A VIOLÊNCIA E O REINO DOS CÉUS
P – Anotamos, no ponto em exame, estas palavras do
Mestre: “Desde os dias de João até ao presente, o Reino de Deus sofre
violência, e os violentos o arrebatam”. Que sentido dá o Espírito da Verdade a
essas palavras profundas?
R – Esta afirmação do Mestre encerrava uma figura,
destinada a fazer sentir aos judeus que OS
QUE PRETENDIAM SER OS ÚNICOS A ALCANÇAR O REINO DE DEUS ERAM INCAPAZES DE
ENTRAR NELE. Tais palavras, repetimos, foram empregadas figuradamente,
porquanto o Espírito culpado jamais gozou, nem gozará jamais, da felicidade
celeste, ENQUANTO NÃO SE HOUVER TRANSFORMADO,
VENCENDO O MAL COM O BEM. E “os violentos o arrebatam”, acrescentava Jesus,
porque os escribas e os fariseus entendiam que só eles alcançavam a Paz do
Senhor, PRATICANDO OSTENSIVAMENTE A LEI
QUE VIOLAVAM COM O CORAÇÃO. Alardeando a posse de todas as graças de Deus,
com requintes de hipocrisia, não arrebatavam eles, AOS OLHOS DA MULTIDÃO IGNORANTE, a morada eterna? Na verdade, AOS OLHOS DE DEUS, não havia da parte
deles nenhum esforço, nenhuma tentativa, nenhum merecimento para tamanha
pretensão. Eram o que são os inquisidores de todos os tempos supostos herdeiros
do Cristo e do Cristianismo. Eram o que são os vossos “filósofos”, os vossos “
espíritos fortes”, os vossos “ crentes” que interiormente em nada crêem. CEGAVAM A MASSA POPULAR, CHAMAVAM A SI AS
HONRAS E OS PROVEITOS, E AINDA USURPAVAM, À VISTA DAQUELES POBRES CEGOS, A
FELICIDADE E A PAZ DO CEU. Mas continua Jesus: “Pois, até João, todos os
profetas e a lei profetizaram”. E ninguém escutou as profecias; ninguém
procurou, verdadeiramente, conquistar a morada celeste, MAS TODOS (PELO PENSAMENTO) A USURPARAM. O “Elias que tem de vir”
realmente veio: João, o Batista. Os publicanos constituíam a classe dos
empregados subalternos que, obedecendo aos chefes da sinagoga, arrecadavam os
impostos; desempenhavam, portanto; funções que sempre despertavam a animosidade
popular. Eram com mais humildes: receberam com o povo a palavra de João e, por
conseqüência, o batismo de penitência. MAS
OS FARISEUS ERAM OS SECTÁRIOS ORGULHOSOS, QUE CUMPRIAM AS MAIS DIFÍCEIS PRESCRIÇÕES
DE MOISÉS COM O FIM EXCLUSIVO DE DEMONSTRAR A SUA SUPREMACIA, E, NA SUA
“SUPERIORIDADE”, IGNORAVAM QUE JOÃO ERA O PRÓPRIO MOISÉS REENCARNADO, PARA
CONTINUAR SUA MISSÃO.  Os doutores da
lei eram os que preparavam e punham sobre os ombros de seus irmãos – como
advertiu Jesus – os fardos que eles mesmos não ousariam tocar com o dedo. Os
escribas e os fariseus, acastelados no seu orgulho, rejeitaram a palavra e o
batismo de João, repelindo os desígnios de Deus para com eles próprios,
desprezando a ocasião de entrarem no Reino do Céu: o batismo era um emblema ou
um símbolo, mas a palavra de João era o meio. Daí a sentença do Redentor: “A
lei e os profetas duraram até João; a partir de então, o Reino de Deus é
pregado aos homens e cada um lhe faz violência”. Violência inútil, já o sabeis;
cada um lhe faz violência (linguagem figurada) no sentido de que NINGUÉM SE APLICA A FAZER O QUE DEVE PARA
ALCANÇA-LO, COMO AQUELES DE QUEM JESUS FALAVA, AINDA EM VOSSOS DIAS CADA UM
DELES TRABALHA POR CRIAR PARA SI MESMO O REINO DA TERRA E FORÇAR O REINO DO
CÉU, ISTO É, FAZ DA HIPOCRISIA OU DO ANÁTEMA UM MEIO DE CONQUISTÁ-LO, MAS
NENHUM PROCURA PENETRAR NELE. PARA LÁ SE MANTER, DENTRO DA LEI DIVINA. 
 
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