JOÃO,
O BATISTA – V
P – O sistema de perguntas e
respostas torna muito mais suaves as explicações do Espírito da Verdade. Quais
o sentido e o alcance das palavras “é avisado o homem que se põe em
guarda contra o desconhecido”?
R – É de bom aviso não
abraçar cegamente qualquer idéia nova, não acolher como boas todas as máximas
pregadas, com mais ou menos eloqüência. Deveis sondar, sempre, cada fato, cada
idéia; procurar ver tudo, não com os olhos do corpo, mas com os olhos da alma,
da inteligência; escutar, não com os ouvidos materiais, mas com os ouvidos
espirituais. O homem deve raciocinar, estudar, apreender bem todas as coisas.
Por isso vos dissemos que não foi por haver duvidado que Zacarias ficou mudo.
Que pedia ele? Uma prova de que a aparição do Anjo não era um erro, uma
alucinação do seu Espírito. Recebeu, pois, uma prova, não um castigo. Poderia
Deus considerar crime a ignorância do homem?
P – Tendo em vista as palavras de Zacarias
(v. 18): “De que modo me certificarei disso, sendo eu já velho e estando
minha mulher em idade avançada?”, como deve ser entendida a fala do
Anjo (vs. 19-20): “por não teres acreditado nas minhas palavras, que a
seu tempo se cumprirão”?
R – Zacarias pediu, já o dissemos,
simplesmente uma prova, sem prevenções de dúvida ou de negação. Pedir uma prova
era não querer acreditar, unicamente pelas palavras ouvidas, que o fato
ocorresse como lhe fora dito.
P – Sobre a afirmativa “Elias
seria João, João fora Elias”, que devemos entender por isto: “palavras
repetidas e confirmadas mais tarde pela opinião e pela voz públicas”?
R – João era considerado geralmente, pelos
Hebreus, como sendo o profeta Elias que voltara. Precisamente porque a opinião
geral via em João o reaparecimento de Elias, é que tantas perguntas lhes foram
dirigidas sobre esse ponto, no curso da sua missão, repetindo mais tarde os
discípulos a Jesus o que, a tal respeito, diziam os fariseus.
P – Diante das palavras “Elias
seria João, João fora Elias”, será lícito dizer que as do versículo 17:
“Ele irá à sua frente com o Espírito e a virtude de Elias” são a
prova da reencarnação?
R – Sim, as palavras do
Espírito, ou Anjo, tinham por sentido oculto, e único e verdadeiro, indicar que
o Espírito do profeta Elias viria reencarnar no corpo daquele menino que ia
nascer de Isabel e de Zacarias.
P – Esse sentido oculto só
mais tarde seria explicado pela Terceira Revelação, destinada em explicar em
Espírito e Verdade a Lei Natural da Reencarnação, em seu princípio e suas
conseqüências?
R – Certamente, mas esse
sentido oculto fora entrevisto desde a origem.
P – Na frase “Os
Espíritos do Senhor vestem, muitas vezes – para reerguer a Humanidade – uma
libré que aos olhos dos homens é tida por ínfima de acordo com seus
preconceitos no tocante às condições sociais. É que o devotamento desses
espíritos sabe ser eficaz sob todas as formas”, que sentido se deve
atribuir a estas palavras: “Uma libré, que aos olhos dos homens, é tida
por ínfima, de acordo com seus preconceitos no tocante às condições sociais”?
R – Falávamos de João. Pensai na condição
humílima de Jesus, do ponto de vista do vosso mundo. Que categoria social
ocupava ele? Qual a que ocupavam os Apóstolos, os zelosos e fiéis discípulos do
Mestre? Homens, não observais ainda hoje, nas classes mais abjetas, segundo o
vosso ponto de vista, exemplos de abnegação, de nobreza dalma que o vosso
orgulho desejaria ver somente nas classes elevadas da sociedade? No seio delas,
entretanto, é que geralmente, para sua vergonha, menos se produzem esses
exemplos.
P – Qual o sentido destas
palavras (v. 15): “Ele não beberá vinho, nem bebida alguma espirituosa”?
R – Os homens consagrados ao serviço de Deus
se obrigavam a uma existência especial. Entre os compromissos que assumiam,
estava o da abstenção das bebidas espirituosas ou fermentadas. Os Hebreus
ofereciam, muitas vezes, um filho ao Senhor, sobretudo se o tinham desejado
durante muito tempo e quando se tratava do primogênito, exatamente como, entre
vós, muitas mães oferecem seus filhos à Virgem Maria.
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