JESUS E SATANÁS – III
P
– Com referência à tentação e ao jejum “impostos” a Jesus, disse o Espírito da
Verdade: “O que se deu foi o que se devia dar, na marcha dos
acontecimentos”. Havia, então necessidade de tal crença?
R
– Tudo está previsto. Tudo acontece por efeito da Lei Universal que governa o
vosso mundo no caminho do progresso, sendo o desenrolar dos fatos, bem como as
interpretações humanas, acordes com o estado das INTELIGÊNCIAS E
NECESSIDADES DE CADA ÉPOCA. Ohomem, todavia, dispõe do livre arbítrio, e
Deus sabe que uso ele fará desse dom, porque o que para vós constitui o
passado, o presente e o futuro, está sempre, por toda a eternidade, patente aos
olhos do Todo-Poderoso. Ora, dispondo do livre arbítrio, o homem tinha a
liberdade de escolher entre o modo de pensar acertado e a falsa (ainda que
útil) maneira de apreciar as coisas. Dominavam-no, porém, suas naturais
aspirações. Assim como preferia, ao de um profeta, o sacrifício de um Deus, por
lhe aumentar o valor próprio, também a tentação material de Jesus pelo
“demônio” lhe reanimava a coragem e mostrava o caminho a seguir, fazendo-lhe
ver que ATÉ O HOMEM-DEUS ESTIVERA SUJEITO A TENTAÇÃO; fazendo-lhe ver
que, embora FILHO DE DEUS, fração da Divindade, mas ao mesmo tempo homem
e, como tal, sujeito às contingências da Humanidade, às enfermidades e
fraquezas da vida humana, JESUS FÔRA ACESSÍVEL A SATANÁS, sofrera
pessoalmente a prova e dela soubera triunfar. Nada ocorre sem ser pela vontade
de Deus, no sentido de que, se lhe aprouvesse dar outra diretriz aos atos
humanos, ou lhes opor sua vontade, bastaria querê-lo. Tal, porém, não faz: esta
a razão por que, vendo a seriação e as consequências de todas as coisas, Deus
não impede de antemão os atos de nenhuma das suas criaturas. Ele não governa
como tirano: deixa que as coisas sigam o seu curso. Assegurando ao livre
arbítrio a independência, auxilia a Humanidade a trilhar a via da evolução, por
meio de SUCESSIVAS REVELAÇÕES, SEMPRE PROGRESSIVAS, que atuam na marcha dos
acontecimentos, encadeando uns aos outros, e que, apropriadas ao estado das
inteligências e necessidades de cada época, desenvolvem no presente o progresso
realizado e preparam o progresso futuro. Se o quisesse, DEUS CERTAMENTE
TERIA PODIDO, POR MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS, DETERMINANDO UMA INFLUÊNCIA E UMA
AÇÃO MEDIÚNICA SOBRE OS APÓSTOLOS, OS DISCÍPULOS E OS EVANGELISTAS,
ESCLARECÊ-LOS SOBRE A FALSIDADE DA INTERPRETAÇÃO HUMANA, que transformou um
ensino de Jesus ao povo em fatos materiais, como os da permanência no deserto,
do jejum por quarenta dias e quarenta noites e da tentação praticada contra ele
por Satanás. Mas, na realidade, as necessidades da época exigiam essa crença.
Convinha que ela se implantasse nas massas populares. A vista da perfeição
indispensável para chegar a Deus, diante da Perfeição sempre vitoriosa de
Jesus, qual não seria o desânimo dos homens se não fossem prevenidos de que
mesmo o mais forte pode estar sujeito à tentação? QUANTA FORÇA NÃO RECEBERAM
DO EXEMPLO DA VONTADE QUE VENCE A INSPIRAÇÃO DO MAL? Se assim não fosse,
talvez não pudessem alimentar a esperança de seguir as pegadas do Divino
Modelo. Contemplando-o em tão grande altura, teriam permanecido, desanimados,
ao nível do solo, ao passo que, vendo-o submetido à tentação e vitorioso pela
fé, reconheceram que TODOS PODERIAM ESPERAR A MESMA VITÓRIA.
 
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