JESUS, O CRISTO – III
P – Ainda hoje, decorridos
quase dois mil anos, é duro pregar aos homens as Verdades Divinas. Já dizia
Jesus: “O Espírito está pronto, mas a carne é fraca”. Como poderão as criaturas
entender a missão sublime de Jesus na Terra?
R – Infinita é a paciência
do Bom Pastor. Ao viver pessoalmente entre vós, viu o Mestre que o valor
espiritual do homem devia ser realçado. Seus deveres tinham de ser maiores.
Durante todo o tempo da sua missão terrena, Jesus foi considerado como um homem
igual aos outros, como um profeta encarnado na matéria humana, exatamente como
os profetas da antiga lei. Os homens só o tomaram pelo próprio Deus depois do
sacrifício do Gólgota, depois do seu reaparecimento chamado “ressurreição” e
pela lembrança dos atos que praticara e que todos chamavam de “milagres”.
Dar-lhes a conhecer os segredos do além seria atraí-los a um terreno perigoso.
Ainda não estavam fortes para se preservarem do perigo das relações com o mundo
invisível para receberem e aceitarem a Lei da Reencarnação, com seus princípios
e suas conseqüências. Por tanto tempo tinham tremido sob o bastão de ferro de
Moisés, na linha do olho por olho, dente por dente, que não entenderiam
o Deus de Amor. Ou então, fiados no perdão eterno do Pai de infinita
misericórdia, nenhum esforço tentariam mais no sentido do progresso. O Espírito
Redentor, portanto, não lhes falaria aos sentidos. Profundamente materiais,
eles precisavam da matéria idealizada, que os preparasse para a
compreensão da vida espiritual. Entendidas estas palavras, já vos podemos
falar: o tempo – cerca de vinte séculos – e as reencarnações sucessivas,
trazendo consigo a expiação, a reparação, a depuração – vos prepararam para o
entendimento das coisas espirituais. À matéria – a letra; à inteligência – o
espírito. Chegaram os tempos de ser totalmente revelada a origem espiritual de
Jesus. A letra já deu seus frutos, agora mata; soou a hora do espírito, que
vivifica. O aparecimento de Jesus entre os homens não foi um fato aberrante das
leis da natureza. Há, como sabeis, mundos inferiores e mundos superiores. Quanto
mais o Espírito se depura, tanto mais se afasta dos instintos materiais. Quanto
mais perto se encontra das encarnações primitivas, tanto mais se entrega às
necessidades que o aproximam do animal. O mesmo se dá com todas as necessidades
da existência material, que se diversificam e vão desaparecendo à medida que o
Espírito se depura. À proporção que sobe na escala dos mundos, mais as leis da
carne e, portanto, os meios de reprodução se aperfeiçoam e espiritualizam. A
UNIÃO DA MATÉRIA PARA FORMAR A MATÉRIA é uma das condições inerentes à vossa
inferioridade e só existe nos mundos materiais como a Terra. Já nos mundos
superiores, sufIcientemente elevados, A VONTADE CONSTITUI A BASE DA LEI DE
REPRODUÇÃO. A vontade é que a provoca, operando – sob a ação magnética – a
reunião dos fluidos adequados no seio da família onde esta vontade se
manifesta. Em tais mundos, o Espírito surge por ENCARNAÇÃO FLUÍDICA, isto é,
por incorporação. Ao chegar ao planeta, encontra os fluidos necessários à sua
incorporação e, por isso mesmo, a executa com o auxílio daqueles fluidos, na
família que o vai receber e tutelar. A vontade (ou desejo dos pais) o chama, e
essa mesma vontade exerce atração sobre os fluidos que, associando-se ao
perispírito, e sendo por este assimilados, compõem – de acordo com as leis do
vosso planeta – UM CORPO RELATIVAMENTE SEMELHANTE AO VOSSO. Os laços que ligam
os pais aos filhos são mais fortes do que entre vós, e não são suscetíveis –
como no vosso mundo – de se desfazerem ou afrouxarem, por isso que os pais e
filhos compreendem toda a extensão deles. Nesses mundos elevados não há
macho e fêmea, no sentido que dais a estas palavras. Os instintos
experimentam algumas variações, mas nada tem de comum com os vossos sentidos
materiais. É difícil (e mesmo inútil, agora) dar-vos explicações que não
podereis apreender. Sabei, unicamente, que há diferença de sexos, sob o ponto
de vista moral e fluídico. Essa diferença provém da que existe na natureza e na
propriedade dos fluidos, assim como no emprego que se lhes dá, no estado de
encarnação ou incorporação. Sabei, também, que o moral e o físico sempre estão
ligados um ao outro em todas as esferas, e que os fluidos servem para exprimir
os sentimentos e as faculdades do Espírito. Disso, tendes aí um exemplo, ainda
que muito material: o Espírito que encarna sobre a influência da matéria. Que é
a matéria? Fluidos espessados e solidificados, do mesmo modo que o gelo dos
rios é uma concentração do leve vapor que deles se desprende sob a ação dos
raios solares. Nos mundos superiores, o amor (que os homens tanto profanam)
existe em grande desenvolvimento, mas sempre em condições de pureza. Quanto
mais o Espírito se eleva, tanto mais viva se lhe desenha na memória a miragem
do passado.
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