quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

 

 

A VIDA DE JESUS – VII

 

P – Visto que Maria e José nenhum perigo deviam recear para seu “filho”, pois o Anjo lhes anunciara ser ele “O FILHO DE DEUS”, como se explica a ansiedade de ambos, quando perceberam que Jesus não regressara com eles de Jerusalém?

 

R – Já vos dissemos que José e Maria, revestidos da carne, estavam necessariamente sujeitos à imperfeição das faculdades humanas; que Jesus, aos olhos deles, vivia uma vida comum, no sentido de que seus atos exteriores não apresentavam nenhum cunho de singularidade, relativamente aos homens, e nada lhe caracterizava a origem extra-humana; que o impacto produzido pela revelação e pelos fatos que se lhe seguiram, até ao regresso do Egito, se havia apagado, pouco a pouco, que tudo o que é de carne é, inevitavelmente, obtuso; que, se a vida de Jesus não causava espanto à Virgem, quando pensava na origem do “filho”, é que sua inteligência se encontrava, amiúde, turbada a esse respeito. É preciso não esquecer que Jesus, aos olhos de Maria e de José, tinha, como eles, um corpo carnal e uma vida frágil. Lembrai-vos de que o Anjo dissera a José que levasse o “menino” para o Egito, a fim de salva-lo da fúria de Herodes. Ora, a lembrança dessa revelação e desses fatos lhes acudiu quando o “menino” estava perdido, pois não voltara com ambos de Jerusalém. Que há de surpreendente em que, recordando-se da revelação e dos fatos, os dois ficassem, por isso mesmo, inquietos? A fuga para o Egito, aos olhos de Maria e de José, como aos olhos de todos, teve por fim A PRESERVAÇÃO DA VIDA DO MENINO JESUS. Na realidade, porém, considerando a utilidade, as condições e o desempenho da missão terrena do Cristo, e principalmente os frutos que devia produzir, aquela fuga não teve por fim, segundo os desígnios do Senhor, preservar a vida do “menino” (de outros meios dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado), mas sim afastá-lo para o tornar conhecido. Jesus não devia aparecer senão em certas épocas, antes de começar PUBLICAMENTE SUA MISSÃO. A experiência humana deve bastar, para vos fazer concluir que, SE ELE ESTIVESSE CONTINUAMENTE EXPOSTO, AS ATENÇÕES SE TERIAM ESGOTADO, E A CONSEQÜÊNCIA SERIA (AO CHEGAR O TEMPO DETERMINADO) NÃO CONSEGUIR ATUAR TANTO SOBRE AS INTELIGÊNCIAS. Assim se explica o “mistério” dos “ignorados” dezoito anos da vida de Jesus (da aparição no templo, entre os doutores, até ao início do seu divino apostolado). Acabamos de vos dizer: “A fuga para o Egito não teve por fim preservar a vida do “menino”, pois de outros meios dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado”. Nós falamos assim com relação aos homens, ao aspecto sob o qual encaram os fatos. Nenhum ato humano (vós o sabeis pela revelação que fizemos da origem do Cristo), podia atentar contra a sua aparente “vida humana”, dada a natureza perispiritual do seu corpo. E os fatos (entendei-o bem e nunca o percais de vista) nós o consideramos sempre com relação aos homens e lhes apropriamos à vossa linguagem.

 

 

 

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