A VIDA DE JESUS – II
P – Compreendemos, hoje, que
realmente “a letra mata, o espírito vivifica”. Sem o véu da letra é
completamente outra a explicação do Evangelho! O Espírito da Verdade poderia
dar novos ensinamentos sobre a “vida humana” de Jesus?
R – Jesus tinha de ser, aos
olhos dos homens, primeiro – um homem tal como vós, revestido da libré
material, exatamente como os profetas da lei antiga; depois – cumprida sua
missão terrena, UM DEUS MILAGROSAMENTE ENCARNADO, em conseqüência da divulgação
do que o Anjo segredara a José e Maria (revelação que se mantivera até então
secreta), e em conseqüência também das interpretações humanas dadas a essa
revelação, as quais prepararam o reinado da letra, transitoriamente
necessário, como condição e meio de progresso; finalmente – um homem como
qualquer um de vós quanto ao invólucro corporal e, ao mesmo tempo, quanto ao
Espírito, um Deus: portanto, um Homem-Deus. Sendo a todos vós revelada,
neste momento, a origem espiritual de Jesus (que se conservou oculta até hoje),
também terá de ser conhecido tudo o que se manteve secreto. Trazemos, por isso,
a missão de vos dizer qual foi a aparente vida humana de Jesus, desde o
instante da sua aparição no vosso planeta (chamada, na linguagem humana, “seu
nascimento”), até a época em que surgiu no templo entre os doutores; o que foi
feito dele durante os três dias que passou em Jerusalém, tendo a aparência de
um menino de doze anos; qual a sua vida aparente desde essa época até quando,
às margens do Jordão, entrou em missão publicamente, aparentando ser um
homem de trinta anos. Tudo, na “vida humana” de Jesus, foi apenas aparente, mas
se passou em condições tais que, para os homens, houve ilusão, assim como para
José e Maria, devendo todos acreditar na sua “humanidade”, quando ele tão
somente revestia um perispírito tangível e, como tal, INACESSÍVEL ÀS
NECESSIDADES FISIOLÓGICAS DA VOSSA EXISTÊNCIA MATERIAL. Quando Maria (sendo
Jesus pequenino, na aparência) lhe dava o seio, o leite era desviado pelos
Espíritos Superiores que o cercavam, de um modo bem simples: em vez de ser “sorvido”
pelo menino, que dele não precisava, era restituído à massa do sangue por uma
ação fluídica, exercida sobre a Virgem, inconsciente dela. Não vos espanteis de
que o leite fosse assim restituído à massa do sangue. Não admitis que o químico
possa, pela síntese compor e, pela análise, decompor, à sua vontade, um líquido
qualquer, restituindo a cada parte heterogênea a natureza que lhe é própria?
Então podeis admitir, também, que a ação fluídica dos espíritos Superiores –
que conhecem todos os segredos da vossa organização e da vossa vida humana –
possa decompor assim o leite derramado e restituir cada uma de suas partes
componentes à fonte de origem. Que os incrédulos, ou materialistas, encolham
desdenhosamente os ombros: nem por isso os FATOS serão menos reais. E a
experiência já adquirida, por efeito dos trabalhos de síntese e análise,
executados pela química sobre a matéria, não basta para vos explicar o fato
(que se tornará evidente pela experiência, que em breve tereis) da PROPRIEDADE
DOS FLUIDOS? Se um magnetizador, no interesse de uma doente, quiser deter a
circulação e a emissão do leite, este não deixará de circular e de sair? Como
podereis, então, pretender que a nossa influência sobre vós seja menor que a
influência que vós mesmos exerceis, uns sobre os outros? Não estranheis, ainda,
que Maria tivesse leite, só porque não sofrera a maternidade e era Virgem. A
maternidade não é uma condição absoluta para que se produza o leite, que não
passa de uma decomposição do sangue, determinável por diversas causas. Neste
particular, há exemplos freqüentes, não só entre as mulheres, mas também entre
animais. A virgindade nada influi em tais casos. Não vos detenhais neste ponto:
são fatos conhecidos. Em Maria, a decomposição se operou porque o sangue, por efeito
do magnetismo espiritual e de uma ação fluídica, foi lactificado.
Depois, por ocasião da amamentação aparente, o leite que se formara, a seu
turno, era decomposto e cada uma de suas partes restituída à massa do sangue. A
amamentação da infância não era, então, o que é hoje: a mãe amamentava o filho
por todo o tempo em que o leite se formava nela. Daí vem que isso se prolongava
até contar a criança dois ou três anos, idade em que já vivia a correr,
sobretudo naqueles climas. Lembrai-vos de que os homens daquela época, e
principalmente, daqueles países, tinham costumes diferentes dos vossos: lá,
ávida se passava tanto fora como dentro das habitações: as crianças, logo que
sabiam equilibrar-se, iam correr aos bandos, onde bem lhes agradava; ou se
isolavam, segundo seus gostos e caracteres. Durante tais ausências, comiam
frutos ou mel silvestres, não constituindo mais o leite a alimentação
exclusiva. A amamentação se adaptava às condições da natureza, e cessava quando
o menino sabia, mais ou menos, prover a necessidade do seu sustento. Haveis de
compreender que, nesse período do aparecimento de Jesus, diante da natureza
perispirítica da sua aparente corporeidade humana, tudo se havia de realizar
nas mais fáceis condições; tudo tinha de concorrer para o fim visado, e
concorreu; aconteceu, exatamente, o que tinha de acontecer.
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