quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

 

 

ASSASSÍNIO E SUICÍDIO

 

P – Ainda em relação ao Quinto Mandamento, no que tange ao prolongamento da vida, como explica o CEU da LBV, o assassínio e o suicídio?

 

R – Novamente com a palavra os Evangelistas assistidos pelos Apóstolos e por Moisés: - No caso de assassínio, o assassino não é instrumento cego da Providência Divina quando, em determinado tempo, põe termo à prova de alguém que se destinara a essa expiação. Assim procedendo, usou do seu livre arbítrio. O assassínio é conseqüência do livre arbítrio de um e da escolha das provas, das expiações, feitas pelo outro que, aplicando a si mesmo a pena de talião, buscou morrer – ou de morte violenta, mas sem determinar em que época nem em que gênero seria a morte, ou, então, de uma forma precisa: perecer assassinado. No primeiro caso, se o assassino usa do livre arbítrio para domar suas paixões e perdoa àquele que ia ser sua vítima, outra circunstância a este se apresentará, pondo fim às suas provas. Estas se cumprirão, assim, conforme as resoluções que seu Espírito escolheu, antes de reencarnar. No segundo caso, se o assassino procede da mesma forma, os acontecimentos da vida aproximarão o que devia sofrer a prova (de morrer assassinado) do outro em que os maus pendores predominam, para que se dê o que tem que se dar. O assassino e a vítima, uma vez reencarnados, não se lembram da escolha que fizeram, um – da prova que terá de sair vencedor ou vencido, e que constitui, para ele, a luta contra uma tendência sobre a qual lhe cumpre triunfar; o outro – da expiação por que deve passar, como meio de preparação e depuração. Assim, não é por impulso próprio que a vítima caminha para o local do matador. Entretanto, algumas vezes, ela prepara, inconscientemente, o caminho que a conduz até lá, ou para lá é guiada pelos Espíritos prepostos, sempre a vigiar o cumprimento das provas. Compreendei bem o sentido destas últimas palavras: os guias não dirigem os atos do assassino; dirigem o Espírito daquele que deve sofrer a expiação, dirigem os acontecimentos que o conduzirão ao caminho, seja da prova, seja da expiação. Não deduzais daí que à vítima o guia ou protetor dê por inspiração no momento em que ela desperta, a lembrança da resolução que seu Espírito haja tomado enquanto esteve desprendido, durante o sono: a de se colocar no rumo das circunstâncias que tenham de leva-la ao cumprimento da expiação escolhida. Não: isso seria um suplício moral infligido ao reencarnado, e a Divina Providência é sempre piedosa para com seus filhos. Mas o próprio reencarnado ao despertar, conserva uma impressão vaga, que se torna a determinante da sua vontade, dos seus atos. Se a hora fixada pelas resoluções na Espiritualidade, quanto à época da morte, não chegou e permanece irrevogável – por estar aquele que se acha submetida à expiação cumprindo as obrigações de que há de resultar a duração de seu corpo até ao fim das suas provas – os Espíritos prepostos Avelar pelo cumprimento destas, as expiações, preparam e põem ao alcance dele os meios próprios a subtraí-lo ao assassínio. E ele se salvará, qualquer que seja o perigo que o ameace. No caso em que, praticando – pelo uso que faz da sua existência – atos que constituam infração das obrigações que lhe era necessário cumprir, para que o corpo lhe durasse até ao fim de suas provas (infração, portanto, das suas resoluções na Espiritualidade), o homem detém o curso dessas mesmas provas, ele apressa o instante da sua morte! Soa-lhe, então, a hora de partir, porque, usando e abusando do seu livre arbítrio, pôs fim a duração de seu corpo precipitando os meios pelos quais chegue esse fim. E que, procedendo daquela forma, ele atraiu fluídos cuja ação, de conformidade com as imutáveis leis naturais que os regem, prepara e executa a destruição do corpo, a ruptura do laço que a este liga o Espírito – o cordão fluídico, a mola, o instrumento, o