quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

  

A VIDA DE JESUS – IV

 

P – Concordamos com a diretriz fundamental do CEU da LBV: não se aceitam ensinamentos de homens, por mais iluminados que sejam ou se julguem. Do contrário, seria impossível unificar as Quatro Revelações de Jesus! Como o Espírito da Verdade explica as ausências, os jejuns, a aparição do menino Jesus no templo e o espanto de seus pais?

 

R – Para os hebreus, a abstinência e o jejum completo, durante um ou muitos dias, nada tinham de espantoso. Os mais zelosos praticavam essa abstinência e esse jejum completo, às vezes, por três dias. Ora, pesquise cada um de vós as suas reminiscências e achará, dentro ou fora da família, exemplo do que pode fazer a criatura humana ainda em vossos dias, nos quais a alimentação complicada e a frouxidão dos costumes amesquinharam as faculdades vitais. Por que havia de ser isso impossível a homens vigorosos, sóbrios, rijos, desde tenra idade habituados à abstinência e ao jejum? Lembrai-vos não só do costume antigos dos hebreus, mas também, dos árabes. Tendo em vista a origem espiritual de Jesus, a natureza fluídica do seu corpo, os fatos e circunstâncias relativos ao que a linguagem humana designa por “infância do filho de José e Maria” – vamos explicar o aparecimento do menino entre os doutores, no templo, durante os três dias que passou em Jerusalém. Jesus foi apresentado, no templo, pelo irmão de José e pelo próprio José, como um dos descendentes de David, segundo a linha da sua parentela e a descendência da sua tribo. Decorridos os dias da festa da Páscoa, José e Maria regressaram, mas Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles o percebessem, supondo-o na multidão com alguns dos companheiros de viagem. Caminharam um dia procurando-o entre os parentes e conhecidos; não o encontrando, voltaram a Jerusalém. Será lícito tachar de incrível ou de “inverossimilhança moral” o fato de haverem Maria e José (que chegaram à cidade quando regurgitava de estrangeiros) perdido de vista Jesus, que aos seus olhos era um menino de doze anos, e o de terem (quando já de regresso) caminhado um dia inteiro, sem perceberem que o menino não ia com eles? Só mesmo a temeridade da ignorância se pode atribuir semelhante pecha de “inverossimilhança moral”. Jesus, já o dissemos, se afizera, desde muitos anos, a uma existência isenta dos vossos hábitos e relações. Acostumados à sua vida contemplativa (e um tanto selvagem, relativamente aos homens), seus pais não exerciam sobre ele a vigilância que exerceis sobre os vossos filhos. Qual a causa da solicitude dos pais para com os filhos? A fraqueza, a inconseqüência, a ignorância desses pequenos seres que lhe foram confiados. Mas, se admitirdes que reconheçam nos filhos – juízo, razão, faculdades incomuns, desenvolvimento moral e espiritual, que os ponham a salvo dos perigos da idade infantil, achareis natural que os pais se abstenham de uma vigilância inútil e, além disso, fatigante, para as crianças que são objeto dela. José e Maria pensaram, como dissemos, que Jesus estivesse com outras pessoas (com algum de seus parentes ou conhecidos) e, como fossem inúmeros os viajantes e caminhassem através de campos (porque, de certo, não vos vem à idéia que trilhassem uma estrada larga, traçada e aberta como as vossas), não tomaram o incômodo de levar suas pesquisas além dos limites que alcançavam com a vista. Só depois de terem perguntado a uns e a outros por Jesus, certificando-se de que ninguém o vira, é que resolveram procura-lo. Ao fim do dia, eles ganharam a certeza de que pessoa alguma o tinha visto. Durante a caminhada, pelo dia todo, nenhuma parada havia feito para se alimentarem. Para a maioria dos viajantes, e nesse número estavam Maria e José, os frutos das sebes das árvores eram os alimentos principais, no curso da viagem. Tendo voltado a Jerusalém, encontraram Jesus no templo, sentado entre os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Ao dar com ele, Maria não lhe perguntou: – “Meus filho, como viveste sozinho numa cidade onde és estrangeiro e desconhecido? – Quem te recebeu à sua mesa, para te alimentar? Onde te abrigaste, para refazer tuas forças pelo repouso e pelo sono?” Nada disso lhe perguntou. Manifestou apenas a inquietação que lhe causara, assim como a José, a ausência do filho que, sem o saberem (é claro), se deixara ficar em Jerusalém, quando – na companhia de ambos – devia regressar a Nazaré. Se Maria não perguntou a Jesus o que dele fora feito, naqueles três dias, não foi por saber que “seu filho” não era formado de matéria igual a dela, mas porque sabia que sua existência se distanciava muito dos hábitos e necessidades da infância. A experiência própria lhe demonstrara isso: ela o tinha visto praticar a abstinência ou jejum completo por um ou muitos dias, quando permanecia no seio da família, ausentar-se às vezes, também, por um ou muitos dias, sem que nessa alternativa (de estada em casa ou de ausência) houvesse qualquer coisa de regular e periódico

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