quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 

 

BOA VONTADE – II

 

P – Falando da revelação feita, primeiro aos pastores, depois aos magos, disse o Espírito da Verdade: “destinada a transpor todas as classes; começando pelos degraus inferiores de escala, terá de subir até ao ápice”. Que significam estas palavras?

 

R – São um conselho e um exemplo que se vos dão. Deveis, antes de tudo, LEVAR A BOA NOVA AOS DESERDADOS DO VOSSO MUNDO, que são os mais ansiosos, sem todavia esquecerdes as classes (entre vós) mais elevadas. Vedes, no Evangelho, que o Anjo avisa os pastores e se retira, por saber que eles têm o coração simples e reto. Ele os vigia, mas invisivelmente; ao passo que conduz os magos, mostrando-lhes sempre ao longo do caminho, a estrela que os guiará. E ele os conduz assim por saber que as grandezas mundanas os podem desviar e, portanto, é preciso mantê-los continuamente atentos. Que o Anjo que os avisou vos sirva de exemplo: imitai-º Consagrai àqueles de vossos irmãos, que o mundo considera ínfimos, as primícias dos vossos cuidados e a maior parcela da vossa Boa Vontade. Mas nem por isso desprezeis os “felizes” da Terra, porquanto a eles é que se aplicam no seu verdadeiro sentido, estas palavras, cujo significado as interpretações humanas falsearam: “Muitos os chamados, poucos os escolhidos”. Muitos os chamados e poucos os escolhidos, sim, porque bem poucos sabem aproveitar os meios que a Bondade Divina lhes pôs nas mãos, para progredir e impulsionar o progresso de seus irmãos. Sem dúvida, a felicidade na Terra é uma provação mais suave que a pobreza e a miséria, MAS TAMBÉM MUITO MAIS DIFÍCIL DE SER LEVADA A TERMO. Felizes do mundo, escutai: as riquezas que possuis, não vos foram distribuídas para satisfação vossa; não é para vossa ventura que os acontecimentos estão sempre de acordo com os vossos desejos e necessidades. Não! Não é para vosso gozo material, para incrementar o vosso orgulho, o vosso egoísmo. Nas riquezas tereis de procurar um benefício moral vindouro. Os bens terrestres vos são concedidos como instrumento, meio de amor e caridade para com vossos irmãos, de progresso moral e intelectual para eles e para vós. A esses bens, que Deus vos emprestou, deveis dar um emprego generoso e útil. Não devem servir para desfrutardes vida voluptuosa, mas para suavizardes os sofrimentos dos desgraçados. Não devem contribuir para viverdes na ignorância e na preguiça, mas para adquirirdes a ciência que o estudo, sempre tão dispendioso, vos pode proporcionar; depois tereis de espalhar esse benefício, de mãos cheias, GRATUITAMENTE, por aqueles que carecem de recursos, ou para fazerdes que outros espalhem fartamente a educação tão necessária ao povo, se – por ser limitada a vossa inteligência – não puderdes realiza-la. Não é para vosso regalo exclusivista que tendes esses bens. Não deveis dizer, jamais: “Tenho sorte, minha estrela brilha sempre, tudo me sorri”. Primeiro deveis agradecer a Deus vosso destino; depois, que este se reflita sobre todos aqueles que, menos felizes, estão sujeitos a provações morais e materiais, às vezes tão pesadas! A todos esses, sem tardança, daí o excesso da vossa fortuna. Consolai, alentai, moralizai, ponde-vos na situação dos que sofrem, ajudai-os a suportar o peso de seus infortúnios, não superficialmente, com os lábios apenas, mas com o amor que vem do fundo do coração. Praticai a justiça, o amor e a caridade, em todos os sentidos – material, moral, intelectual e espiritual. Então, sim, não mais vos diremos MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS, porque do Alto o Senhor vos lançará um olhar de complacência. E, assim como o ia atrai o ferro, Ele vos atrairá ao seu amor, para receberdes a coroa dos eleitos.

 

 

 

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