A VIDA DE JESUS – VII
P – Visto que Maria e José
nenhum perigo deviam recear para seu “filho”, pois o Anjo lhes anunciara ser
ele “O FILHO DE DEUS”, como se explica a ansiedade de ambos, quando perceberam
que Jesus não regressara com eles de Jerusalém?
R – Já vos dissemos que José
e Maria, revestidos da carne, estavam necessariamente sujeitos à imperfeição
das faculdades humanas; que Jesus, aos olhos deles, vivia uma vida comum, no
sentido de que seus atos exteriores não apresentavam nenhum cunho de
singularidade, relativamente aos homens, e nada lhe caracterizava a origem
extra-humana; que o impacto produzido pela revelação e pelos fatos que se lhe
seguiram, até ao regresso do Egito, se havia apagado, pouco a pouco, que tudo o
que é de carne é, inevitavelmente, obtuso; que, se a vida de Jesus não causava
espanto à Virgem, quando pensava na origem do “filho”, é que sua inteligência
se encontrava, amiúde, turbada a esse respeito. É preciso não esquecer que
Jesus, aos olhos de Maria e de José, tinha, como eles, um corpo carnal e uma
vida frágil. Lembrai-vos de que o Anjo dissera a José que levasse o “menino”
para o Egito, a fim de salva-lo da fúria de Herodes. Ora, a lembrança dessa
revelação e desses fatos lhes acudiu quando o “menino” estava perdido, pois não
voltara com ambos de Jerusalém. Que há de surpreendente em que, recordando-se
da revelação e dos fatos, os dois ficassem, por isso mesmo, inquietos? A fuga
para o Egito, aos olhos de Maria e de José, como aos olhos de todos, teve por
fim A PRESERVAÇÃO DA VIDA DO MENINO JESUS. Na realidade, porém, considerando a
utilidade, as condições e o desempenho da missão terrena do Cristo, e
principalmente os frutos que devia produzir, aquela fuga não teve por fim,
segundo os desígnios do Senhor, preservar a vida do “menino” (de outros meios
dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado), mas sim afastá-lo para
o tornar conhecido. Jesus não devia aparecer senão em certas épocas, antes de
começar PUBLICAMENTE SUA MISSÃO. A experiência humana deve bastar, para vos
fazer concluir que, SE ELE ESTIVESSE CONTINUAMENTE EXPOSTO, AS ATENÇÕES SE
TERIAM ESGOTADO, E A CONSEQÜÊNCIA SERIA (AO CHEGAR O TEMPO DETERMINADO) NÃO
CONSEGUIR ATUAR TANTO SOBRE AS INTELIGÊNCIAS. Assim se explica o “mistério” dos
“ignorados” dezoito anos da vida de Jesus (da aparição no templo, entre os
doutores, até ao início do seu divino apostolado). Acabamos de vos dizer: “A
fuga para o Egito não teve por fim preservar a vida do “menino”, pois de outros
meios dispunha Deus para consegui-lo, se o tivesse desejado”. Nós falamos assim
com relação aos homens, ao aspecto sob o qual encaram os fatos. Nenhum ato
humano (vós o sabeis pela revelação que fizemos da origem do Cristo), podia
atentar contra a sua aparente “vida humana”, dada a natureza perispiritual do
seu corpo. E os fatos (entendei-o bem e nunca o percais de vista) nós o
consideramos sempre com relação aos homens e lhes apropriamos à vossa
linguagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário