NA TERRA DOS GERASENOS – II
P – É impressionante como tantos obsessores (quase
2.000) podem atuar sobre um homem só! A propósito da odisséia do geraseno,
poderia o Espírito da Verdade explicar a influência dos “imundos” sobre as
criaturas?
R
– Sobre o homem subjugado a influência do obsessor é, como sabeis, fluídica.
Sobre os animais, não pode ser e não é senão moral, no sentido de que a ação
consiste em produzir neles o espanto ou o terror. O perispírito do Espírito não
pode atuar fluidicamente sobre os animais, POR
SER IMPOSSÍVEL A COMBINAÇÃO DOS RESPECTÍVOS FLUIDOS, UMA VEZ QUE OS PRINCÍPIOS
NÃO SÃO INDÊNTICOS. Para poder compreender as causas daquele fenômeno, o
homem tem de se entregar a estudos preparatórios sobre a natureza dos fluidos,
seus efeitos, suas propriedades de ação, segundo as Leis Naturais que lhes
regem o emprego, a aplicação e a disposição em cada reino da Natureza. Ora, bem
sabeis, SE DEUS QUER QUE VOS AJUDEMOS,
QUER TAMBÉM QUE TRABALHEIS, ESTUDANDO SEMPRE. Não podeis estranhar que,
dirigindo-se ao obsessor chamado “multidão”, por serem muitos, Jesus tenha
ordenado: “Sai desse homem!”, nem que tenha permitido aos Espíritos impuros entrarem nos porcos. É que não chegara
o momento, ainda distante, de serem explicados as causas e os efeitos da
subjugação, quer corporal e espiritual, assim como da ação dominadora que os
Espíritos podem exercer sobre os animais, e se fazia mister na ocasião usar,
para com os homens, de uma linguagem adequada ao seu entendimento e às idéias
em voga. Estava reservado ao Espiritismo dar aquelas explicações, em Espírito e
Verdade. Não vos detenhais em apreciar a acusação, tão pueril quanto fútil, que
dirigem a Jesus, por ter – segundo dizem – causado um prejuízo ao dono da vara
de porcos. TAL ACUSAÇÃO SÓ PODE PROVIR
DE HOMENS MATERIAIS, QUE NÃO COMPREENDEM O SENTIDO, O ALCANCE E O FIM DO
ENSINAMENTO, QUE, POR AQUELA FORMA, JESUS QUIS DAR E DEU, QUE VALE UM INTERESSE
MATERIAL, QUANDO SE TRATA DE SALVAR OS HOMENS? Mas ficais tranqüilos vós
que, apesar das vossas boas intenções, não vos podeis libertar do jugo da
matéria. Os porcos pertenciam a ricos proprietários, para os quais o prejuízo
foi ligeiro, insignificante, tanto que os guardadores nem sequer foram
repreendidos, tão grande repercussão teve aquele fato como resultante da
vontade do Cristo. Nunca o Senhor comete uma injustiça: tudo passa pelo crivo
da sua onisciência; tudo tem um fim, que há de ser alcançado, para a felicidade
dos homens. Não deis atenção, também, à diferença, destituída de importância,
sem nenhum valor, sem influência alguma nos fatos e no ensinamento, na lição que
deles devia decorrer, entre a narração de Mateus e as de Marcos e Lucas, consistindo em dizer o primeiro que dois
eram os possessos e os outros que o possesso era um só. Havia apenas um
subjugado. FOI PARA QUE SE REALIZASSE A
OBRA, QUE O MESTRE DEVIA REALIZAR, QUE O “POSSESSO DO DEMÔNIO” VEIO AO SEU
ENCONTRO SOB A INFLUÊNCIA E PELA AÇÃO DOS OBSESSORES, QUE A SEU TURNO OBEDECIAM
A VONTADE DE JESUS. Tudo o que, segundo se vos diz, esse homem fazia,
subjugado corporal e espiritualmente pela multidão dos maus Espíritos, era
efeito da mesma subjugação. Ele se achava à mercê dos caprichos de seus
obsessores, e a subjugação lhe servia, ao mesmo tempo, de provação e expiação: aquele que necessita de provações, na
Terra, tem sempre o que expiar. AS PROVAÇÕES E AS EXPIAÇÕES SE COMPLETAM, À LUZ
DA JUSTIÇA DIVINA. O obsidiado era, inconscientemente, médium de efeitos
físicos, e os obsessores procediam de acordo, pela subjugação corporal e
espiritual e pelos meios que já explicamos, servindo-se dos fluidos
animalizados da vítima, INDEPENDENTEMENTE
DA VONTADE DESTA.Quando se apresentou a Jesus não trazia roupa alguma:
despira-se completamente. Não é que os obsessores lhe houvessem, com violência,
tirado as vestes: apenas lhe haviam inspirado horror a todo e qualquer constrangimento.
