sábado, 25 de dezembro de 2021

  

CORAÇÕES CEGOS

 

P – Diz o Evangelista: “O espanto de que ficaram tomados os discípulos, quando viram Jesus caminhando sobre as águas, mais ainda cresceu quando cessou o vento, logo que ele entrara na barca; pois não tinham compreendido a multiplicação dos pães e dos peixes porque seus corações estavam cegos”. Qual o significado real dessas palavras, segundo o Espírito da Verdade?

 

R – Estas palavras “porque seus corações estavam cegos” significam: PORQUE NÃO PROCURAVAM COMPREENDER. Seus olhos espirituais ainda estavam velados. Para os discípulos, a multiplicação dos pães e dos peixes se produzira a bem dizer, por si mesma, pois OS PÃES E OS PEIXES, QUE JESUS PARTIA, PARECIAM RENOVAR-SE INCESSANTEMENTE, NAS SUAS PRÓPRIAS MÃOS, DO MESMO MODO QUE NOS CESTOS OS PEDAÇOS SE MULTIPLICAVAM SEM ELES PODEREM VER POR QUE MEIOS, E SEM MESMO PROCURAREM INTEIRAR-SE DO FATO! Na verdade, não vos acontece, algumas vezes, serdes testemunhas de acontecimentos que, na aparência, se produzem com derrogação das leis comuns à humanidade, observá-los sem os compreenderdes e sem, sequer, fazerdes o menor esforço por consegui-lo? O fato de Jesus caminhar por sobre as águas e a tentativa de Pedro, para fazer o mesmo, IMPRESSIONARAM MAIS OS DISCÍPULOS QUE A MULTIPLICAÇÃO DOS PEIXES E DOS PÃES, porque – para o entendimento humano deles – o primeiro fato surpreendia mais, por isso que MAIS PERCEPTÍVEL LHES ERA A IMPOSSIBILIDADE DE QUALQUER CRIATURA TRANSFORMAR A SUPERFÍCIE MÓVEL DO MAR EM TERRENO CAPAZ DE LHE RESISTIR AO PESO. Concorrendo cada um daqueles fatos reciprocamente, para avivar a impressão do outro ambos contribuíram para que seus olhos se desvendassem; e eles acabaram por compreender os dois acontecimentos que num dia só, presenciaram. E os compreenderam NÃO PORQUE TIVESSEM ADQUIRIDO O CONHECIMENTO DE SUAS ORIGENS E CAUSAS, E DOS MEIOS PELOS QUAIS SE PRODUZIRAM, POIS SÓ A NOVA REVELAÇÃO ESTAVA RESERVADO DAR ESSE CONHECIMENTO AOS HOMENS, MAS PORQUE “APRENDERAM” QUE TAIS FATOS DENUNCIAVAM A AÇÃO DE UMA POTÊNCIA TÃO SUPERIOR AO HOMEM QUE SÓ MESMO DEUS OS PODIA PRODUZIR. DAÍ ACHAREM QUE FORAM “MILAGRES” OPERADOS PELA PRÓPRIA DIVINDADE ONIPOTENTE. Portanto, não foi por não terem compreendido o fato material da multiplicação que os discípulos se encheram de espanto, vendo Jesus caminhar sobre as ondas: foi porque na ocasião, não encararam aquele fato como obra do próprio Deus como posteriormente o consideraram. Se assim o tivessem considerado logo que se deu, não se teriam admirado do outro: O PRIMEIRO “MILAGRE” OS TERIA FEITO COMPREENDER DO MESMO MODO O SEGUNDO.

 

 

 


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