A LETRA MATA
P – Estamos radiantes com as
lições do Centro Espiritual Universalista da LBV, preparatórias da UNIFICAÇÃO
DAS QUATRO REVELAÇÕES DE JESUS. Qual o processo que o CEU adotará para análise
da Segunda Revelação?
R – O Apóstolo Paulo deixou
uma advertência que vos deve orientar: “A letra mata, o Espírito vivifica” (II
aos Coríntios, III: 6). Antes, o Mestre de Paulo, e de todos os Apóstolos,
declarou: “O Espírito é que vivifica; a carne de nada serve. As palavras que Eu
vos digo são Espírito e vida” (Evangelho segundo João, VI: 64). Agora, damos
início à Segunda Revelação, começando pelos Evangelhos Sinóticos (Mateus,
Marcos e Lucas), reunidos e harmonizados para facilitar o entendimento do povo,
usando a linguagem mais simples do Unificador.
LUCAS, I: 1-4 – 1 – Tendo
muitas pessoas empreendido escrever a história das coisas realizadas entre nós,
2 – de acordo com que nos transmitiram aqueles que, desde o princípio, as viram
com seus próprios olhos e foram os ministros da Palavra, 3 – pareceu-me,
excelentíssimo Teófilo, conveniente, - depois de haver informado exatamente
dessas coisas, desde o seus início – narrar-te toda a série delas, 4 – para que
conheças a verdade da doutrina em que foste instruído.
Os Evangelistas eram, sem o
saberem, médiuns historiadores inspirados, mas dentro dos liames da humanidade,
guardando em face da aptidão carismática, a independência da natureza que lhes
era peculiar. Assim, quando escreviam, captavam a intuição dos que os
auxiliavam em suas narrativas. Escreviam, ou de acordo com o que tinham visto,
ou com o que lhes fora revelado por aqueles que – como diz Lucas – viram com
seus próprios olhos as coisas, desde o princípio, e foram os ministros da
Palavra. Mas a intuição lhes vinha da Inspiração Divina, por intermédio de
Espíritos Superiores, que desempenhavam o papel de ministros de Deus, agindo
sobre a natureza humana, livre e falível de cada um deles. O homem precisa
compreender que, seja qual for o objetivo que se lhe dê por meta, forçoso é se
humanizem os meios postos à sua disposição; por conseguinte, esses meios se
tornam imperfeitos, PORQUE NADA HÁ DE IMPECÁVEL NAS OBRAS HUMANAS. A cada
Evangelista cabia, no quadro geral, uma parte da narração. Os tradutores e
interpretadores, frequentemente, falsearam a intenção primitiva. As palavras
dos Apóstolos passaram de boca em boca, durante muito tempo, antes que fossem
escritas, o que deu causa, de certo modo, às diferenças que se notam nos
Evangelhos. Levando em conta o que, nas relações mediúnicas há de
particularmente humano, e por isso capaz de embaraça-las, tereis desvendado o
segredo dessas diferenças, aliás POUCO IMPORTANTES EM SI MESMAS. Não podendo
deixar de ser assim, os Evangelistas – em certos casos que vos serão
assinalados – ficavam privados da inspiração, entregues ao próprio critério em
alguns pontos da narrativa, oriundos da voz pública, até que o ESPÍRITO DA
VERDADE VIESSE EXPLICÁ-LOS E TORNÁ-LOS COMPREENSÍVEIS. As divergências
apontadas servem, exatamente, para atestar a autenticidade dos Evangelhos. Se
os Evangelhos tivessem sido falsificados, não somente pela errônea
interpretação dos tradutores, nada seria mais fácil que pô-los de acordo todos
quatro. As divergências, repetimos, DEVEM SER CONSIDERADAS COMO A
CARACTERÍSTICA DA VERACIDADE DELES. Visto que sempre há erro em tudo o que é
humano, as diferenças nos Evangelhos são devidas à condição humana dos
narradores, que conservavam a independência da natureza que lhes era
particular, ainda quando sob a inspiração que os auxiliava. Mas essas
disparidades não atingem, absolutamente, nem a base nem os elementos da
REVELAÇÃO MESSIÂNICA, isto é: nem a origem, senão divina no sentido próprio da
palavra, ao menos perfeitamente pura e imaculada do Cristo; nem sua missão de
AMOR AINDA INCOMPREENDIDO que é a do Novo Mandamento; nem a Doutrina que
pregou, Doutrina que não é sua, mas do Pai que o enviou; nem as verdades
eternas que trouxe; nem suas predições e promessas; nem o modo velado pela
letra, da revelação que o Anjo (ou Espírito Superior) fez a Maria e José, do
seu aparecimento e da sua passagem pela Terra; nem sua vida humilde, pura,
irrepreensível, quer do ponto de vista humano, quer do ponto de vista
espiritual; nem os fatos chamados milagres, operados por ele durante a sua
permanência entre os homens; nem sua “morte” infamante; nem o desaparecimento
do seu corpo de dentro do sepulcro, não obstante estar selada a pedra que o
fechava; nem sua “ressurreição”, nem suas aparições às mulheres e aos
discípulos; nem sua volta definitiva à natureza espiritual que lhe era própria,
na época denominada “ascensão”. Sendo assim fiéis, cada um dentro do seu
quadro, os Evangelhos se explicam e se completam mutuamente, formando o
conjunto da obra da REVELAÇÃO MESSIÂNICA. Não vos agarreis às contradições de
palavras ou diferenças de minúcias, todas secundárias, sem nenhum valor, e que
não afetam a mensagem do Mestre. Olhai com mais amplitude para a tarefa que vos
foi confiada: revelar os “mistérios”, que darão a conhecer aos povos, em
Espírito e Verdade, quem é o Filho e prepara-los para saber quem é o
Pai. Tendes de patentear aos olhos de todos a Verdade, tal como precisa ser
vista e admirada, mas nos seus fatos principais, não em particularidades sem
importância alguma. O tempo corre, vossas horas estão contadas, não as
desperdiceis em tardanças inúteis. Ocupai-vos com os fatos graves, que possam
alterar a fé ou que tenham sido adulterados pela tradição. Passai, sem vos
deterdes, pelas críticas baseadas em minudências, dignas de prender somente a
atenção das crianças ou adultos pueris, evitando controvérsias que não vos
edificam. Não confundais nunca, nos Evangelhos, as palavras ditas pelo Mestre,
os atos por ele praticados, as revelações e os acontecimentos reais, com o que,
em tais narrativas, reflete e reproduz, como havia de suceder, as
impressões, opiniões e interpretações dos homens da época, feitas de acordo com
seus preconceitos, ou com as tradições relativas a essas palavras, a esses
atos, revelações e acontecimentos, à natureza e ao caráter que revestiam. Reuni
e harmonizai os versículos que, nos Evangelhos segundo Mateus, Marcos e Lucas,
se correspondem, a fim de, submetendo a um só comentário os Sinóticos,
evitardes as repetições. Os Evangelhos são um conjunto de fatos ocorridos,
ligados entre si, sem estarem sujeito a uma ordem cronológica. Ao comentardes
separadamente o Evangelho segundo João, ainda para evitar repetições, vos reportareis
as explicações necessárias que já tiverdes recebido, com relação aos pontos
correspondentes, nos três primeiros. A este respeito, todavia, seguireis a
direção que vos dermos, e fareis sob os nossos olhos a classificação.
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