uma revelação espiritual de fatos que lhes eram preditos, e que haviam de ocorrer, ou uma visão falsa, uma alucinação? Só depois que deram com a “estrela”, e que a viram pôr-se a caminho, a dúvida se lhes dissipou e, guiados por ela, foram a Jerusalém, onde ela parou. A dúvida ainda os empolgava, no momento em que a resposta dos príncipes dos sacerdotes, dos escribas, ou doutores do povo, lhes indicou Belém como o lugar onde estaria o Cristo de Deus, o chefe a quem caberia guiar o povo de Israel. Por isso mesmo, foram tomados de extremo júbilo quando, depois de receberem as ordens de Herodes, viram de novo aparecer a “estrela” e notarem que se punha outra vez em marcha, para guia-los. A fé se lhes tornou, porém, completa quando, detendo-se a “estrela” sobre o casal, aí entraram encontrando o “menino” com Maria. Então, prosternando-se, o adoraram, nele reconhecendo o Filho de Deus, que descera à Terra para regenerar a raça humana. E abrindo os tesouros que traziam, lhe ofereceram, por presentes, ouro, incenso e mirra.

 

P – Em face do trecho: “Tudo na imensidade está submetido à Lei da Harmonia Universal; portanto, uma estrela (o que vale dizer – um mundo) não se afastaria do centro de gravitação, que lhe fora imposto, para vagamundear pelo espaço, como lanterna em mãos de um Guia” – quais são os elementos, o fim e o destino do que se chama estrela cadente?

 

R – As estrelas cadentes não são mundos colocados num centro de gravitação, mas sim fluidos condensados e inflamados, procurando o ponto de atração a que devam reunir-se, para completarem suas combinações e formarem planetas. Mas isso sai do quadro do nosso trabalho e, portanto, não iremos mais longe. Apenas vos fazemos notar: primeiro, que – nas palavras que acabais de citar – falávamos dos mundos formados e que ocupam seu centro de gravitação; segundo, que estas palavras não estão em desacordo com o deslocamento que os planetas (como explicaremos mais tarde, quando falarmos da marcha ascensional do vosso) têm de realizar em suas peregrinações progressivas, porquanto os séculos, de acordo com as leis imutáveis da Natureza, podem fazer o que não seria possível, sem perturbação, no espaço mensurável de uma viagem humana; terceiro, que as estrelas cadentes, ou amálgamas de fluidos inflamados, em busca do centro a que se tenham de juntar, operam sua evolução com a rapidez do pensamento enquanto que a “estrela” dos magos se deslocou à frente deles, na marcha lenta ou regular de homens que viajam, praticando – como guia de seus passos – um ato inteligente.

 

 

 

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