A VIDA DE JESUS – V
P – Somos gratos ao Centro
Espiritual Universalista (CEU) da LBV pelos esclarecimentos preciosos sobre a
vida do “menino” Jesus. Que aconteceu com ele em Jerusalém? E na volta?
R – Os que lhe ignoram a
origem espiritual e a natureza do corpo – não “fantástico e absurdo”, conforme
a expressão dos doutores presunçosos – mas perispirítico, dizem: – “Que fez
Jesus durante os três dias? Se aquele menino de doze anos não andou vagando
sozinho na escuridão da noite, quem o recolheu?” Perguntas naturais, partindo
dos que consideram Jesus um homem como vós outros. Entretanto, os que
estudam as línguas e, por conseqüência, os costumes orientais, poderiam dar
testemunho de que era freqüente ver, sob àqueles céus, homens, mulheres e
crianças passando a noite ao relento, envoltos nas suas capas. Em face do
conhecimento que vos demos da origem do cristo, do seu corpo fluídico inacessível
a todas as contingências da matéria, podeis compreender que o “menino” não
se atormentou por uma pousada, não teve de se afadigar em busca de um albergue.
Os que propõem tais questões deviam propor-las com humildade, com o sentimento
da sua ignorância, com o desejo sincero de se esclarecerem, jamais com a
incredulidade insolente, negando as manifestações espirituais e as REVELAÇÕES
PROGRESSIVAS, que trazem aos homens os segredos do além, a ciência das relações
do mundo visível com o MUNDO INVISÍVEL, a Luz e a Verdade, as vias e meios da
evolução moral e intelectual – pelo saber, pela caridade e pelo amor. Eis o que
aconteceu com o “menino” nos seus três dias em Jerusalém: ao abrir-se o templo,
ele entrava com a multidão e com a multidão saía, quando o templo se fechava.
Uma vez fora, e longe dos olhares humanos, desaparecia, despojando-se do
seu invólucro fluídico e das vestes que o cobriam, as quais, confiadas à guarda
dos Espíritos prepostos a essa missão, eram transportadas para longe da vista e
do alcance dos homens. Voltava para as regiões superiores, onde pairava e ainda
paira, nas alturas dos esplendores celestes, COMO ESPÍRITO PROTETOR E GOVERNADOR
DA TERRA. Ao reabrir-se o templo, reaparecia entre os homens, retomando o
perispírito tangível e suas vestes, que o faziam passar por criatura humana,
como outra qualquer. Quanto à resposta que deu à Virgem Maria, nem ela nem José
a compreenderam, porque ambos, no momento, supuseram que ele se referia ao
segundo como pai, e não ao Pai Celestial, cujo reinado viera preparar no vosso
mundo. Os que acham perfeitamente claro o sentido destas palavras, tais como se
encontram no Evangelho: “Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita
ao serviço de meu pai?”, e entendem que devia ser claro, também, para Maria e
José, uma vez que o Anjo lhes anunciara ser Jesus “Filho de Deus” – esses
esquecem que em José e Maria, revestidos da carne, imperava a imperfeição das
faculdades humanas. Desde o “nascimento” – já o dissemos – Jesus vivia, aos
olhos de seus “pais”, uma vida ordinária, no sentido de que seus atos
exteriores não apresentavam nenhum cunho de singularidade, relativamente aos
homens, nada havendo neles que lhe caracterizasse a origem extra-humana. A
impressão produzida pela revelação e pelos fatos que se lhe seguiram, até ao
regresso do Egito, se havia apagado, pouco a pouco. A palavra pai,
referida a José, foi o único ponto que, no momento, os impressionou, sem que,
entretanto, o houvessem compreendido. TUDO O QUE É DE CARNE É OBTUSO. Se a
existência de Jesus não causava espanto à Virgem Maria (nem a José), é que,
quando ela pensava na origem do “filho”, a inteligência se lhe toldava, com
tanto mais razão quanto era necessário que a natureza do “menino”, tal
como a revelação o anunciara, não fosse ainda conhecida. Não vos admireis que
Maria e José tenham referido ao último, como o pai, a resposta de Jesus, nem de
que Maria, dirigindo-se a este, se exprimisse desta forma: – “Meu filho, aqui
estamos eu e teu pai, que aflitos te procurávamos”. Não só a Virgem se
acreditava mãe de Jesus, por encarnação humana, e ao mesmo tempo divina e
milagrosa, como também Jesus lhe chamava mãe. E, devendo José passar, perante
os homens, por ser o pai de Jesus, este até então lhe chamava pai.
Não viste que – quando José pretendeu repudiar Maria – o Anjo lhe disse que a
tomasse por esposa, sem lhe denunciar a gravidez? Ele, portanto, estava
ciente de que devia passar por ser o pai do menino. E, com efeito, do momento
em que – apesar do estado de gravidez, embora esta fosse aparente – a mulher
foi aceita, José se reconheceu o pai do nascituro. Ele ignorava quanto tempo
esse “erro” devia durar. Repetimos: no trato com José, Jesus lhe dava o título
de pai, o que dirigiu para ele o pensamento de Maria, ao ouvir a
resposta do “filho”: – “Não sabeis ser preciso que me ocupe com o que respeita
ao serviço de meu pai?” Esta resposta do Cristo foi a primeira referência feita
à missão que vinha desempenhar na Terra.
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