NÃO SERVIR A DOIS SENHORES
P – Disse Jesus: “não podeis
servir a Deus e a Mamon”. Como o Espírito da Verdade explica isso?
R – Mamon era uma
“divindade” que os povos antigos adoravam, feita de prata ou de ouro,
representando, mais ou menos, o que representava Júpiter, dos romanos, isto é,
os vícios da humanidade com todo o seu cortejo, o que explica o pensamento do
Mestre: NÃO PODEIS SERVIR A DOIS SENHORES AO MESMO TEMPO! Não PODEIS
VIVER A VIDA QUE AGRADA AO VOSSO Deus, praticando os desregramentos a que vos
arrasta a vida mundana. Isto é: não podeis ter, ao mesmo tempo, em vossa alma –
o amor e o egoísmo; a caridade e a avareza; o desprendimento e a hipocrisia; a
humildade e o orgulho; o trabalho e a preguiça; o estudo e a ignorância; a Boa
Vontade e a violência; o Novo Mandamento e o sectarismo farisaico. “Ou
amareis a um e odiareis a outro, ou servireis a este e enganareis aquele.” Quem
se consagra (ou escraviza) aos bens terrenos NÃO PODE PRATICAR O
DESPRENDIMENTO QUE O PROGRESSO ESPIRITUAL EXIGE. Aos fariseus dos vossos
dias – abastados, orgulhosos, avarentos – que zombam das vossas palavras,
dizemos o que disse Jesus aos fariseus de outrora: “PONDES MUITO CUIDADO EM
PARECER JUSTOS DIANTE DOS HOMENS, MAS DEUS CONHECE OS VOSSOS CORAÇÕES; O QUE É
GRANDE AOS OLHOS DOS HOMENS É ABOMINÁVEL AOS OLHOS DE DEUS”. Quer dizer:
geralmente, a riqueza, a glória, o orgulho, por eles endeusados, são o que os
homens consideram elevado, mas vós sabeis que Deus ama os de espírito humilde,
os de coração simples e bom. As palavras do Cristo, constantes dos versículos
25-26 e 28-34 de Mateus e dos versículos 22-24 e 28-30 de Lucas, na
linguagem oriental apropriada às inteligências da época, eram particularmente
dirigidas aos que,  totalmente
preocupados com as riquezas materiais, nada vêem além delas e nada fazem senão
o que lhes possa melhorar o comodismo e aumentar a fortuna; aos que cultivam o
corpo como planta preciosa e descuram da alma, o bem eterno que deveriam vigiar
atentamente. Jesus falava a homens cúpidos, materialíssimos, que nada
entendiam da VIDA ETERNA. Precisava ser enérgico para que, em suas
consciências, alguma coisa ficasse do que ensinava. SEUS ENSINAMENTOS
ATINGIAM, SEMPRE, A CHAGA QUE ELE QUERIA CAUTERIZAR. Por aquelas palavras,
o Mestre reconduz o homem ao seu ponto de partida – Deus, o Criador de todos os
seres e de todas as coisas, que vela, com igual solicitude, por tudo o que lhe
saiu das mãos, dando a  cada um o que lhe
é necessário. Assim é que dá à matéria o alimento material, ao Espírito o
alimento espiritual. Convém, entretanto, acentuar bem aqui (tal a disposição
constante no homem para ultrapassar a meta que lhe é indicada), que JESUS
NÃO ACONSELHA AOS SERES DOTADOS DE RAZÃO QUE ESPEREM, INATIVOS, QUE DEUS VENHA
ALIMENTÁ-LOS, COMO ALIMENTA OS PÁSSAROS, E VESTI-LOS COMO VESTE OS LÍRIOS DO
CAMPO. É dever do homem confiar no Senhor, certo de que Ele proverá o que
lhe for preciso, o que for para seu bem; mas cumpre, ao mesmo passo, que
empregue suas faculdades, sua atividade, sua energia, em ALCANÇAR, PELO
TRABALHO, A PROTEÇÃO DE DEUS. O lírio aguarda no seio da terra que o
Senhor, desenvolvendo-o, lhe prepare a roupagem que o fará brilhar aos olhos
humanos; o homem deve esperar que a vontade de Deus, nele, desenvolva as
virtudes que o farão brilhar aos olhos de seus irmãos. Mas deve faze-lo em
plena atividade, porque DEUS AJUDA A QUEM TRABALHA. Ninguém procure nas
palavras de Jesus um pretexto para a imprevidência, para a incúria ou para o
fatalismo irracional. Aprendei bem, igualmente, o sentido destas outras
palavras do Cristo: “Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o
dia de amanhã cuidará de si mesmo; a cada dia basta a sua própria aflição”.
O que se deve concluir delas – conforme ao espírito que vivifica, não conforme
à letra que mata – é que JESUS CONDENA O EXCESSO DE CUIDADOS COM A VIDA E
NÃO A NECESSIDADE. Importa que o homem cuide de manter sua existência. Ele
não pode, nem deve, ser menos previdente do que certos animais no tocante ao
futuro, mas também não deve concentrar todos os seus pensamentos e desejos na
acumulação dos bens mundanos. Cumpre-lhe ser previdente mas nunca ambicioso.
Se, apesar da sua previdência, o futuro lhe fala, confie sempre em Deus,
fazendo sua parte: o Senhor sabe O QUE CONVÉM A CADA UM e permite que a
provação purifique a criatura, tornando-a digna do Criador.
 
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