BOA
VONTADE – II
P – Falando da revelação
feita, primeiro aos pastores, depois aos magos, disse o Espírito da Verdade:
“destinada a transpor todas as classes; começando pelos degraus inferiores de
escala, terá de subir até ao ápice”. Que significam estas palavras?
R – São um conselho e um
exemplo que se vos dão. Deveis, antes de tudo, LEVAR A BOA NOVA AOS DESERDADOS
DO VOSSO MUNDO, que são os mais ansiosos, sem todavia esquecerdes as classes
(entre vós) mais elevadas. Vedes, no Evangelho, que o Anjo avisa os pastores e
se retira, por saber que eles têm o coração simples e reto. Ele os vigia, mas
invisivelmente; ao passo que conduz os magos, mostrando-lhes sempre ao longo do
caminho, a estrela que os guiará. E ele os conduz assim por saber que as
grandezas mundanas os podem desviar e, portanto, é preciso mantê-los
continuamente atentos. Que o Anjo que os avisou vos sirva de exemplo: imitai-º
Consagrai àqueles de vossos irmãos, que o mundo considera ínfimos, as primícias
dos vossos cuidados e a maior parcela da vossa Boa Vontade. Mas nem por isso
desprezeis os “felizes” da Terra, porquanto a eles é que se aplicam no seu
verdadeiro sentido, estas palavras, cujo significado as interpretações humanas
falsearam: “Muitos os chamados, poucos os escolhidos”. Muitos os chamados e
poucos os escolhidos, sim, porque bem poucos sabem aproveitar os meios que a
Bondade Divina lhes pôs nas mãos, para progredir e impulsionar o progresso de
seus irmãos. Sem dúvida, a felicidade na Terra é uma provação mais suave que a
pobreza e a miséria, MAS TAMBÉM MUITO MAIS DIFÍCIL DE SER LEVADA A TERMO.
Felizes do mundo, escutai: as riquezas que possuis, não vos foram distribuídas
para satisfação vossa; não é para vossa ventura que os acontecimentos estão
sempre de acordo com os vossos desejos e necessidades. Não! Não é para vosso
gozo material, para incrementar o vosso orgulho, o vosso egoísmo. Nas riquezas
tereis de procurar um benefício moral vindouro. Os bens terrestres vos
são concedidos como instrumento, meio de amor e caridade para com vossos irmãos,
de progresso moral e intelectual para eles e para vós. A esses bens, que Deus
vos emprestou, deveis dar um emprego generoso e útil. Não devem servir para
desfrutardes vida voluptuosa, mas para suavizardes os sofrimentos dos
desgraçados. Não devem contribuir para viverdes na ignorância e na preguiça,
mas para adquirirdes a ciência que o estudo, sempre tão dispendioso, vos pode
proporcionar; depois tereis de espalhar esse benefício, de mãos cheias,
GRATUITAMENTE, por aqueles que carecem de recursos, ou para fazerdes que outros
espalhem fartamente a educação tão necessária ao povo, se – por ser limitada a
vossa inteligência – não puderdes realiza-la. Não é para vosso regalo
exclusivista que tendes esses bens. Não deveis dizer, jamais: “Tenho sorte,
minha estrela brilha sempre, tudo me sorri”. Primeiro deveis agradecer a Deus
vosso destino; depois, que este se reflita sobre todos aqueles que, menos
felizes, estão sujeitos a provações morais e materiais, às vezes tão pesadas! A
todos esses, sem tardança, daí o excesso da vossa fortuna. Consolai, alentai,
moralizai, ponde-vos na situação dos que sofrem, ajudai-os a suportar o peso de
seus infortúnios, não superficialmente, com os lábios apenas, mas com o amor
que vem do fundo do coração. Praticai a justiça, o amor e a caridade, em todos
os sentidos – material, moral, intelectual e espiritual. Então, sim, não mais
vos diremos MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS, porque do Alto o Senhor
vos lançará um olhar de complacência. E, assim como o ia atrai o ferro, Ele vos
atrairá ao seu amor, para receberdes a coroa dos eleitos.
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