LÁZARO E A FILHA DE JAIRO
P – Recebemos com prazer à promessa de que também
serão fartamente analisados, quando chegar a hora, os fatos relativos à
morte e ressurreição de Lázaro e da filha de Jairo. Mas não pode o Espírito da
Verdade falar deles, por alto, completando a explicação referente ao filho da
viúva de Naim?
R – Seja. A título de nota, vos dizemos o seguinte:
primeiro, quanto à filha de Jairo. Os servos, que levaram ao chefe da sinagoga
a notícia da morte da menina, lhe disseram, na presença de Jesus, dos
discípulos e da multidão: “Tua filha morreu, não dês ao Mestre o incômodo de
ir vê-la”. Jesus, porém, foi. E, chegando à casa de Jairo, disse aos que
choravam e se lamentavam: “Não choreis, porque a menina dorme, apenas; não está
morta”. Aos tocadores de flauta e ao grande número de pessoas que lá se
encontravam, fazendo alarido, igualmente declarou: “Retirai-vos, porque a
menina não morreu, apenas dorme”. Como sabeis, pelo Evangelho, estas
palavras foram acolhidas por todos com zombeteira incredulidade, por saberem QUE
ELA ESTAVA MORTA. E essa opinião, da massa ignorante, prevaleceu sobre as
declarações expressas e contrárias do Mestre. OS DISCÍPULOS NÃO VIRAM SENÃO
UM MILAGRE NO FATO QUE JESUS PRODUZIRA, E QUE ELES NÃO PODIAM NEM EXPLICAR NEM
COMPREENDER. Tal opinião tinha de durar séculos, como realmente durou. Até
aos vossos dias, em que a incredulidade por sua vez a atacou e recusou admitir
o fato, POR NÃO O SABER EXPLICAR NEM CRER EM MILAGRE, o que os homens
daquele tempo acreditaram é o que a Igreja ainda ensina: a morte real da filha
de Jairo e a sua ressurreição, NO SENTIDO DA VOLTA DO ESPÍRITO (OU ALMA) A
UM CADÁVER. Mas não censureis: tudo tem sua razão de ser. Essas crenças constituíam
condição e meio de progresso para a Humanidade. Jesus conhecia o estado das
inteligências, as necessidades e aspirações da época, e SABIA QUE AQUELA
OPINIÃO HUMANA IA PREVALECER. Por isso mesmo, salvaguardou o futuro, ao
dizer: “A menina não está morta; apenas dorme”. Deixou à Revelação atual
o encargo de, ante a narração evangélica, explicar EM ESPÍRITO E VERDADE o
suposto milagre. Agora, quanto ao fato relativo à morte e ressurreição de
Lázaro, Jesus apropriou sua linguagem à situação, ao que devia ser, e dispôs
tudo de maneira a servir ao presente e preparar o futuro, reservando aos tempos
(então vindouros) da atual Revelação, os elementos e os meios de explicar
aquele fato EM ESPÍRITO E VERDADE. Como no caso da filha de Jairo, disse
o Mestre: “Esta enfermidade não é mortal, não chega a causar morte; vosso amigo
Lázaro dorme. Vou despertá-lo”. É verdade que também disse: “Lázaro está
morto”, mas só o disse respondendo à pergunta dos discípulos: “ Mas, se
Lázaro está dormindo, poderá ser curado?” LÁZARO ESTAVA MORTO AOS OLHOS DOS
HOMENS, PARA TODOS ESTAVA MORTO, MENOS PARA JESUS, que o sabia apenas
adormecido e que, assim, o ia despertar, não ressuscitar no sentido em que os
homens empregam esta palavra. A enfermidade de Lázaro não era mortal, não
chegava a lhe causar a morte. Ele, portanto, não morrera, NÃO ESTAVA
REALMENTE MORTO. (no momento oportuno, explicaremos quais são, em Espírito
e Verdade, o sentido e o “por que” das palavras “LÁZARO ESTÁ MORTO”,
ditas por Jesus como resposta àquela pergunta dos seus discípulos. Nos
comentários à própria narração evangélica, não só explicaremos o fato ocorrido
com Lázaro como, também, a origem da opinião humana de Marta que, como as
demais pessoas, acreditava na morte real do seu irmão chegando a dizer: “Ele
cheira mal, pois está aí há quatro dias”). No desempenho da sua missão
terrena, Jesus tudo dispunha TENDO EM VISTA A ÉPOCA EM QUE FALAVA
PESSOALMENTE AOS HOMENS E OS SÉCULOS AINDA MUITO DISTANTES. Tinha, por
isso, o cuidado de estabelecer as bases, de preparar os elementos e os meios
para a explicação futura, em Espírito e Verdade, dos seus atos e palavras, de
modo que recebesse cada um o que sua inteligência pudesse suportar. NÃO
CONFUNDAIS, NUNCA, NOS EVANGELHOS, AS PALAVRAS E OS ATOS DE JESUS COM O QUE
REFLETE E REPRODUZ AS OPINIÕES, APRECIAÇÕES E INTERPRETAÇÕES HUMANAS, QUE
TRAZEM O CUNHO DA ÉPOCA E DO MEIO EM QUE ELE CUMPRIU SUA MISSÃO. E, QUANTO ÀS
SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS, NÃO LHES DEIS, JAMAIS – QUERENDO APREENDER-LHES O
VERDADEIRO SENTIDO, QUERENDO PENETRAR O PENSAMENTO A QUE SERVEM DE ROUPAGEM,
QUERENDO APRECIAR E DETERMINAR A NATUREZA E O CARÁTER DE SEUS ATOS – UM SENTIDO
LITERAL QUE AS PONHA EM CONTRADIÇÃO CONSIGO MESMAS.  Interpretai-as conforme ao espírito e
compreendei-as, como é necessário, sem as isolar umas das outras, de modo que,
consideradas na íntegra, em vez de se contradizerem, formem um TODO
HARMONIOSO E VERDADEIRO.
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