meio de que depende a vida. E ao mesmo tempo que atraía aqueles fluidos, ele repelia os apropriados à conservação do seu corpo. Quanto ao homem que se deixa arrastar ao suicídio, é certo que ele usa do seu livre arbítrio, quer quando atenta, de qualquer modo, contra a vida, quer quando afasta a arma que dirigia contra si mesmo, ou renuncia ao projeto de matar-se e ao gênero de morte que escolhera. Se, porém, a hora que ele – ao tomar suas resoluções na Espiritualidade – fixou para morrer é e se conserva irrevogável, por terem sido, de sua parte, cumpridas todas as obrigações que lhe importava cumprir, para que seu corpo durasse até ao término de suas provas, os Espíritos prepostos (a velar pelo cumprimento destas) prepararão, e lhe porão ao alcance os meios adequados a se subtrair à morte. O suicídio abortará, ele será salvo! Não concluais daí que o homem possa seguir, impunemente, o seu pendor para o suicídio e a ele ceder atentando contra a própria vida porque, de um lado, O SUICÍDIO É CRIME PERANTE DEUS e, de outro, o homem não sabe se chegou, ou não, a hora da sua partida. A duração da existência é limitada, mas o livre arbítrio do homem pode fazê-lo sucumbir ao mau pensamento de interromper ele mesmo o curso da sua vida, ou leva-lo a dominar este arrastamento culposo. Aquele que se suicidou, como o que morreu assassinado ou de qualquer outra forma, sempre morreria mas de maneira diversa, de modo natural, desde que houvesse chegado para ele a hora de partir: quer por haver atingido o limite natural marcado para o fim da vida humana que segue o seu curso regular; quer por haverem suas provas atingido o termo que ele lhes fixou, ao tomar suas resoluções espirituais; quer, finalmente, por ter, pelos seus atos, infringido as obrigações que precisava cumprir a fim de fazer que seu corpo durasse até o termo daquelas provas. Cedendo ao arrastamento que lhe cumpria combater, o gênero de morte, a que sucumbiu, resultou da sua escolha, mas ele partiu porque chegou a hora de partir. Se tivesse combatido os pendores que o impeliam a se matar, sairia vencedor da prova, não se veria condenado a recomeçar nas mesmas condições. O sentimento, que induz o homem a suicidar-se, não lhe nasce no íntimo instantaneamente. É um germe que se desenvolve devido à tendência constitutiva de uma prova em que ele precisa triunfar. Se, em vez de combater essa tendência, o homem se lhe entrega, morre culpado: faliu. Se, em vez de se lhe entregar, investe contra a idéia de destruir a vida que Deus lhe confiou, a hora da libertação, quando soar, o encontrará isento da mancha de uma ação má, como também dos maus pensamentos que a teriam causado. Combatendo as tendências que o impelem à destruição de si mesmo, evitando as causas que poderiam leva-lo a tal ato de desespero, o suicida não cometeria esse crime. É evidente que o homem pode evita-lo porque lhe é possível, pela força da sua vontade sustentada na fé, repelir todas as tentações. Por isso aquele que escolheu, como prova, resistir a tentação do suicídio, pode sair vencedor na luta. A bondade de Deus lhe faculta os meios; cabe-lhe alcançar a vitória porquanto – nas provas em que o homem, para purificar o seu Espírito no cadinho da reencarnação, é chamado a vencer suas tendências – Deus lhe deixa a liberdade de escolher entre o Bem e o Mal. Assim, há sempre luta, com possibilidades de derrota ou de triunfo. Na prova do suicídio, quer triunfe, quer sucumba, morre sempre no tempo preciso. Mas Deus, por efeito da sua presciência, vê se o homem vencerá ou sucumbirá. De qualquer forma sempre lhe respeita a inviolabilidade do livre arbítrio. É o que vos temos a dizer sobre o instante da morte, o qual, se fosse fatal, como falsamente muitos o consideram, de modo absoluto e em todos os casos, seria um atentado ao livre arbítrio do homem, arrastando-o, inevitavelmente, ao fatalismo irresponsável.

 

 

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