Assim ele não podia nem queria suportar vestuário algum, sujeito como estava
aos caprichos dos “demônios”. Referem os Evangelhos Sinóticos: “Não habitava em
casas; passava os dias e as noites nas montanhas e nos sepulcros, gritando e
ferindo-se nas pedras; estivera muitas vezes com ferro aos pés e preso pelas
correntes; rebentava as correntes e os ferros”. Tudo isso era efeito da maldade
dos obsessores, quase dois mil. Como médium de efeitos físicos, mas
inconsciente, O SUBJUGADO PRATICAVA POR
SI MESMO, NA OPINIÃO DOS HOMENS, AQUELES ATOS. A VERDADE, PORÉM, É QUE OS MAUS
ESPÍRITOS, COM FORÇA BASTANTE PARA ISSO, ATUAVAM DE COMUM ACORDO SOBRE ELE PARA
OBRIGÁ-LO A PRATICAR TAIS ATOS, GRAÇAS A SUA MEDIUNIDADE, EXERCENDO COM SEUS
PERISPÍRITOS UMA AÇÃO FLUÍDICA, SOBRE A VÍTIMA, DOMINANDO-LHE A VONTADE, QUE
ARBITRARIAMENTE GOVERNAVAM. “Quebrava as cadeias e os ferros, por mais que
o vigiassem; ninguém mais podia prendê-lo; nenhum homem conseguia dominá-lo”.
Como bem podeis compreender, os obsessores se divertiam em impedir que os
guardas lhe pusessem peias, ou – se deixavam que o fizessem – era com o intuito
de quebrarem os ferros e as correntes. Para conseguir tal resultado, o homem
fazia os movimentos, MAS OS “DEMÔNIOS” É
QUE LHE EMPRESTAVAM A FORÇA NECESSÁRIA, EXERCENDO SOBRE ELE VIOLENTA AÇÃO
FLUÍDICA, COMBINANDO OS FLUIDOS DE DEUS PERISPÍRITOS COM OS DO POBRE GERASENO.
“Era impelido pelo demônio para o deserto”. Em algumas traduções, oriundas de
uma falsa interpretação da letra e do espírito do texto original, se diz que o
homem era “arrebatado pelo demônio”.
Colocando-vos no ponto de vista dessas traduções, tomai a palavra “arrebatado” em sentido figurado e a
tereis significando “impelido violentamente, contra a vontade”. Também usais,
muitas vezes, referindo a carreira desabalada de uma pessoa, que ela é “arrebatada pelo vento”. Tendo em vista
esse fato, podeis recordar o episódio conhecido como “O Duende de Baiona” um
Espírito a transportar a irmã pelos ares. No caso do geraseno, entretanto, nada
se deu de semelhante. Havia apenas uma corrida desordenada, que apavorava os
que a presenciavam. Por tudo isso é que, subjugado corporal e espiritualmente
pelos obsessores, os quais por sua vez
eram, no momento, dominados e dirigidos pelos Espíritos Superiores, aquele
homem (tão furioso que ninguém ousava passar perto dele, saindo dos sepulcros)
correu ao encontro de Jesus, o adorou e, como médium falante, proclamou em altas vozes, diante do povo ser Jesus
“O filho de Deus”. EXPRIMINDO-SE DESSE
MODO, PELO ÓRGÃO DO SUBJUGADO, OS MAUS ESPÍRITOS PROVAVAM A IDENTIDADE DO
CRISTO.
 
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