NA TERRA DOS GERASENOS – III
P - É da mais alta importância, PARA TODAS AS
PESSOAS, SEJAM QUAIS FOREM SUAS RELIGIÕES, a explicação da tragédia do
infeliz geraseno. Como podiam seus obsessores (quase dois mil) saber que Jesus
era o Filho do Altíssimo, o Cristo do nosso Planeta? E como explica o Espírito
da Verdade a alusão deles ao estabelecimento do Reino de Deus na Terra?
R – Obedecendo às ordens do Alto, os Espíritos do
Senhor lhes fizeram ver o futuro e os esplendores de Jesus, em quem
reconheceram – não um homem – mas UM ESPÍRITO MAIS PURO DO QUE OS MAIS PUROS
QUE O CERCAVAM. E, com efeito, perguntando ao Cristo se viera para os
atormentar antes do tempo, aludiam à época em que o conhecimento, que o
homem teria de adquirir, das causas e efeitos da subjugação, o poria em
condições de se escudar contra ela. Por instantes, a presciência lhes foi
concedida, e eles entreviram, de relance, o estabelecimento do Reino de Deus na
Terra e sua mão potente a espalhar a Luz por sobre os homens, como o Sol
espalha seus raios sobre o vosso mundo, nos belos dias estivais. A consciência
que assim tiveram do porvir aqueles obsessores do geraseno não durou mais que
um momento: logo se apagou. Foi como um raio de luz que brilha em meio às
trevas e, no mesmo instante, some, deixando de novo que as trevas se tornem
espessas. O pedido que dirigiram ao Mestre, para que não os expulsasse daquele
país, era motivado pela preferência que certos Espíritos conservam por certos
lugares onde viveram, quer na última encarnação, quer em outra anterior, que
lhes deixou vago sentimento de apego a tais sítios. Usando da faculdade de
médium falante do subjugado, e servindo-se do seu órgão vocal, os mesmos
Espíritos pediam a Jesus que não os mandasse para o ABISMO: esta locução
era alegórica e de natureza a impressionar a multidão. Ora, ABISMO é a
imensidade para os Espíritos impuros, com uma significação precisa – a
imensidade onde o Espírito criminoso erra, isolado, condenado às trevas e às
angústias causticantes do remorso. Equivale ao abismo que a vossa imaginação
representa como sendo uma fornalha ardente, a devorar carnes fictícias, sem
jamais as consumir. Os maus Espíritos, os chamados “demônios”, suplicavam
sinceramente que Jesus não os condenasse a esse estado de insulamento, que, por
assim dizer, mata moralmente o Espírito culpado, MAS COM O FIM DE O
MELHORAR, LEVANDO-O AO MAIS COMPLETO ARREPENDIMENTO. O Espírito condenado
às trevas e às angústias do remorso não sai do Espaço, e é no próprio Espaço
que se faz o insulamento, pela vontade do Senhor. O culpado pode ser (e é,
muitas vezes) condenado a uma prisão celular, de que o homem não consegue
formar idéia. Pode ser condenado, por bem dizer, a HABITAR NO TEATRO DE SEUS
CRIMES, como igualmente pode ser constrangido a permanecer num total
insulamento, sem a possibilidade de praticar um ato de sua vontade, nem
movimento algum, sem contato com qualquer outro Espírito, e cercado de espessas
trevas que, sobre a sua organização, isto é, sobre o seu Espírito e o seu
perispírito, produzem o efeito que uma atmosfera pesada e empestada produziria
num homem todo amarrado. Em suma, a expiação é, como sabeis, sempre apropriada
e proporcional aos crimes e faltas cometidos: obedece sempre às condições
necessárias a incutir no culpado o remorso, a lhe despertar a consciência, a
desenvolver nele, cada vez mais, as angústias que o preparam e levam ao
arrependimento. Mas atendei: NENHUM ESPÍRITO É CONDENADO A SERVIR DE
CARRASCO A SEU IRMÃO, POR MAIS CULPADO QUE ESTE SEJA. TODAS AS VISÕES DO
CRIMINOSO SE PRODUZEM PELA AÇÃO DE UMA VONTADE PODEROSA, QUE O CONDENA A VER O
QUE DEVIA TER DIANTE DOS OLHOS, ATÉ AO INSTANTE DO ARREPENDIMENTO. É um
efeito de combinação de fluidos, resultante do magnetismo espiritual, da qual
ficareis inteirados quando houverdes avançado bastante, para dar começo ao
trabalho que queremos que seja feito pelo médium sobre os fluidos e suas
propriedades. Ainda que pouco desenvolvido e precisando muito desenvolver-se, o
progresso já realizado pelo magnetismo humano vos permite fazer idéia do que é
capaz de conseguir A VONTADE PODEROSA DO ESPÍRITO SUPERIOR, NO TOCANTE AOS
EFEITOS FLUÍDICOS. Como todos sabeis, o magnetizador pode – por ato de sua
vontade e pela ação dos fluidos magnéticos – atuar sobre o seu paciente,
achando-se este no estado sonambúlico, de maneira a lhe dar, do que não passa
de mera ficção, A IMPRESÃO DE UM FATO REAL, e faze-lo acreditar e ver o
que queira que ele veja e acredite, MESMO DEPOIS DO DESPERTAR. Assim,
deveis compreender qual seja o poder do Espírito Superior relativamente às
visões do criminoso e como aquele, com o auxílio do MAGNETISMO ESPIRITUAL,
por ato da sua poderosa vontade, tirando das combinações fluídicas os desejados
efeitos, consiga produzir tais visões, A FIM DE QUE O CULPADO VEJA O QUE
ESTÁ CONDENADO A VER E TENHA, DO QUE NÃO PASSA DE FICÇÃO, A IMPRESSÃO DA
REALIDADE.
 
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