BOA
VONTADE – III
P – Disse o Espírito da
Verdade, referindo-se aos magos: “Tinham mais curiosidade de verificar um
fato duvidoso do que plena confiança nas palavras do Anjo”. Daí devemos
concluir que receberam uma revelação espiritual?
R – Sim, explicaremos este
ponto quando tratarmos da visita dos magos a Belém.
P – Quais o sentido e o
alcance destas palavras do versículo 14: “Glória a Deus nas alturas, Paz
na Terra aos homens da Boa Vontade de Deus”?
R – Nas alturas (no
mais alto dos céus) exprime a elevação indefinível do Altíssimo. Homens da
Boa Vontade de Deus são os que se consagram ao serviço do Senhor, não
vivendo em retiro ocioso e fazendo macerações, mas consagrando a inteligência,
a força e o tempo ao bem de seus irmãos, glorificando o Criador pelo trabalho,
que é a prece do coração, pela caridade e pelo amor.
P – Por estas palavras do
versículo 15: “Logo que os Anjos se retiraram para o céu” se deve
entender: “Logo que os bons Espíritos se afastaram no espaço e deixaram
de ser visíveis aos pastores”?
R – Sim, mas há uma
explicação mais precisa ou mais exata: logo que cessou o estado de êxtase em
que se achavam os pastores; logo que, voltando à opressão da carne, eles
deixaram de ver.
P – Que devemos entender
pela expressão “o céu”, com relação a Deus e para Deus?
R – Não procureis nessa
expressão, de que tanto abusam as religiões, um lugar determinado, onde o
Senhor se localize. Muito mesquinho é o espírito humano para pretender encerrar
o Infinito no céu, como um potentado em seu palácio! Como explicar-vos a vós
que não podeis fazer idéia da imensidade sem limites, o que sejam Deus, sua
grandeza, seus atributos, o infinito das suas perfeições? Não podendo definir
um ideal dessa magnitude, alguns homens cujas idéias ultrapassavam as do vulgo,
quiseram fazer Deus tão grande que lhe “aniquilaram” a personalidade! Outros,
confinados na estreiteza de suas cerebrações, o fizeram tão pequeno que as
igrejas, que lhe edificaram são vastas demais para o conterem! Adotai o termo
médio entre essas duas hipóteses: DEUS É, NA IMENSIDADE, O INFINITO. Porque o
ESPÍRITO é de tal modo puro que bem poucos Espíritos podem vê-lo, frente a
frente; de tal modo poderoso que irradia por todos os mundos SEM JAMAIS SE
DIVIDIR, conservando sua individualidade eternamente indivisível. Para
inteligências limitadas como as vossas, só podemos comparar materialmente Deus
com o Sol que vos ilumina, centro único para o vosso planeta – (claro é um
termo de comparação) – de luz, de calor, de vida e fecundidade, quer se mostre
aos vossos olhos em todo o seu brilho, quer o encubram os sombrios vapores que
se elevam da superfície da terra. Deus, o ponto individual-central no infinito,
em torno do qual gravitam todos os mundos do Universo, espalha sobre todos eles
o seu calor, a sua vida, a sua luz, a sua fecundidade inconcebível, mas bem
poucos podem gozar da fecundidade de lhe ver os raios luminosos! Os vapores que
se evolam de vossas almas culposas formam ainda uma atmosfera espessa, através
da qual alguns desses raios passam, de quando em quando, geralmente depois de
uma tempestade, para vos lembrar que, logo que as nuvens borrascosas se tenham
dissipado, Ele brilhará por sobre vós, em toda a sua pureza, em todo o seu
esplendor. Pobre linguagem humana, que poder é o teu pêra exprimir pelas
palavras DEUS, o Ideal, o Imenso, o Infinito, o Eterno? O céu é imensidade sem
limites em que se movem todos os seres, na ânsia de se aproximarem do centro de
atração universal – DEUS – a cujos pés se vem grupar tudo aquilo que é
perfeito. Mais adiante, no momento oportuno, vos daremos as explicações que
deveis receber, com relação a Deus quando tratarmos do Evangelho de João.
P – Em face do versículo 17,
quais o sentido e o alcance dos versículos 18 e 19?
R – A aparição do Anjo aos
pastores, a daquela multidão da milícia celeste, a narração que os mesmos
pastores fizeram do que viram e ouviram, tinham por objeto e por finalidade
esclarecer cada vez mais os homens, chamar ainda mais a atenção e as meditações
de Maria para a natureza e importância da sua missão, e dar a todos a
confirmação de que aquele menino que Deus lhe confiara e do qual ela se
acreditava mãe, por uma operação divina, era o Cristo, o Messias
prometido, anunciado – desde Moisés – pelos profetas da Lei Antiga.
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