A VIDA DE JESUS – III
P – Só mesmo o Espírito da
Verdade nos pode revelar tantas maravilhas da vida do Mestre! Poderia dizer
como se processou a criação do “menino” Jesus?
R – Como é natural, Jesus se
criou como todos os meninos precoces da sua idade, tendo falado e andado
muito mais cedo que as outras crianças, revelando aos olhos dos homens, como os
de Maria e de José, precocidade excepcional. Antes de chegada a época de cessar
a amamentação ordinária, começou ele a ir para os campos, sozinho ou com os
outros meninos. Mas, depois, passou a andar sempre sozinho, a separar-se das
demais crianças, a se afastar de suas vistas, sem jamais pedir de comer ao
voltar para casa. Acreditavam todos que se alimentara, como o faziam seus
infantis companheiros, de fruto ou de mel silvestre. E, sendo a atenção da
Virgem Maria desviada, para que não se preocupasse com os cuidados
maternos, ninguém cogitava de “alimentar” o menino de modo diferente. Sem compreender
o motivo, Maria não era a mãe humana que prevê todas as necessidades do
filho e as previne. Ela sentia, instintivamente, que o seu não precisava dessa
vigilância. Junto dele, cumpria muito pouco dos deveres que a maternidade impõe
às mulheres. Não se conclua daí que fosse “mãe indiferente”. Isso quer dizer,
apenas, que – guiada pelos Espíritos seus protetores e amigos – se abstinha de
cuidados e atenções inúteis. Diante disso, podeis concluir que, ainda muito
pequenino, Jesus – com a liberdade que os costumes dos pais lhe permitiam –
estava sempre ausente da casa paterna. Por vezes, desaparecia no momento mesmo
em que Maria preparava o repasto e deixava passar a hora da refeição. Quando
José e Maria o procuravam, ou esperavam, ele dizia: “Não tendes por que vos
inquietar e me procurar”. As solicitações, que lhe dirigiam, para com eles
tomar parte na refeição, respondia: “Não tenho necessidade de coisa alguma”.
Dessa resposta nascia a crença de que o “menino” se alimentava de frutos e mel
silvestre. Assim principiou Jesus a se ausentar, desde que, de acordo com os
costumes e usos do país, isso se tornou possível a um menino como ele, de
precocidade muito superior à de todos os outros. E suas ausências se foram
fazendo, pouco a pouco e sucessivamente, mais e mais longas, a fim de a elas
habituar seus “pais”, para que estes não se preocupassem com a sua “alimentação
humana”. Já o dissemos e repetimos: os Espíritos protetores de Maria a
predispunham a estar de acordo com os desígnios de Jesus. A Virgem sentia, como
José, também colocado sob as mesmas influências, que o “menino” tinha
aspirações e tendências diversas das de todos aqueles que o cercavam, sem por
isso admitirem que ele não fosse o que parecia ser. Aos olhos dos
homens, os atos exteriores de Jesus não apresentavam nenhum cunho de
singularidade. Gostava da solidão e seus hábitos eram tidos como “quase
selvagens”, visto não conviver com os meninos de sua idade. Aos olhos dos
pais, sua alimentação era frugal. Como não o vissem definhar, estavam certos
de que lhe aprazia viver de frutos e mel silvestre, a exemplo do que faziam
muitos pastores. Julgavam que ele podia viver assim; que as raras ocasiões que
tinha, de se alimentar desse modo, lhe bastariam. Notai que não vos dizemos que
ele se alimentava dessa maneira: dizemos, unicamente, que seus pais
acreditavam que assim fosse. Notai, igualmente, que – falando das refeições
de Maria supunha serem tomadas pelo “filho” – não vos dissemos que essas
refeições fossem regradas como as vossas, porque as ausências de Jesus não eram
regulares e periódicas. Maria não estranhava essa forma de viver, porque se
lembrava da origem do filho, tida por ela e por José, como origem milagrosa.
De tal modo impressionados de achavam seus corações, tão viva fé os animava,
tal elevação moral dos dois, que em ambos tinham grande e fácil acesso às
inspirações dos Espíritos Superiores, quando lhes “sugeriam” o pensamento e a
resolução de não se preocuparem com aquele gênero de vida. Desde alguns anos
antes de sua ida a Jerusalém, e do seu aparecimento no templo entre os
doutores, Jesus, não raro, se ausentava por um ou muitos dias. Sempre que isso
se dava, ele dizia: “Vou orar”, isto é, vou falar com meu Pai Celestial.
As vezes, passava alguns dias com a família, sem participar das refeições,
porque nele o corpo – dada a sua natureza perispirítica, sob a aparente
corporeidade humana – ERA INACESSÍVEL A TODA E QUALQUER ALIMENTO MATERIAL.
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