DEUS E A VIDA UNIVERSAL –
XIV
P
– O autor da mesma opinião analisada pelo Espírito da Verdade, continua assim: “A encarnação humana é uma necessidade para o Espírito que,
desempenhando missão providencial, trabalha pelo seu próprio adiantamento, por
efeito da inteligência e da atividade que lhe cumpre empregar, para prover a
sua existência e o seu bem-estar. Mas a encarnação humana se torna um castigo
quando o Espírito, por não ter feito o que devia, se vê constrangido a
recomeçar a tarefa e multiplica suas vidas corporais, penosas por culpa sua. Um
estudante não chega a tomar o grau senão depois de haver passado pelas fileiras
de todas as classes. Percorrer essas classes constitui, porventura, um castigo
para ele? Não: é uma necessidade. Se, porém, por preguiça, o estudante é
obrigado a permanecer nelas o dobro do tempo, aí esta o castigo. Poder
livrar-se de algumas, ao contrario, representa bastante mérito. A verdade,
pois, consiste em que a encarnação na Terra só é, para muitos dos que a
habitam, um castigo, porque esses – podendo tê-lo evitado – duplicaram, triplicaram,
e até centuplicaram, por culpa própria, o números de suas vidas terrenas,
retardando desse jeito o momento de entrarem nos mundos melhores. Assim, é
errôneo admitir, em princípio, a encarnação humana como um castigo”.
Que devemos pensar de tais conclusões?
R
– Esclarece o Espírito da Verdade: – Errôneo, ao contrário, é admitir que a
encarnação humana seja UMA NECESSIDADE, tanto para o Espírito que, investido do
livre arbítrio no estado de inocência e de ignorância, jamais faliu, por não
fazer de lê mau uso, pois, sempre dócil aos seus Guias, trilha o caminho que
eles indicam, para progredir; como para aquele que, indócil, rebelde e
obstinado, faliu pelo mau uso desse mesmo livre arbítrio. Sim, errôneo, ao
contrário, é admitir que a encarnação não seja, em princípio, UM CASTIGO, POR EFEITO DE UMA CULPA QUE O TORNOU NECESSÁRIO.
Os que formaram essa opinião errônea ainda não foram esclarecidos, ou não
refletiram bastante sobre a natureza e o objeto dos mundos que os encarnados
habitam, como planetas de expiação e de progresso; sobre a origem do Espírito e
sobre as diversas fases por que ele passa no estado de formação. Sobretudo,
ainda não refletiram acerca destas duas situações bem marcadas e que devem ser
perfeitamente distinguidas: a situação em que, no estado de formação, o
Espírito segue a sua contínua marcha progressiva, até chegar à condição de
ESPÍRITO FORMADO, isto é, de inteligência independente, dotado de livre
arbítrio, cônscio de sua vontade, das suas faculdades, da sua liberdade e, portanto,
da RESPONSABILIDADE DOS SEUS ATOS; e
a situação em que, como Espírito formado, ele se encontra num estado de
inocência e de ignorância, podendo – ou usar o livre arbítrio no sentido de
trilhar constantemente o caminho que lhe é indicado para progredir, ou fazer
mau uso dele, sob a influência do orgulho, da presunção, da inveja, e se
tornar, por isso mesmo, indócil, culposo, revoltado, podendo, em suma, falir ou não falir. A encarnação é uma necessidade para o
Espírito no estado de formação; é indispensável ao seu progresso, ao seu
desenvolvimento, como meio de lhe proporcionar e ampliar gradualmente A CONSCIÊNCIA DE SER, o que ele não conseguirá
senão pelo contato com a matéria. É a união desses dois princípios que dá lugar
ao desenvolvimento intelectual. Fique, portanto, bem claro: a encarnação é uma
necessidade até ao momento em que, alcançando um certo ponto de desenvolvimento
intelectual, o Espírito está apto a receber o precioso dom – mas tão perigoso –
do livre arbítrio.
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