A TENTAÇÃO E O JEJUM
P
– Como o Espírito da Verdade explica, através do CEU da LBV, o jejum e a
tentação de Jesus, narrados pelos Evangelistas Mateus, Marcos e Lucas?
R
– O jejum e a tentação do Mestre são, igualmente, uma figura. Como vos
explicaremos, daqui a pouco, só foram consideradas reais pelos homens em
consequência dos comentários que, finda a missão terrestre do Cristo, os
Apóstolos e os discípulos teceram em torno do discurso que ele, doutrinando,
proferiu sobre as tentações a que está sujeita a humanidade, as ciladas que lhe
armam os ESPÍRITOS DO MAL, da perseverança e da fé com que lhes deve
resistir. Esses comentários, sob a influência dos preconceitos do tempo e das
tradições hebraicas, criaram a opinião de que aquele discurso, dadas as
circunstâncias em que foi pronunciado, resumia O QUE SE PASSOU COM O PRÓPRIO
JESUS. Daí o tratarem os Evangelistas de um jejum e de uma tentação a que
Satanás teria submetido o Mestre, como se falassem de fatos materiais, fatos
reais ocorridos pessoalmente com o Salvador. Tais “fatos”, porém, tidos
como reais, materialmente produzidos DO PONTO DE VISTA DAS AUTORIDADES
RELIGIOSAS, são um emblema. Como poderia ter acudido à mente do homem a ideia
de rebaixar, dessa forma, Aquele que o próprio homem considera uma fração de Deus,
uma parte do GRANDE TODO QUE GOVERNA O UNIVERSO? Tal opinião, aliás, se
enquadrava sofrivelmente nas ideias panteístas. Como puderam rebaixar essa
fração da Divindade ao ponto de pô-la em contato com o demônio, o maldito
expulso do céu por Deus, sem se lembrarem de que, assim, era o próprio Deus
quem, por uma fração de si mesmo, descia à condição de dialogar com o Anjo do
Mal e até ficar na sua dependência? Como admitir que Jesus, sendo homem
e, portanto, sujeito a enfermidades e necessidades da existência terrena, tenha
podido viver quarenta dias e quarenta noites no deserto, sem tomar alimento
algum? Como admitir que, sendo Deus, tenha Jesus sentido o tormento
da fome, ao cabo dos quarenta dias e quarenta noites, que o haja sentido ao
ponto de animar tentativas audaciosas do “Anjo caído” que, entretanto, seria
dentro em pouco forçado a abandonar as suas presas (os demoníacos), EXATAMENTE
PELA POTENTE VONTADE DO MESMO JESUS? Como se vê, foi o homem, de um lado,
bastante orgulhoso e, de outro, bastante contraditório: deu a si mesmo por
libertador um Deus, submetendo esse Deus ao império de Satanás, pondo-o em
contato com este, de maneira a lhe sofrer a influência pela tentação! Pobre
humanidade, que busca o maravilhoso nas coisas mais simples, que repele por
impossíveis as mais evidentes, e que avilta – sem ter disso consciência –
Aquele a quem, levada pelas suas supertições, ela mesma faz participe da
Divindade e a quem, ao mesmo tempo, coloca, quanto ao presente e ao futuro
(Satanás o deixou por algum tempo), à mercê desse outro que, maldito
por toda a eternidade, sem esperança de perdão, emprega a sua força, a sua
vontade, o seu “poder” em lutar contra o Criador! Todavia, não a condenamos
por isso, porque essa crença numa tentação material teve a sua razão de ser,
como vos explicaremos: o que ocorreu tinha de ocorrer na marcha dos
acontecimentos. Tudo tinha o seu cabimento, como condição e meio de progresso, na
via gradual dos sucessos, sempre acordes, do mesmo modo que as interpretações
humanas com o estado das inteligências, com as necessidades das épocas da
História, cada uma das quais representa um dos estágios que cumpre à Humanidade
percorrer, para progredir constantemente, abrindo pouco a pouco os olhos à Luz
e à Verdade. A PROPORÇÃO QUE VAI SENDO PREPARADA PARA RECEBER ESSA LUZ E
ESSA VERDADE, que lhe são dadas na medida do que ela pode suportar e de
maneira a esclarecê-la sem jamais a deslumbrar. O Espírito da Verdade, que abre
uma era nova à Humanidade, e que vos ensina a origem espiritual de Jesus,
mostrando, com esse ensino, que o jejum e a tentação de Jesus são apenas
simbólicos, vem igualmente fazer-vos conhecer, a este respeito, a realidade
das coisas, isto é, as próprias palavras do Cristo ao povo, das quais nasceu a
crença naquele jejum e naquela tentação. O Espírito da Verdade vem, ainda,
explicar como e quando os Apóstolos e os discípulos foram induzidos a pensar
que O QUE JESUS ENSINARA, DE MODO GERAL, CONSTITUÍA O RESULTADO DO QUE SE
PASSARA ENQUANTO O MESTRE ESTEVE AUSENTE, O RESUMO DO QUE ELE PESSOALMENTE
EXPERIMENTARA. Acompanhai a aparente vida humana de Jesus, pregando
constantemente, pelo exemplo, a Caridade e o Amor; acompanhai-lhe as palavras,
os atos, os ensinamentos, e o vereis sempre submisso (na medida do que o exigia
a sua missão terrena) aos usos, costumes e tradições dos hebreus, assim como à
inteligência daqueles a quem se dirigia, a fim de que todos o compreendessem
e, sobretudo, escutassem. Tudo isso para assegurar o bom desempenho de sua
missão e conseguir que ela desse frutos no momento e no futuro: QUE
FRUTIFICASSE PRIMEIRO PELA LETRA, DEPOIS PELO ESPÍRITO.
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário